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Jornal Olho nu - edição N°50 - novembro de 2004
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Jornal Olho nu - edição N°50 - novembro de 2004 - Ano V

Mídia isenta

Por Pedro Ribeiro*

foto: Cláudio Guerra

Apesar de todas as informações a respeito da ética naturista nem todos os freqüentadores dessas áreas tem comportamento adequado.

Uma mensagem eletrônica enviada ao jornal OLHO NU, ao site Pelados e ao site Naturis, por um casal, que foi a uma praia naturista no sul do Brasil, relatando ter se deparado com cenas constrangedoras de cunho sexual no terreno que a envolve, se sentiu desprotegido ao pedir providências para sanar o problema a um pressuposto responsável pelo local, que alegou nada poder fazer, provocou grande polêmica entre os leitores do OLHO NU, merecendo respostas e contestações. Dessas mensagens, a que mais chamou a atenção foi uma criticando a postura do jornal em publicar mensagens com denúncias da ocorrência de fatos desagradáveis em locais naturistas. (leia todas as mensagens recebidas em Cartas dos Leitores).

Este é o tema deste artigo. Deve haver censura prévia às mensagens enviadas pelos leitores ?

O argumento favorável à censura é de que este tipo de denúncia pode abalar a credibilidade do naturismo perante à sociedade em geral. Pode também fazer com que pessoas que planejam fazer sua estréia no naturismo, mas que ainda não se sentem firmes neste propósito, se sintam ameaçadas e desistam de vez. Outro argumento é que o local em questão é que pode ter sua credibilidade abalada, levando um trabalho sério a ser destruído.

Os argumentos são válidos, na minha opinião. Eu mesmo que dirijo uma área naturista de freqüência pública, isto é, uma praia, já senti (e sinto) na pele os efeitos de uma denúncia. A praia do Abricó, vez por outra, sabe de denúncias através de outros meios que não são relatados diretamente à diretoria. Sinto-me constrangido e impotente por não conseguir solucionar ou antever o problema.

foto: Jorge Barreto

Quem vai a um local naturista quer encontrar tranqüilidade para a prática nudista.

Meu maior medo é que as denúncias "vazem" para os meios de comunicação tradicionais e que a praia seja mal vista pela sociedade em geral.

Um caso ocorrido há alguns meses é exemplar. Uma jovem, na sua primeira vez que foi à praia do Abricó se sentiu ameaçada com atitudes inconvenientes de cunho sexual de diversos homens que estavam próximos a ela. Constrangida ela se retirou da praia, mas não denunciou o fato à direção da associação. No entanto, relatou a história na comunidade virtual da qual participa, no ORKUT, causando grande debate. Outro integrante da mesma comunidade e radialista, resolveu levar os fatos para a emissora na qual trabalha, transformando o que era antes de alcance restrito em público. 

Toda a repercussão me deixou extremamente preocupado com as possíveis conseqüências, ainda mais porque a praia do Abricó continua sob processo judicial. Fui convidado para uma entrevista na tal emissora, onde eu e ela, pudemos esclarecer os fatos e mostrar a limitação da associação. O lado positivo é que ao tornar público através de um veículo de comunicação de massa, ficou menos difícil reivindicar maior policiamento para o local.

Não obstante os "perigos" das denúncias, contra a censura prévia delas há vários argumentos. O jornal OLHO  NU, o Pelados e a Naturis, são publicações direcionadas ao público naturista e não tem o alcance, por exemplo, de um jornal O Globo ou Folha de São Paulo. Então não é muito melhor que elas ocorram primeiramente e justamente neste nosso espaço ? Afinal não é este nosso fórum de discussões ? Será que o objetivo de nossas páginas especializadas é apenas o de mostrar fotos de gente nua, em situações de confraternização e alegria ?

Nenhum movimento social é feito apenas de ótimos momentos. O nosso não é exceção. O jornal OLHO NU não se furta em mostrar esses momentos fantásticos acontecendo, divulgá-los e estimulá-los. No entanto, acho que tenho o dever de mostrar e dar a palavra àqueles que se sentem frustrados com ele.

Não temos a mínima estrutura jornalística em checar cada uma das denúncias antes de publicá-las. Como também não temos a mesma estrutura para checar se elogios são verdadeiros. 

A divulgação de fotos que demonstram a confraternização natural entre freqüentadores de uma praia naturista é sempre vista com bons olhos. (Praia Olho de Boi, Búzios, RJ)

Acho o debate saudável, mesmo que haja feridos, pois feridas se curam. O objetivo é fazer com que o naturismo cresça e se estabeleça cada vez mais em nosso país, porém de maneira honesta e não fantasiosa, divulgando as frustrações e as alegrias que esse nosso estilo de vida, que se confunde com movimento social e político, traz para todos nós, naturistas de carteirinha.

No meu entender sobre a mídia, acredito que ela deveria ser o mais isenta quanto possível, mesmo a especializada como os meios já citados. Acredito que isto dá maior credibilidade, tanto aos nossos meios de divulgação do naturismo quanto ao próprio movimento, se souber aproveitar as críticas para esclarecer a opinião pública.

*editor do jornal OLHONU

pedroribeiro@jornalolhonu.com 


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