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Jornal Olho nu - edição N°57 - junho de 2005
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Jornal Olho nu - edição N°57 - junho de 2005 - Ano V

O OCEANO MAIOR

por GIBRAN KHALIL GIBRAN*

 

Sketch for Jesus the Son of Man, ca. 1923
Gibran Khalil Gibran (Americano, nascido no Líbano (1883–1931)
Lápis e aquarela sobre papel (9.2 x 8.2 cm)
Metropolitan Museum of Art New York
 

Minha Alma e eu fomos ao grande mar para tomar banho. E quando chegamos à praia, fomos procurar um lugar escondido e solitário.

Mas, enquanto caminhávamos, vimos um homem sentado numa grande pedra, tirando pitadas de sal de uma bolsa e atirando-as ao mar.

“É o pessimista”, disse minha alma. “Afastemo-nos deste lugar. Não podemos banhar-nos aqui”.

E caminhamos até alcançar uma enseada. Lá vimos, de pé sobre uma rocha branca, um homem que segurava uma caixa cravejada de jóias e dela tirava açúcar, que jogava ao mar.

“E este é o otimista”, disse minha alma.

“Ele também não deve ver nossos corpos nus”.

Caminhamos mais adiante. E numa praia, vimos um homem apanhando peixes mortos e ternamente tornando a pô-los no mar.

“Não podemos banhar-nos diante dele”, disse ainda minha alma. “É um que facilmente se compadece, um filantropo compassivo”.

E passamos adiante.

Então chegamos aonde vimos um homem desenhando sua sombra na areia...Vinham grandes ondas e apagavam-na. Mas ele voltava a desenha-la outra vez, e mais outra vez.

“É o místico”, disse minha alma. “Deixemo-lo”.

E seguimos até uma pequena Baía, onde vimos um homem apanhando a espuma do mar e pondo-a num vaso de perfumes.

“É o idealista”, disse minha alma. “Certamente que não pode ver nossa nudez”.

E caminhamos. Subitamente, ouvimos uma voz gritando: “Isto é o mar. Isto é o mar profundo. Isto é o vasto e poderoso mar!”.

E quando chegamos, vimos um homem com as costas voltadas para o mar e com uma concha encostada ao ouvido, escutando-lhe o murmúrio.

E minha alma disse: “Passemos. Este é o realista, que vira as costas a tudo que não pode apreender e ocupa-se com um fragmento”

E seguimos adiante. E num lugar cheio de relvas e rochas, estava um homem com a cabeça enterrada na areia. E disse à minha alma: “Podemos banhar-nos aqui, pois ele não nos pode ver”.

“Não”, disse minha alma. “Pois este é o mais nocivo de todos. É o puritano”.

Então uma grande tristeza desceu sobre a face de minha alma, e sobre sua voz.

“Vamos embora daqui”, disse ela, “pois não há lugar escondido e solitário onde possamos banhar-nos. Não quero que este vento levante minha dourada cabeleira, nem quero descobrir meu branco seio a este ar, nem deixar que a luz revele minha sagrada nudez”.

Então, deixamos aquele mar e fomos procurar o Oceano Maior.

Tradução de Mansour Challita

Enviado por Jorge Bandeira / jotabandeira@yahoo.com.br

Graúna Site http://geocities.yahoo.com.br/grauna_am


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