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Jornal Olho nu - edição N°39 - dezembro de 2003 | |
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Jornal Olho nu - edição N°39 - dezembro de 2003
Anunciam nesta edição: Corpos Nus | Pelados | |
Tabu ou Exibicionismo por Paulo Pereira* Antes de mais nada, devemos considerar serenamente que não existem vários “naturismos”, mas com certeza há muitas formas ou aspectos de preconceitos e de exageros em torno da nudez.
Por outro lado, é inegável que todos nós temos nossas imperfeições e até desequilíbrios, mas alguns indivíduos exorbitam... Atualmente parece que as tendências exibicionistas, com sua vasta gama de facetas ou disfarces, encontram eco fácil nos meios de comunicação e na Internet, o que pode ser considerado sinal dos tempos, mas deve merecer melhor atenção. Vulgaridade não é naturalidade... O nu naturista, mesmo não estando preocupado com a santidade, não pode ser confundido com nenhuma forma de exposição tendenciosa. Ficar nu no banheiro, na cama, na varanda ou até mesmo em torno de uma bela piscina ( não importa onde essa piscina esteja localizada ) não transforma ninguém automaticamente num verdadeiro naturista. A preferência subjetiva e a palavra são uma coisa, mas a verdade e a ciência são outra coisa bem distinta. A fronteira entre naturismo e exibicionismo nem sempre mostra-se nítida, até porque a mente humana é capaz de engendrar sutilezas bem estruturadas, embora nem sempre pertinentes.
No dia a dia, admito que o uso inadequado ou pejorativo dos termos “nudismo” e “nudista”, poderia isoladamente contribuir para uma visão deturpada do nosso Movimento, embora verifiquemos, na prática, que os termos “naturismo” e “naturista” não estão imunes a ofensas e mal-entendidos. É um fato.
Por tudo isso, destaco agora, como contribuição aos estudiosos, algumas afirmações do Sr. Jean-Michel, um dos ilustres diretores da F.F.N. -Federação Francesa de Naturismo, publicadas na revista “La Vie Au Soleil”, nº- 93, 2003. Diz o diretor francês: _ “ As palavras “nudista” e “nudismo” carregam uma conotação pejorativa... Quando querem ridicularizar nosso modo de vida, falam em “nudismo” ou de “nudistas”, mas raramente de “naturistas”. A nudez, que é essencial, não é um fim em si mesma, mas uma componente que é, por sua vez, meio e objetivo... Na teoria naturista, a prática nudista não era reivindicada. Mas essa prática acabou se impondo, fundindo-se, ao ponto que as duas palavras são agora sinônimos nos dicionários... Ainda que o mencionado Naturismo, em seu sentido mais estrito, e original, tenha conseguido se impor a todos, o Naturismo Nudista, que nós agora vivenciamos, conserva-se, de alguma forma, marginal na sociedade. A nudez começa a ser percebida, pouco a pouco, como coisa natural... O Naturismo agora exprime uma diferença verdadeira, como o viver despido... Que nos denominemos “nudistas” ou “naturistas” pouco importa. O que conta é manter o espírito e a originalidade do Movimento”. Finalmente, sábias palavras! Palavras de quem não precisa inventar nada. Mas quero ainda enfatizar o que nos diz Jean-Michel, fazendo pequena citação do livro “Le Nudisme” ( 1961 ), de Jean Deste, obra clássica do nosso Movimento. Diz Jean Deste : _ “ Presente em tudo e sempre, depois que o mundo é mundo, a nudez precisou ser codificada para adquirir o direito de cidadania, deixando de ser confundida com a licenciosidade. O Nudismo é, pois, a nudez organizada, cuja prática supõe determinadas normas implícitas, quer sejam individuais, familiares ou sociais, de valor comum... O Naturismo é o conjunto de regras que orientam o indivíduo na vida natural; numa determinada época, o vocábulo referia-se mais estritamente a uma doutrina terapêutica, preconizada pelos médicos Paul Carton, Gaston e André Durville. O Nudismo da França escolheu o termo “Naturismo”, como preferencial, até porque, no sentido amplo, ele engloba o termo “Nudismo”. Apesar das conotações maliciosas de alguns, utilizo os termos “Nudismo” e “Nudista” porque são, sem dúvida, mais populares e inteligíveis”. Creio firmemente que as palavras de Michel e Deste tenham esclarecido definitivamente essa questão. Fica mais fácil, talvez, perceber com clareza as minhas colocações a respeito. Como eu já disse, é preciso ter cuidado, evitando que a emenda seja pior do que o soneto...É tempo de somar.
Repito, e grifo, o que nos disse o Sr Jean-Michel, diretor da F.F.N. : não importa dizer Nudismo ou Naturismo, a rigor; o que importa é ser fiel ao espírito e à originalidade do Movimento, especialmente numa época cheia de mazelas, quando a nudez, mais do que nunca, virou mercadoria para consumo fácil, até mesmo em alguns espaços que se auto proclamam “naturistas”, mas que usam o vocábulo como fachada. *Estudioso
do naturismo e ex-presidente da Rio-NAT |
Um Registro: Conversei longa e fraternalmente com o bom amigo Valdir e com outro amigo comum, do Recanto Paraíso (que colaborou com o Valdir nas colocações feitas nas edições de outubro e novembro de “Olho Nu”). Nosso entendimento foi excelente. Na verdade, o referido companheiro do Recanto Paraíso ainda não havia lido o meu livro “Corpos Nus”. Se houve, por acaso, alguma pressa ou generalização, certamente não foi da minha parte. Mas quero aproveitar o mês de dezembro para cumprimentar todos os irmãos naturistas. Muita paz, ao ensejo do Natal e Ano Novo PS: Ainda sobre este assunto meio desgastado e pseudo-erudito (Nudismo / Naturismo), eu gostaria de enfatizar que a história não é estória, e não considera necessariamente preferências pessoais ou conceitos subjetivos, mas apenas fatos. A verdade nem sempre coincide com místicas ou interesses secundários. Paulo Pereira |