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Jornal Olho nu - edição N°37 - outubro de 2003
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Jornal Olho nu - edição N°38 - novembro de 2003

Anuncia nesta edição: Corpos Nus

  O GOZO NO NATURISMO

por Regina Célia* e Paulo Sérgio Werneck**

Difícil explicar um sentimento! Sim, porque o que sentimos quando estamos nus é liberdade, euforia, leveza e o gozo da aprovação coletiva sem preocupação com censura ou temor da lei, o que, na psique, quer dizer redução das tensões!

Sentimos com delíquio o sol e a água em todo o nosso corpo, sem nada que nos oprima além de nosso limite natural: a pele!

Os críticos e inimigos de nossa prática tentam reduzir nosso prazer ao jogo perverso do ver e ser visto ou do exibir-se para seduzir ou chocar os outros, mas nós naturistas sabemos que não é disto que se trata!

Estes são gozos parciais, ritualizados, aprisionadores, que reduzem a sexualidade a uma especialização que não existe entre nós, pois que vemos nossos companheiros e por eles somos vistos em nossas inteirezas, e juntos partilhamos a natureza, em seus encantos e benesses, recriando o teatro infantil imaginário do Éden!

Nossas relações têm a complexidade da genitalidade psíquica superando as parcialidades para incluir o acolhimento, o companheirismo, a cordialidade e a alegria mútua que conduzem ao afeiçoamento que institui as melhores relações de vizinhança e proximidade, e, freqüentemente, a profícuas e duradouras amizades.

Rotular-nos de pervertidos constitui grosseira injustiça e desconhecimento do que são o voyerismo, o exibicionismo, a pedofilia, o fetichismo e outras verdadeiras perversões que se caracterizam pela monotonia e pelo prazer puramente sexual, ao qual nossa atividade naturista transcende, já que perseguimos verdadeiras relações de objeto total nas quais cabe perfeitamente o prazer estético de ver os corpos nus dos demais naturistas como comparativamente vemos alguém elegantemente vestido e apresentado, e nos gratificamos com isto!

Melhor explicando: o gozo do perverso está na zona erógena envolvida, por exemplo, o olho, ou na surpresa do outro que se vê diante do exibicionista ou na encenação do fetiche, ou na violência – dominação – submissão (no caso sadomasoquista.

Tratam-se de parcerias a mais das vezes impostas e clandestinas, em que o objeto da perversão é visto apenas como meio de consecução de gozo parcial, transitório, repetitivo e exclusivo.

No naturismo, ao contrário, o olhar flui como reconhecimento do companheiro ou companheira, havendo a natural fruição de ver um igual, alguém a quem estamos identificados por um mesmo prazer, e a quem devemos respeito e solidariedade dentro da ética fixada pelo grupo.

Não se vai a um clube, praia ou local naturista com objetivo de se excitar ou seduzir o outro! Vai-se para fruir com plena naturalidade e liberdade a companhia dos outros dentro dos limites estabelecidos em comum, e que vedam o assédio e as relações sexuais em público, no que nos diferenciamos dos hedonistas, assim possibilitando que convivam conosco nossos filhos e netos e demais familiares dentro do mesmo ideal, em uma atmosfera isenta das paixões e riscos gerados pela promiscuidade e licenciosidade.

“Honi y soit qui mal y pense!”***

*Pedagoga ** Médico e psicanalista
dasimattos@ig.com.br

*** Leia no último quadro desta página uma curiosidade a respeito desta frase

OS NATURAIS

por Carlos de Paiva*

Creio ser relevante separar, o que em nosso uso diário costumamos usar como tendo o mesmo significado, as palavras normal, natural e comum. Normal é aquilo que é habitual dentro das normas de uma determinada cultura. Natural, é o que é produzido pela natureza e não há nenhuma ou mínima intervenção humana; visto que faz parte de nossa natureza interferir no meio em que nos cerca. O problema reside no quê, no como, no onde e na intensidade no que se interfere. E comum, que é aquilo que todos fazem igual, é geral ou pertence a maioria. 

Assim definidos, normal e natural são coisas distintas e poucas vezes os temos encontrados juntos na história de nossas civilizações. É notório o conflito entre a natureza e as várias culturas humanas através dos tempos. Isto se manifesta de diferentes formas: dos danos causados ao nosso planeta, a sintomas indesejáveis físicos e psicológicos no homem. Este desacordo de nossas sociedades com as leis naturais, tem tido na política, na religião e na educação, seus maiores aliados. Utilizam-se de todos os meios e ferramentas para manipular e camuflar o que nos é genuíno e natural. O princípio da realidade é manipulado de acordo aos interesses e, o Eu, acaba por se enfraquecer quando se restringe a autodeterminação pessoal e o bloqueio a livre expressão.

No cinema isto pode ser ilustrado pelo excelente Matrix, que em "o despertar de Neo"; primeiro da trilogia, mostra ricas cenas de conscientização do protagonista em sua luta contra Matrix (o sistema).

Concluindo, suponho que uma pedagogia libertária e natural torna-se cada vez mais necessária, afim de recuperarmos os elementos naturais e espontâneos de nosso ser a favor da vida; tendo em vista às várias forças contrárias existentes em nossa sociedade.

*Psicólogo, São Paulo
carlos.de.paiva@itelefonica.com.br

***Encontra-se em exposição no Museu Imperial de Petrópolis um traje completo, embora nunca tenha usado, que pertenceu a D. Pedro II, enquanto membro da Ordem da Jarreteira, a qual passou a integrar em 1871, por concessão da Rainha Vitória. A Ordem da Jarreteira foi criada em 1348, pelo Rei da Inglaterra, Eduardo III, logo após curioso incidente. Ao dançar com a Condessa de Salisbury, sua amante, esta deixou cair a jarreteira, uma liga de prender meias. Ao devolvê-la a sua dona, percebeu que os cortesãos manifestavam risos maliciosos e reagiu com a frase: "Honi soit qui mal y pense" (vergonha para quem puser nisto malícia). O traje apresenta, além da veste, manto, luvas e chapéu, a própria jarreteira usada na perna esquerda , em veludo azul, coma famosa frase bordada a ouro.

enviado por Cláudio Lacerda Guerra

museolog2001@ig.com.br 


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