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Jornal Olho nu - edição N°56 - maio de 2005
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Jornal Olho nu - edição N°56 - maio de 2005 - Ano V

Sobre amigos, brincos e generais

por Edgard de Oliveira*

Para quem observa de fora, o naturismo parece peculiar. E de fato é, mas não segundo os conceitos de quem só pratica quando toma banho. O 2º Encontro Nacional de Jovens Naturistas influenciou diferentes profissionais e lhes conferiu um poderoso algo a mais no Dia do Trabalho.

foto: Edgard de Oliveira

Gladson entusiasmou-se com o evento porque fez muitos amigos

O programador de computador Gladson Ahern, 33, sentia-se deprimido e solitário antes do evento. “Estava sem amigos”, recorda. “Eu tinha dificuldades, mas quando cheguei aqui fiz mais de vinte amigos, todos me aceitaram. Só alegria, nada de besteira, sexo. A união do grupo é sensacional”.

Um psiquiatra ressaltou a quebra de preconceitos proporcionada pela filosofia. B.G., 35, sentiu o que denomina “desconstrução”. “Sempre usamos roupa em todos os lugares; como que seria a vida sem ela?”. Ele desvendou o enigma ao lado da esposa.

I.B., 39, é professora de História. “A primeira sensação é de liberdade. Há também a aceitação de quem você é, como você está. A questão do físico passa pelo interior. Para você tirar a roupa, você dispõe de uma imagem que você vende. Pelada não vende imagem nenhuma, está inteira”, explica ela.

O detalhe mais gracioso brilha nos lóbulos. “Eu não costumo sair sem brincos, falo que se sair sem pareço estar sem roupa; agora estou sem roupa mas com o brinco!”, ri. “Você está sem roupa, você é você. E por incrível que pareça, não sinto aqui nenhum tipo de apelo sexual, Nada. É seu corpo, harmonia, sensação de liberdade”.

E quem leciona sobre os grandes passos da humanidade não poderia deixar de arriscar os seus na festa Nude 80’s, mas sem se preocupar com figurinos a la “Dirty Dancing”, “Footlose” ou “Rainha da Sucata”: “Eu nunca tinha dançado nua. Foi uma experiência muito legal, porque acho que dançar tem a ver com mexer com o corpo e a roupa sempre incomoda”.

“Ela falou uma coisa que achei interessante”, diz o marido. “Que se sente mais respeitada aqui do que em um lugar normal, com roupa”. A professora confirma: “De repente estava todo mundo dançando nú, e em nenhum momento, mesmo quando ele se ausentou, tive insegurança”.

O casal possui uma filha de dois anos. A professora tem ainda um filho de 23 anos e uma filha de 16, esta menos receosa que o rapaz quanto à prática.

Um dos destaques do 2º Encontro, alvo de inúmeras questões curiosas devido à forte hierarquia que caracteriza sua profissão, M., 23, é militar das Forças Armadas. Já visitou a Praia do Pinho, "em Santa Catarina", mas queria conhecer clubes. “Comprovei que é um ambiente muito bom, percebi muita cultura, o intelectual elevado, pessoas diferentes daquelas que pensam só rolar sexo, orgia, troca de casais”, confirma. “É uma sensação única, todos deveriam ter este momento”.

Segundo ele, a imagem do militar é rígida – “Ela passa a situação de cobrança, pressão, disciplina, hierarquia, respeito, patriotismo, etc” -, mas é possível se desprender dessa realidade. “Dá para conciliar. Não cometo um crime aqui, de jeito algum. Todos têm uma vida social, não estamos na ditadura, precisamos apenas de discernimento, respeito e bom senso. Você não pode deixar que o seu lado militar venha pra cá. Pode ser que atrapalhe alguma coisa”.

Futuro

foto: André Herdy

Thiago Motta em foto na praia do Abricó durante a realização do 1º Encontro Nacional dos naturistas da Ynai

Thiago Motta, representante da Ynai-Brasil e do Sampanat (Naturistas da Grande São Paulo) também destaca a Internet no processo de desinibição. “Ela coloca jovens do Brasil inteiro "em contato. Outro"em contato. Outro grande diferencial é a preocupação de as áreas naturistas terem mais público”, constata. “O grande empecilho era a entrada dos solteiros. Outro grande problema é o medo da mulher jovem, pela cobrança e educação repressora. Já vi acontecer de o homem ser naturista e se afastar em função de a namorada não gostar ou aceitar”.

Foram integrantes do Sampanat que iniciaram o grupo Jovens Naturistas (http://br.groups.yahoo.com/group/Jovens_Naturistas), referência para a faixa etária entre 16 e 26 anos na rede mundial. “Agora, com a Ynai, é um dos grupos virtuais de maior freqüência no Brasil”, destaca Motta.

*Edgard é jornalista e naturista associado ao Ynai

reportered@pop.com.br 

Leia também NATEntrevistas, onde dois naturistas estrangeiros representaram a ala internacional do grupo, NATDepoimento, onde um jovem naturista faz o relato da experiência que foi participar do Encontro e NATEspecial, onde você ficará sabendo detalhes do 2º Encontro dos jovens naturistas.


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