Jornal Olho nu - edição N°55 - abril de 2005
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Jornal Olho nu - edição N°55 - abril de 2005 - Ano V

Maria Luzia de Almeida, naturista "de carteirinha" há muitos anos, ex-presidente da Federação Brasileira de Naturismo, enviou cópia de carta ao OLHO NU, enviada originalmente para um amigo) relatando sua experiência numa palestra em uma faculdade de Vitória, no Espírito Santo.

Experiência acadêmica

por Maria Luzia de Almeida*

Bom dia, Ivan (como lhe prometi, vou contar a experiência que vivi ontem)

Gente, só posso começar dizendo que foi ESPLÊNDIDO! o que vivenciei ontem (16 de março), em dois horários, pela manhã e à noite: dei duas palestras, no auditório, para mais de 300 (TREZENTOS) jovens, estudantes do curso de comunicação e jornalismo da FAESA, no campus universitário.

Uma amiga de meu filho é estudante desse curso e me convidou para falar um "pouco" sobre o Naturismo. Não sabia que seria para tanta gente, ou melhor, para tantos jovens. Eles estão levando vários segmentos da sociedade para falarem de seus projetos.

Somente quando cheguei foi que percebi a extensão do evento, que pretendia abordar a "importância do Naturismo dentro da sociedade e qual sua função social". Porém antes de mim se apresentou um grupo de 10 pessoas (9 homens e "apenas" 1 mulher), representantes de vários grupos de Hip-Hop. Eles mostraram que o Rap não é apenas música de contestação porque eles passam informações somente positivas para os jovens, além de fazerem resgates sociais tirando-os da marginalidade e trazendo-os para a vida. Mostraram os diversos projetos que fazem nas comunidades, em presídios, inserindo na vida desses jovens o esporte, a música, a dança, o grafitismo, etc. Posso lhes garantir que foi lindo e, acredito, eles conseguiram mudar o conceito que fazemos dessa turma. Foi muito legal! Até dancei Rap com eles no final.

Quando chegou a minha vez e me apresentaram (acho que só tremi um pouquinho), percebi que falar somente sobre o bem-estar da nudez ou do quanto representamos para o turismo seria pouco ou quase nada. O que mais poderia falar sobre a nossa atuação enquanto agentes transformadores?. Infelizmente, nem projetos preservacionistas temos... Se não achasse rapidamente um gancho, aquela garotada iria me massacrar.

Então comecei parabenizando a turma do Hip-Hop pelo trabalho que desenvolvem e os comparei ao nosso movimento, porque enquanto eles fazem um trabalho social resgatando pessoas na parte mais baixa da pirâmide social e procurando elevá-los, nós fazemos o inverso: fazemos com que as pessoas que estão  na parte mais alta da pirâmide desçam as escadas, desçam dos seus pedestais, vistam as "sandálias da humildade" (vide Pânico na TV) e se dispam de todos os preconceitos, ao constatarem que nus somos todos iguais... Daí para frente rolou solto, falei sobre o movimento naturista no Brasil, das áreas já estabelecidas, de número de freqüentadores no mundo, etc. Falei também dos benefícios que a Barra Seca trouxe para a comunidade local, de nossa interação com eles. Disse-lhes que a comunidade conquistou iluminação pública e telefone (orelhão) através da NaTES, e que passaram a ter outra fonte de renda que não fosse a pesca e a agricultura, porque agora eles são pequenos comerciantes e ganham com o turismo receptivo. E, também, que a comunidade local, que há doze anos atrás era composta de umas 50 famílias, agora já ultrapassa 10 vezes mais em função do Naturismo que incrementou o turismo na região. 

Eles fizeram várias perguntas, e o que é mais me deixou satisfeita foi o interessante da maioria pelo assunto. A turma do Hip-Hop prometeu um Rap na Barra Seca (todos pelados, lógico).

Também informei que, não por acaso, o presidente do Naturismo em nosso estado é um professor-mestre na mesma universidade deles, o Márcio Braga, a quem eles poderiam procurar para mais informações. Foi legal eles descobrirem que somos normais e que estamos em todos os segmentos da sociedade.

No final fui muito abraçada e fiquei muito satisfeita. Uma jovem se apresentou dizendo que ela e seus familiares, que moram em Linhares, já visitarem algumas vezes a Barra Seca, e que ela adora.

Quando cheguei em casa, às 23:00h,  liguei imediatamente para contar ao Márcio (presidente da NATES - Congregação Naturista do Espírito Santo) o acontecimento, que foi uma experiência muito gratificante.

Beijos.

Maria Luzia

*marialuziaegilson@terra.com.br 

 


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