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De Olho na Mídia

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     O mês de agosto foi próspero na citação do Naturismo pelas diversas mídias e, coincidentemente, todas elas ligadas a grupos religiosos. O site oficial da Igreja católica fez uma dissertação na qual mostra os motivos pelos quais não se deve praticar Naturismo; a revista evangélica Eclésia, na sua edição de banca revela que existem muitos naturistas evangélicos, e finalmente uma emissora de rádio, El Shaday, fez um debate entre pastores e ouvintes a respeito do mesmo tema. OLHO NU reproduz na íntegra o artigo do padre e as partes que foram autorizadas a publicação da matéria da revista. Em seguida Estevão Prestes nos deixa saber a matéria enviada a ele pela ALC, uma entidade evangélica ecumênica e que circula em boa parte da América Latina, que apresenta um resumo da matéria da revista Eclésia, e ele faz um comentário rápido sobre o programa de rádio.

A VOZ DO ARCEBISPO

Como a Igreja vê os nudistas

Dom Carlos Alberto E. G. Navarro*

      Cada vez mais, no Brasil e no mundo, fala-se dos direitos de os nudistas terem suas praias, colônias, etc. Autoridades civis, aqui e ali, ora permitem ora proíbem o naturismo. Como a Igreja vê tal problemática? O Apóstolo São João distingue três espécies de cobiça ou concupiscência. A da "carne" tem relação com o 6º mandamento (não pecar contra a castidade) e o 9º (não desejar a mulher do próximo). Ele aprendeu de Jesus, que afirmou: "Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração" (Mt 5,28). Teologicamente, concupiscência é aquele desejo que se opõe aos ditames da razão humana. Para São Paulo é a tensão, a revolta que a "carne" provoca contra o "espírito". Ele não está condenando o corpo, mas fala das obras de quem se submete ou de quem resiste à ação do Espírito Santo. Aliás, entre os frutos do Espírito, ele cita a modéstia, a continência e a castidade (Catecismo da Igreja Católica, CIC, 1830-1832).

     A Bíblia não vê a sexualidade apenas como um fato físico, biológico, mas também como capacidade de relacionamento, de linguagem e de comunicação. O corpo é sexuado, porém é vivido interiormente pelo "sujeito" ou pessoa, que também é espírito. Constatamos experimentalmente que existe uma forte tensão orientando o desejo para o corpo do outro sexo, a fim de encontrar prazer. A pessoa, porém, não se deve deixar reduzir a um mero instrumento. É por tal razão que escondemos com a roupa o que no corpo atrai mais a atenção do instinto. Enquanto isto, mostramos e dirigimos para o outro o olhar e o rosto, pelo qual podemos mais intensamente comunicar a riqueza de nossa interioridade. Assim, antes de tudo, a pessoa procura revelar ao outro e aos outros o seu valor, o seu eu mais verdadeiro. (cf. Catecismo para Adultos da Conferência Episcopal Italiana, nº 1044 - 1045). O pudor e a modéstia são uma defesa espontânea da pessoa que recusa ser vista e tratada como "objeto de prazer", em vez de ser respeitada e amada por "si mesma". (Como estão longe desta verdade muitas das mulheres que hoje, praticamente, se despem para ir às praias!).

     De outro lado, devemos prezar e respeitar a "intimidade". A criança que vê que se respeita sua justa intimidade entenderá que se espera dela a mesma atitude em relação aos outros. Ensinar o pudor a crianças e adolescentes é despertá-los para o respeito à pessoa humana. Infelizmente, diz o Santo Padre, em algumas Nações existe um bombardeamento de mensagens de violência e outras que afetam os princípios morais e tornam impossível uma atmosfera que permita a transmissão de valores dignos da pessoa humana. Os pais, em primeiro lugar, com os responsáveis pelos meios de comunicação e as autoridades públicas, deveriam se unir a fim de que as famílias não sejam abandonadas em setor tão importante da sua missão educativa.

     A pureza se obtém através de luta. E ela exige o pudor, que preserva a intimidade da pessoa. O pudor protege o "mistério" das pessoas e do seu amor. Inspira o modo de vestir. Na relação amorosa, pede que haja a doação e o compromisso definitivo do homem e da mulher entre si (CIC, nºs. 2521 - 2522). Escondemos em nossa "intimidade" o valor de nosso salário, de nossa conta bancária, de outros assuntos materiais de nosso passado e de nossa interioridade. Por que não fazer o mesmo para preservar o mistério de nossa pessoa e do amor matrimonial? Por que não guardar a intimidade de nosso corpo? Será que os nudistas ou naturalistas estão isentos da concupiscência que atinge a todos os mortais? Será que eles e elas costumam despir a sua alma diante de todos e contar todas as suas coisas mais íntimas e seus segredos? Porventura, colocam também "a nu" para todos seus haveres pessoais, até, quando é o caso, na declaração do seu imposto de renda e na contabilidade de sua firma? A pureza de coração exige o pudor, que é modéstia e discrição. É a ela que Jesus se refere ao exclamar: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus" (Mt 5,8).

