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     O jornal Correio Brazilienze em sua edição de 20 de dezembro de 2002 publicou mais uma matéria sobre Naturismo. Desta vez enfocando-o de maneira geral

Nus e felizes

‘‘Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor gesto de cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como quando mostram o rosto”

Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Cabral, na carta ao rei de Portugal, à época do descobrimento do Brasil, em 1500

Por Mayla Largura
Da equipe do Correio

Foto de Nehil Hamilton (18/12/99)

    Dia de sol, praia deserta. Na areia, só você e a vontade de curtir a natureza. Daí, adeus biquíni! Hasta luego, sunga! E voilà! O freguês — ou a freguesa — peladinho, como veio ao mundo. Pois, anote aí. Tanta descontração pode render ao incauto acusação de atentado ao pudor e entre três meses e um ano de xilindró. A pena está prevista no artigo 233, do Código Penal e data de 1940. Mas existe hoje em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei, de autoria do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), que prevê a criação no país de ‘‘espaços naturistas’’, onde os pelados poderiam circular à vontade, sem correr o risco de terem problemas com a Justiça.

       Além de aplacar complexos, o naturismo pode ter efeitos bem mais práticos, inclusive para a economia do país.

Quando o projeto de lei de Gabeira for sancionado pelo presidente da República, a criação de novas áreas públicas de naturismo poderá incrementar o turismo e trazer divisas para o país.

     ‘‘Esse é um nicho de mercado que merece ser melhor explorado’’, explica Fernando Gabeira. ‘‘O alvo são principalmente os turistas europeus, que não podem, em seu país, desfrutar de áreas naturistas o ano todo. Como eles em geral respeitam o meio ambiente e têm alto poder aquisitivo, só ganharemos ao atraí-los para o Brasil’’, calcula.

      Os naturistas só têm a comemorar. ‘‘É a primeira vez em que o Estado dá um caráter oficial à matéria’’, argumenta Celso Rossi, um dos militantes pioneiros do naturismo no Brasil, que já até deu palestras sobre o assunto para parlamentares.

     Celso carrega a bandeira dos pelados há mais de 15 anos. Seu currículo é de peso: foi um dos fundadores da Associação dos Amigos da Praia do Pinho, em Santa Catarina — o primeiro recanto naturista oficial do Brasil. Hoje, Rossi é empresário e está à frente do clube naturista Colina do Sol, uma espécie de comunidade, que vive nua e sem preconceitos na cidade gaúcha de Taquara.

     O projeto arquitetônico do lugar é diferenciado, e tem apelo ecológico. Aliás, o amor e o respeito à natureza andam de mãos dadas com o naturismo. Essa é uma das características marcantes entre o movimento e o nudismo puro e simples. Os naturistas, além de estarem submetidos a rígidas regras de comportamento, são amantes da natureza. Entre as normas, estão a proibição de causar dano à flora e à fauna e o repúdio total a atos libidinosos em público (leia sobre as normas éticas do naturismo no quadro).

      ‘‘O que estraga são as pessoas de fora, que vão até os recantos naturistas só para ver as pessoas nuas’’, rejeita a empresária Catarina Nunes, 27 anos, que já foi à praia de Tambaba (PB) três vezes com o namorado. ‘‘A sensação de estar nua é maravilhosa. Só de não ter que ficar me preocupando com o biquíni, puxando daqui e dali, faz muita diferença’’, comenta.

      Na maior parte dos clubes naturistas, há lugares específicos para famílias e outros para solteiros. ‘‘Homens sozinhos geralmente tendem a criar problemas’’, explica Maria Luzia Almeida, presidente da Federação Brasileira de Naturismo. ‘‘As mulheres são menos transgressoras.’’

