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Jornal Olho nu - edição N°50 - novembro de 2004
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Jornal Olho nu - edição N°50 - novembro de 2004 - Ano V

UM NATURISMO MAIS NATURAL

Por Douglas Andrade*

Sou um modesto apreciador das coisas naturais: meio ambiente, ecologia, flores, andar nu, animais, alimentação mais saudável, respeito às minorias, etc...

Dentre os vários assuntos que me interessam, um é o naturismo. Pratico o naturismo há quase 20 anos, muito embora nunca tenha participado como militante do movimento. Há alguns anos deixei de freqüentar clubes e associações naturistas, pois fui percebendo que as pessoas que dirigiam essas entidades, com o apoio da maioria dos freqüentadores, foram se tornando grupos elitistas, discriminadores e preconceituosos.

Como exemplo vou citar um fato que aconteceu como minha esposa em 1996 no Rincão Naturista, que para muitos pode parecer sem importância, mas que para mim, naquele momento foi muito chato. Numa bela manhã, por volta de 7 horas, minha esposa foi fazer um Cooper pelas estradas da fazenda. Vestiu uma roupa de ginástica, dessas coladas ao corpo, para se proteger melhor durante a corrida. O dono do Rincão veio nos chamar a atenção, dizendo que minha esposa estava transgredindo as regras do clube ao correr vestida. A partir daquele dia nunca mais voltamos ao Rincão, pois achamos que tudo tem um limite. Um clube naturista pode exigir que seus freqüentadores fiquem nus, mas não pode exigir a nudez o tempo todo independentemente do que estejam fazendo. Foi muito constrangedor levar aquele pito, pois estávamos hospedados no Rincão há alguns dias e sempre cumprindo todas as normas.

Praia da Galheta - Florianópolis - SC

Daí em diante, fomos muito poucas vezes a locais naturistas organizados. Preferimos fazer nudismo em locais desertos ou praias como a Olho de Boi, que, apesar de não ter normas oficiais, todas as vezes que estivemos ali nunca presenciamos nenhum problema de comportamento, e se teve, os próprios freqüentadores resolveram.

Outra coisa que sempre percebi nos meios naturistas é que as normas do naturismo nunca são, realmente, seguidas: pessoas que fumam em qualquer lugar; pessoas que sujam os ambientes; pessoas que fazem muito barulho; churrascadas regadas a bebidas, que mais parecem comemoração de torcida organizada.

A maior parte dos “naturistas” são, na verdade, pessoas que gostam de ficar (e ver as outras) peladas, sem se preocuparem muito com os preceitos naturistas e naturalistas. Creio que o verdadeiro naturista precisa ser - pelo menos no que concerne à ecologia, meio ambiente e convívio social - um naturalista. Agora, o que ele faz com seu próprio corpo é problema somente dele.

O Pedro Ribeiro, do Jornal Olho Nu, está coberto de razão quando diz que as associações e clubes naturistas precisam fazer concessões para evitar que consigam obrigá-los a isso. Principalmente numa praia onde a Lei dá acesso livre a todos, não se pode proibir o ir e vir das pessoas, acompanhadas ou não. Agora, o comportamento destas pessoas tem que ser observado, e conforme o ato, tem que ser reprimido. Numa praia convencional, praticar atos obscenos, molestar sexualmente outras pessoas é crime. Numa praia naturista também. É aí que as associações têm que pegar o gancho e agir na repressão destes atos.

Não se pode também exigir que as pessoas, naturistas ou não, hajam na repressão de atos obcenos ou atos que atentem contra o convívio numa praia ou clube. Quando vamos a um show ou a qualquer evento organizado por alguma entidade, espera-se que esta entidade dê segurança às pessoas que estão ali. Numa praia naturista que tenha uma associação cuidando dela, ou em um sítio naturista, espera-se que estas instituições dêm ao visitante esta mesma segurança. Então, não é um turista naturista que tem que ir brigar com as pessoas que estão fazendo sexo em público.