*Arcebispo Metropolitano de Niterói

Fonte :A Voz do Pastor 16/06/2001

http://www.geocities.com/maediv/Downloads/Semeando/Jun2001.html

NUS COM A MÃO NA BÍBLIA

"O naturismo, quem diria, tem cada vez mais praticantes evangélicos"

por Marcelo santos*

     Não faz muito tempo, os crentes eram reconhecidos pela indumentária ultra-recatada, como longas saias para as mulheres e terno fechado para os homens. A moral evangélica, marcadamente conservadora, sempre vetou a exposição do corpo. A maneira reservada de se vestir até virou marca registrada dos bíblias. Vieram os novos tempos, e com eles, novas práticas. O comportamento dos evangélicos foi mudando tanto que, hoje, já é possível encontrá-los tomando atitudes inimagináveis, algumas vistas como verdadeiras abominações pelas igrejas.

     Mas daí a encontrar crentes peladões por aí, lépidos e fagueiros, foi um salto. E um susto. Mas eles existem, acredite se quiser. São os naturistas evangélicos, gente que gosta de sentir-se bem à vontade, de preferência, sem roupa nenhuma. Eles não têm nenhum constrangimento em deixar expostas partes do corpo que, em algumas traduções bíblicas, são chamadas de vergonhas. E são até capazes de orar, cantar louvores e meditar na Palavra do jeitinho que vieram ao mundo.

    Bizarro e inaceitável até mesmo para grande parte da sociedade em geral, o nudismo causa ainda mais espanto quando praticado por gente que garante ter Jesus no coração - e nada sobre a pele. Mesmo sabendo que causam escândalo entre a absoluta maioria dos evangélicos, há nudistas crentes que decidiram mesmo vestir - ops, melhor seria dizer despir - a camisa do naturismo. Caso do arquiteto curitibano Estevão Prestes, de 30 anos, que não tem o menor constrangimento de ficar nuzinho em pêlo, não apenas sozinho, como diante de outros que compartilham seu modo para lá de despojado de ser. Ele gosta de ler a Bíblia sentindo o vento no rosto, no peito e em algo mais, e encontra até justificativa escriturística para a o que faz: "Na epístola de Tito, lemos que todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis", alega.

     Adepto ao naturismo desde 1999, quando foi convidado por um casal de amigos, Estevão diz que sentiu certo remorso nas primeiras vezes e chegou a questionar-se sobre o que fazia, sendo crente, ali. Embora a Bíblia afirme que tudo aquilo que não provém de fé seja pecado, Estevão foi ficando, até que um dia teve um estalo, tipo o "penso, logo existo", de Descartes. "Deus, que é onisciente, sabe como eu sou, me sonda e me conhece. Ele sabe dos propósitos do meu coração." Desde então, o rapaz acabou assumindo sua conduta num balneário nudista de Santa Catarina. Ele chega a ser poético ao lembrar do episódio: "Ali, sobre as pedras da Praia do Pinho, eu me abri para o abraço do Eterno. Hoje, prefiro orar despido".

     A opção acabou custando-lhe a expulsão da Igreja do Evangelho Quadrangular, da qual era membro. "Fui chamado ao Conselho e comparado aos demônios. Disseram que eu não era convertido e daí para baixo." Mas ele faz questão de defender sua posição como evangélico nudista, e é categórico: "Todo naturista sabe que a malícia não está na pele à mostra, mas na mente de quem vê".

     Por mais esdrúxulo que seja o naturismo praticado por crentes, já há até points especializados em recebê-los. Pois é o que o visitante encontra na Praia de Tambaba, em João Pessoa (PB), com suas águas mornas e sol quase o ano inteiro. Ali, a mistura entre nudismo e fé evangélica é levada a sério. É que os dirigentes da Sociedade Naturista de Tambaba, a Sonata, entidade que administra a área, são crentes. Gostam de um bom papo sobre as coisas de Deus e apreciam a leitura da Palavra. Só que dispensam um detalhe: a roupa. "Ficar nu não é pecado", recita Ivana Sheila, dirigente da Sonata. Em Tambaba, como é praxe nas áreas destinadas ao nudismo, existem rígidas regras de conduta. Evita-se, por exemplo, o exibicionismo puro e simples e valoriza-se um ambiente familiar, se é que isso é possível em tais circunstâncias. Fotografias, flertes e namoros são proibidos. Segundo Ivana, muitos curiosos chegam na entrada, mas são exortados "Lemos versículos bíblicos para eles e os aconselhamos a não perturbar os outros".