      Esse aparente preconceito em relação aos homens é um dos grande problemas a serem resolvidos dentro dos espaços naturistas. ‘‘Eles ficam segregados, a princípio, mas a partir do momento em que conquistam a confiança do grupo, podem se misturar’’, explica Luzia, que freqüenta com seu marido a praia de Barra Seca, a cerca de três horas de Vitória (ES).

      Mas o que leva uma pessoa a tirar a roupa em grupo? A resposta mais comum entre os naturistas é a sensação de liberdade, uma quase volta à infância. As pessoas se misturam com mais facilidade, tornam-se mais abertas, a convivência fica mais fácil e as diferenças sociais — que geralmente são tão evidenciadas pelo figurino — somem quase imediatamente.

      Profissionais tentam explicar essa ‘‘volta à infância’’. Para o psicanalista naturista Paulo Sérgio Werneck, o bem estar de andar nu é notado em todas as crianças. Mas essa naturalidade é aplacada pelo preconceito dos pais. Para agradá-los, a criança passa a vivenciar e aplicar conceitos como o pudor, que traz a insegurança com o próprio corpo. Mas, o desejo de estar nu continua latente, em cada adulto.

      E, para a surpresa geral, quem pensa que gorduchos, baixinhas, peitudas e complexados com o corpo em geral não freqüentam praias e clubes naturistas está redondamente enganado. Celulites, estrias e gorduras localizadas são quase imediatamente esquecidas, quando se dá de cara com as celulites, estrias e gorduras localizadas dos outros. ‘‘A curiosidade sobre o corpo do outro desaparece em dois minutos’’, contabiliza Celso.

     Talvez por ficarem tão em pé de igualdade, as pessoas que mais têm dificuldade em tirar a roupa são as mulheres que têm o corpo mais perto do que se estabeleceu chamar de perfeito. ‘‘Elas têm receio de deixar transparecer os defeitos, e assim, terem sua imagem arranhada’’, explica Rossi.

Serviço
Em Brasília também existe um espaço naturista. É o Planat — Clube Naturista do Planalto Central.

Contatos: 352-1987 / 9986-3183 / 9982-6697 ou pelo e-mail planat@planat.org.br

Principais condutas éticas do Naturismo:

·  Adotar integralmente a nudez no recinto naturista;

·  Usar toalhas e similares nos assentos de caráter público;

·  Estimular, através da discrição, respeito e amabilidade, que visitantes ainda não adeptos do Naturismo sintam-se à vontade para iniciar-se nessa prática;

·  Prestar auxílio, sempre que possível e solicitado por outro naturista;

· Receber com simpatia e aceitação qualquer tentativa respeitosa de aproximação, para travar conhecimento de quem assim o deseje;

·  Respeitar os espaços e/ou privacidade desejados por outros naturistas nas áreas citadas.

Atitudes que ferem a ética naturista:

·  Circular no recinto naturista usando roupa. É permitido somente o uso de bonés, chapéus, óculos e sandálias;

·  Agir de maneira desrespeitosa e/ou agressiva com quem quer que seja, em qualquer situação;

·  Praticar atos de caráter sexual ou obscenos;

·  Fotografar gravar ou filmar qualquer indivíduo ou grupo, sem permissão destes e do Conselho Diretor;

·  Constranger outros naturistas com gestos, palavras ou atitudes que tenham conotação sexual;

·  Praticar jogos ou outras atividades em locais que possam interferir na tranqüilidade;

·  Utilizar instrumentos sonoros que possam interferir na tranqüilidade alheia;

·  Satisfazer necessidades fisiológicas em locais ou condições inapropriadas;

·  Exceder-se no uso de bebidas;

·  Portar e/ou usar drogas;

·  Deixar lixo fora dos locais apropriados;

·  Praticar jogos de azar;

·  Portar e/ou usar armas brancas ou de fogo no recinto naturista;

·  Chegar ao recinto naturista desacompanhado (salvo os casos autorizados).

  Colaboração de André Luiz A. de C. e Souza

andre@unb.br

Editorial e Índice

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