Sabemos que toda a ação tem um custo. É preciso investir na segurança das praias ou clubes com pessoas capacitadas para exercer funções de guardas, orientadores e mediadores. Como conseguir dinheiro para custear mudanças estruturais? Bem, isso vai depender da competência administrativa de cada entidade e também da vontade de se resolver os problemas. Eu acredito que somente a criatividade e a busca de pessoas criativas para cada função numa diretoria é que pode fazer o sucesso de uma administração. Acho que tem muita gente que cria uma associação apenas para facilitar o seu convívio naturista. Ser membro de uma associação naturista não é apenas chegar nos finais de semana, colocar um bonezinho com o logotipo da associação e ficar de braço cruzado, olhando de um lado pro outro, observando as mulheres que passam. Eu já vi, muito, isso acontecer com antigos dirigentes da antiga RioNat. E já vi, também, na AAPP.

Um outro exemplo de não se aproveitar bem o se tem nas mãos: a FBrN colocou um “sitezinho” na Internet. Ora, uma Federação Brasileira de Naturismo não pode ter um “sitezinho” na Internet. Precisa ter um baita Site, com muitas informações, dicas que ajudem as pessoas, notícias, jogos, artigos. Tem que ser um ponto de apoio aos naturistas e aqueles que querem ser naturistas. Eu mesmo, já enviei 3 ou 4 e-mails sobre assuntos diferentes à FBrN e nunca tive uma resposta sequer. Nem aquelas respostas de sistema que dizem: “recebemos seu e-mail, em breve responderemos”. O correto seria a FBrN construir um Portal Naturista, que sirva melhor aos internautas naturistas que o site “Pelados”, por exemplo. E com uma vantagem: sem cobrar os R$ 15,00 que o “Pelados” cobra até para se ler um artigo. Creio que um site oficial deve dar informações gratuitamente.

Aí vem aquela pergunta: como arrumar dinheiro para se dirigir uma Federação? Ora, quem arruma dinheiro pra ir à Europa  tem a obrigação de arrumar dinheiro para se fazer uma boa administração num órgão tão importante. Quando se têm milhares de pessoas que, de um jeito ou de outro, estão ligadas à sua organização, tem que se saber tirar proveito disso e com criatividade conseguir os recursos necessários para se fazer um trabalho que realmente dê resultados positivos para o movimento.

Foto: Club Orient

Dinheiro para fazer turismo nos congressos naturistas internacionais, a maioria dos dirigentes da FBrN sempre conseguiu. E na prática, essas idas a congressos internacionais não deram resultado algum, pois há praticamente 20 anos se participa desses congressos, se faz congressos nacionais e os problemas continuam os mesmos. Basta olhar as edições anteriores do Jornal Olho Nu que desde o primeiro número as dúvidas, os questionamentos, as brigas, tudo se repete.

O naturismo precisa ser mais natural, mais simples, sem este carrilhão de comportamentos desencontrados, em que um naturista do Rio de Janeiro se sente discriminado por uma associação da Paraíba, outro naturista reclama de certas atitudes na Praia do Pinho. O naturismo tem que estar aberto para todos. E todos que vão até o naturismo têm que respeitar as regras pré-estabelecidas. Àqueles que não respeitam, que se exerça o poder de “polícia” que associações e clubes têm o direito e o dever de exercer, até para defender uma liberdade, tão necessária em qualquer meio social.

Neste momento estou tentando fazer contatos com naturistas que residam na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, para que possamos formar um grupo e, quem sabe, criar uma associação desta região, que procure agir dentro de um clima mais ameno, mais democrático, mais alegre e menos preconceituoso, mas preservando e defendendo, sempre, a integridade moral e física das pessoas. Quem mora nesta região (Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e outras cidades da serra fluminense), que seja ou tem vontade de ser naturista ou simplesmente nudista, entre em contato com a gente pelo e-mail naturismonaserra@ig.com.br , informando nome, cidade onde mora, se já tem ou não experiências naturistas, se tiver, quais e o que pretende com o contato.

Que a naturalidade e a simplicidade tome conta do naturismo brasileiro

*Designer Gráfico

douglasandradeamaral@ig.com.br 


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