* Articulista da revista Eclésia

BRASIL

Naturismo atrai evangélicos, que até evangelizam em pelo nas praias

    SÂO PAULO, Agosto 27, 2002 (alc). Há até bem pouco tempo, crente de fibra era reconhecido pela maneira de se vestir, ele de terno e gravata, ela de vestido ou saia longa. Além de quebrar outras marcas características, como a aversão à política, à TV e aos produtos de beleza, hoje já é possível encontrar em praias brasileiras crentes adeptos do "naturismo gospel". São os naturistas evangélicos, homens e mulheres, que preferem, no seu tempo de lazer e na orla, passear pela praia assim como vieram ao mundo: pelados.

      "Ficar nu não é pecado", sustenta Ivana Sheila, dirigente da Sonata, a sociedade dos naturistas da praia de Tambaba, em João Pessoa, Paraíba. "Ali, a mistura entre nudismo e fé evangélica é levada a sério", relata o repórter Marcelo Santos, na matéria "Nus com a mão na Bíblia", publicada na revista Eclésia de agosto. Como em todas as praias destinadas ao nudismo, Tambaba segue rígidas normas de conduta.

       Ivana e seu marido, Nelci Rones, nasceram em lares evangélicos e se confessam convertidos. Rones queixa-se do preconceito com que são encarados pelos irmãos. "O naturismo, praticado na sua íntegra, não possui nada que contraria os princípios bíblicos. Nada aqui fere o Senhor, pois tudo é praticado com absoluta ingenuidade e pureza. Só quem tem olhos maldosos consegue ver maldade na nudez", argumenta.

       O arquiteto Estevão Prestes, 30 anos, freqüenta a Praia do Pinho, nas proximidades de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, onde gosta de ler a Bíblia ao sabor do vento e orar totalmente despido. (Nota: na verdade comecei a freqüentar no Pinho, mas hoje vou  mais a Pedras Altas) Ele é adepto do naturismo desde 1999. Pela sua opção, acabou expulso da Igreja do Evangelho Quadrangular, na qual foi comparado aos demônios. Hoje, freqüenta a Igreja Presbiteriana.

       "Todo naturista sabe que a malícia não está na pele que mostra, mas na mente de quem vê", sustenta. O casal César e Valdinéia Moraes, de Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, membro da Igreja Presbiteriana Independente, freqüenta um point naturista, a Estância Ramanat, em Belo Horizonte, na companhia dos

filhos de sete e quatro anos.

       Sempre que pode, o naturista evangélico Carlos Antônio de Morais, ex-membro da Igreja Batista, evangeliza na praia... completamente nu. Ele é conhecido em Tambaba como o pastor do grupo. "As pessoas acham estranho eu falar da Bíblia pelado", relatou ao repórter Marcelo Santos, para lembrar, em seguida, que o primeiro casal da humanidade - Adão e Eva - passeavam nus pelo paraíso e não sentiam vergonha.

       "Não se pode mais voltar ao Éden porque o coração do homem não é mais o mesmo e nunca, até a volta de Jesus, será", retrucou para a "Eclésia" o pastor Ebenézer Ferreira Silva, da Igreja Batista Novo Horizonte, de Linhares, no Espírito Santo. Ele foi um dos que se pronunciou contra a recepção de naturalistas, em 1993, na Praia de Barra Seca, próximo à cidade.

       O naturismo "é totalmente incompatível com a ideologia cristã", define. Também o presidente da Associação de Pastores de Linhares, Jozias Maciel Afonso, condena a prática. "A minha Bíblia diz que o cristão deve se portar com modéstia e decência. As praias de nudismo atentam contra o pudor", assinala. Para ele, houve um crescimento desordenado, sem critérios, do setor evangélico no país, gerando uma crise. Hoje, "ser crente virou moda", lamenta.

       "Nos dias atuais, muitas pessoas têm trazido idéias que não vêm de Deus, inclusive para dentro das igrejas. São tentativas de relativizar a santidade", sentencia o pastor Kenji Kikuchi, líder da Comunidade Cristã da Barra da Tijuca, no Rio. Ele recorre ao apóstolo Paulo - "tudo me é lícito, porém nem tudo me convém" - para deduzir que "o nudismo não convém aos evangélicos".

       Segundo a Federação Brasileira de Naturismo, existem no país seis praias oficiais, reconhecidas por lei, e um número não conhecido de praias não-oficiais, que abrigam os 250 mil naturistas espalhados pelo país. A Federação não sabe precisar, no entanto, o número de naturistas evangélicos existentes.

O RESULTADO DO DEBATE

Por Estevão Prestes*

     Eu não esperava grande coisa, mas até que foi bom. Para variar, os pastores convidados não sabiam nada sobre o assunto e ficavam só divagando, na base do "por que será", "eu acho que..." e por aí a fora. Quando entrei no debate, eles praticamente ficaram sem ação... Claro que houve pouco tempo e não pude aprofundar-me muito no assunto, mas o debate terminou sendo minha a palavra final.

*Evangélico e naturista

onaturista@hotmail.com

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