SEU JORNAL VIRTUAL SOBRE NATURISMO DO BRASIL E DO MUNDO

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     OLHO NU possui este espaço para que seus leitores coloquem suas opiniões a respeito de assuntos que provocam questionamentos nos naturistas. Três leitores resolveram escrever ainda questionando assuntos já abordados em outras edições. Quem quiser participar sobre estes assuntos ou outros que sejam pertinentes ao Naturismo, é só entrar em contato com nosso endereço eletrônico: jornalolhonu@bol.com.br que sua opinião será publicada.

Naturismo e Religião

Por Aguinaldo C. da Silva*

      Naturismo e religião não são coisas incompatíveis, ao contrário do que muitos pensam. O verdadeiro senso do naturismo pode até se tornar em canal para a purificação espiritual e para a correta valorização da criação divina. A Bíblia não condena de forma declarada a prática do nudismo, ela apenas apresenta a idéia ou a reação que as pessoas tiveram em determinadas épocas com relação ao nu.

No início da história humana, lá no jardim do Éden, estar nu era plenamente normal  e aceitável a Deus. Mesmo depois da queda é revelado por algumas passagens bíblicas que Deus não considera o nu como coisa abjeta ou blasfema.  Um exemplo disto está em I Samuel 9:23-24, onde diz que o rei Saul profetizou um dia todo estando nu. O contexto dá a entender que esta prática era comum aos profetas naquele tempo.

Em Isaías 20:2, Deus ordena a seu servo, o profeta Isaías, a andar nu e descalço.

Em Miquéias 1:8, o profeta em protesto a uma determinada situação, promete entre outras coisas, andar nu.

Em Marcos 14:51-52, diz que um dos discípulos de Jesus ao ser perseguido, fugiu nu.

O Apóstolo Pedro não tinha problemas em estar nu diante de seus colegas enquanto pescava no mar da Galiléia (João21:7).

Por aí entendemos que nos tempos bíblicos o nu não era um problema de conduta moral, como é hoje. Foi nos tempos medievais que surgiu as principais idéias que nortearam o conceito atual que relaciona o nu ao obsceno. Inspirado em doutrinas como o Maniqueísmo (doutrina que prega uma concepção dualista do mundo como fusão de espírito e matéria, que representa o bem e o mal), e outras concepções do Neoplatonismo que sustentavam o dualismo entre o corpo e a alma; os pais da igreja criaram a idéia de que as coisas relativas ao corpo, principalmente aquelas concernentes ao sexo, são intrinsecamente más. Nessa época foi que surgiu na igreja a obrigatoriedade do celibato para os clérigos.

Séculos mais tarde a filosofia amadureceu e passou-se a reconhecer a unidade do homem e assim teve início a demolição do muro que separava o corpo do espírito. Mesmo assim ainda persevera de forma geral entre as religiões resquícios de uma era de obscurantismo, opressão e intolerância religiosa.

Cabe agora a nós que vivemos no século XXI, restaurar as verdades que foram distorcidas, solapadas ou interradas no decorrer da história.

Tenho certeza que o movimento naturista no Brasil e no mundo terá êxito sempre, se  for conduzido com organização e maturidade, isto é, sempre aberto ao equilíbrio entre os elementos: homem, natureza e Deus!

Naturalmente,

*Evangélico e naturista

polidoru@terra.com.br

 

Preconceitos no meio naturista

     Olá Pedro,

       Li os comentários de Nelci-Rones Pereira de Souza e de Jacques L. no Olho nu nº 22 a respeito de minha mensagem anterior ao Evandro Gonçalves, e peço desculpas primeiro por estar escrevendo diretamente a você, não a eles, e segundo se esse critério não é o mais apropriado.

     Alguém irá concordar comigo que enquanto o preconceito estiver mostrando sua cara, onde quer que seja (vide Albert Einstein), o assunto será inesgotável, e por isso também peço desculpas se incomodo ao continuar o debate. Como em minha mensagem anterior, afirmo que as demonstrações de preconceito que tenho notado especificamente por parte de naturistas em nada têm a ver com o "ser naturista" ou não. Isto não está na pauta da discussão. Minha preocupação é com o preconceito em si, que lamentavelmente ainda persiste.

       A arte de ler deve ser igualmente apreciada pelo autor ou autora sobre o que ele ou ela escreveu. O Nelci deveria ter esse cuidado. Veja o que ele escreve: "Ser gay, swinger ou maconheiro é opção de cada um. Assim como a opção de ser naturista. E devemos respeitar essas opções". Ainda é preciso esclarecer que ser gay, ou homossexual, não é algo opcional como nos outros grupos. Alguém se torna heterossexual por opção? Este último é algo natural e não questionado por ser tido como "normal". E por isso tem no que foi dito em relação aos gays uma má colocação e evidencia o preconceito, por dar a entender que há, indistintamente, perniciosidade em quem assim o é. Ser homossexual não é desvio de caráter, nem tem qualquer conotação patológica segundo especialistas no assunto. Não faz parte de um grupo que o adota como opção. Quem pensa diferentemente dos especialistas estará usando de preconceito.

       Quem me conhece sabe o quão discreto sou em meu comportamento do dia-a-dia. Particularmente, não tenho, por falta de tendência, um visual ou atitudes afeminadas. Não é minha praia. Mas não desmereço os que assim são, por isso ser algo natural e espontâneo nestas pessoas que nenhum mal fazem, apenas são o que são e os não-preconceituosos até se divertem com isso. Qual é o mal? O mundo carece de pessoas autênticas, ser feliz é o que faz sentido na vida. Por outro lado, sou o primeiro a não concordar com demonstrações públicas de troca-troca de casais ou de descontrole emocional provocado pelo consumo de drogas. Pela moral e bons costumes. Se e quando isso ocorre de forma pública em uma comunidade naturista é por falta de organização de seus responsáveis. Uma falha estrutural. Como seria em qualquer outro tipo de grupo.

       Quanto ao Jacques L., achei muito interessante a analogia do aeroporto. No meu caso, fui coberto por surpresas. Da maior, quando "comprei uma casa perto dele", comprei com ela a idéia (de me tornar um naturista) de que ali não aterrissariam "supersônicos" ou de que estes fizessem "menos" barulho. Sabe a "quem" e  a "quê" me refiro. Aqui nas Américas não desconhecemos o fato dos europeus, proporcionalmente, serem mais tolerantes e possuírem mente e inteligência mais abertas. São também mais unidos. Historicamente, sofreram eles amargamente as agruras das guerras, o que serviu para torná-los mais preocupados com assuntos que realmente merecem preocupação. Isto não acontece por aqui, embora felizmente hoje em menor intensidade. Você deve lembrar que até pouco tempo as pessoas eram mais avaliadas pelos diplomas que ostentavam na parede, e menos por suas qualidades, habilidades e talentos naturais. Quem sabe o Jacques nos brinde com sua volta ao Brasil e utilize toda a boa experiência européia lá adquirida em prol de uma comunidade naturista deste lado do oceano, onde todos vivam naturalmente felizes, sem que seja preciso buscar esta tranqüilidade em outros mares? E nem só os naturistas merecem esta tranqüilidade que vejo como só conquistada quando o preconceito for amplamente erradicado. Coisa utópica, mas acreditar é preciso.

       Gostaria de dizer também que sinto sincera admiração pelo Nelci e pelo Jacques por terem eles se pronunciado na questão, por defenderem seus pontos de vista e exporem sua opinião. Não espero somente por sinais de simpatia. Para você ter uma idéia, recebi até hoje apenas quatro mensagens enviadas a mim diretamente sobre a carta do Evandro e minha "resposta" a ele. Felizmente, todas simpáticas. Esperava receber qualquer comentário por parte da Naturis e/ou da FBrN por serem órgãos oficiais. Nada aconteceu.

       Aproveito para lhe parabenizar por seu trabalho pelo naturismo no Brasil, trabalho este que deve ser valorizado pela luta num país onde as conquistas relevantes são sempre tão tardias.

  Um grande abraço do penta amigo

    Doni Sacramento

donisacramento@interair.com.br

    Barueri/SP

PS - Se alguém não estiver totalmente inteirado do assunto, no caso de você resolver publicar esta mensagem, a carta do Evandro Gonçalves e meus comentários a ela estão no site www.ranchodosverdugos.hpg.com.br

 

Prezado Pedro,

     Refiro-me a mensagem enviada pelo Sr. Doni Sacramento, versando sobre meu artigo na sessão NATDebate desse Jornal, cuja cópia me foi enviada por ele.

     Desculpe-me discordar do  posicionamento do Sr. Doni, quanto a sua informação de que fui preconceituoso quando falei que "ser Gay é uma opção de cada um". Ora, não sou nenhum especialista no assunto, não sou psicólogo, nem médico, psicanalista, sociólogo, antropólogo ou outro especialista qualquer, para saber exatamente o conceito do que é ser "Gay". Nos meus parcos conhecimentos, de um reles secundarista, sempre tive a interpretação de que ser "gay" é "uma opção sexual" e desta forma fiz a abordagem no meu texto. Razão porquê não vejo nenhum preconceito nessa atitude. Peço sinceras desculpas ao Sr. Doni Sacramento por não possuir conhecimentos maiores que me evite de cometer deslizes como este.

Abraços

Rones

rones@rones.com.br

 

    A questão sobre o comportamento sexual em áreas naturistas continua chamando atenção dos leitores, particularmente ao que diz respeito à homossexualidade. Affonso Alles, presidente da AGAL (associação Amigos da Galheta), em Florianópolis, SC, aproveita trechos do livro lançado há poucos meses para mostrar a posição oficial da associação sobre o assunto. Clique aqui e leia no bloco a seguir.