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Jornal Olho nu - edição N°37 - outubro de 2003
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Jornal Olho nu - edição N°39 - dezembro de 2003

Anunciam nesta edição: Corpos Nus | Pelados |

A matéria apresentada abaixo é uma tradução da publicada no jornal The San Diego Tribune. Algumas fotos são da agência Reuters.

     NO IRREVERENTE RIO DE JANEIRO BANHISTAS TIRAM TUDO DE NOVO APÓS LONGA PROIBIÇÃO

Por Andrei Khalip, da Agência REUTERS

11 de novembro de 2003

Tradução de Doni Sacramento*

foto: Agência Reuters

Praia do Abricó - RJ

RIO DE JANEIRO, Brasil - De forma irônica, num país conhecido por seus minúsculos biquínis, que revelam mais do que escondem, nos últimos nove anos a cidade do Rio de Janeiro se mostrou contrária à liberação de uma praia de nudismo, mas isso agora está mudando.

A cidade é "famosa por suas belezas naturais assim como é pelas festividades do carnaval, com desfiles de escolas de samba e beldades em sua nudez olímpica transmitidos pela televisão", disse um juiz brasileiro.

E com essas palavras, no mês passado, ele indeferiu uma proibição de 1994 em relação ao nudismo numa praia chamada Abricó, estabelecendo que argumentos de imoralidade não se aplicam a banhistas nus bem-comportados nas periferias do alegre Rio.

Recentemente, num ensolarado fim de semana, após nove anos e desfeita a proibição, dúzias de nudistas se espalharam pela praia do Abricó, a única praia da cidade que se encontra numa faixa isolada de areia, entre as montanhas e próxima a Grumari, local favorito dos surfistas.

foto: Agência Reuters

Praia do Abricó - RJ

Um homem em pé sobre uma rocha conversando ao celular, que faz de sua orelha a única parte coberta de seu corpo. Outros jogam vôlei ou pulam sobre as ondas. Alguns, vestidos com suas roupas de banho, caminham timidamente pela orla passando por um aviso que diz: "Além deste ponto você poderá encontrar pessoas nuas."

Os vitoriosos organizadores não se incomodam com os que ficam espiando. "Os curiosos de hoje serão os adeptos de amanhã", disse Pedro Ribeiro, presidente da Associação Naturista de Abricó.

Abricó é uma das pouquíssimas praias nudistas que existem numa área urbana do Brasil e a única para uma meca turística internacional como é o Rio. O empenho para romper a proibição foi motivado em parte por argumentos dos nudistas de que turistas estrangeiros, especialmente da Europa, virão em bandos ao Rio caso tenham um lugar onde possam se despir completamente. "Acabamos de reabrir e já temos estrangeiros da Alemanha, da Espanha e dos Estados Unidos. E as pessoas pedem o endereço", disse Ribeiro.

NÚMERO CRESCENTE DE NUDISTAS

O Brazil, com seus cerca de 3 mil quilômetros de linda costa arenosa na maioria dos casos, tem apenas cerca de 20 praias ou colônias para a prática do nudismo, enquanto a Espanha sozinha possui 400, conforme consta dos documentos do processo. Comparados com uma população de 5 milhões de nudistas na França, um país muito menor, os 500.000 praticantes do nudismo são irrisórios, disseram os grupos de nudistas brasileiros.

Elias Alves Pereira, presidente da Federação Brasileira de Naturismo, porém, diz que o número de nudistas dobrou nos últimos três anos e está convencido de que continuará a crescer.

A praia do Abricó conta com patrulhamento da polícia militar nos sábados, domingos e feriados de sol.

O Brasil também se encontra muito mais avançado que seus amigos latino-americanos da Argentina e do México que têm menos de 10.000 nudistas cada.

Embora os países latino-americanos sejam vistos como puritanos em diversos aspectos, os nudistas do Rio dizem que o problema contra o qual lutaram por todos aqueles anos não foi o da opinião pública, ou em relação aos costumes do país, mas sim em relação à uma pessoa em particular.

A Praia do Abricó foi oficialmente aberta aos nudistas pela primeira vez em 1994, com o aval do prefeito, o qual se encontra no controle da cidade novamente. Mas um advogado contrariado exigiu a avaliação da abertura de um processo, alegando que a cultura brasileira não estava acostumada à nudez "imoral" em locais públicos, ganhando a promulgação da lei para que a praia fosse fechada.

Apesar do término recente da proibição, uma nuvem de incerteza ainda paira sobre aquela antes ensolarada Abricó. Ribeiro disse que o advogado que é contra provavelmente apelaria por um decreto num tribunal superior. E, apesar das objeções dele, nudistas insistem que Abricó permanecerá como um local que só traz benefícios. "A praia não é destinada àqueles que procuram por estímulos sexuais, embora isso possa acontecer... Nestes casos, as pessoas devem se vestir ou entrar na água para se acalmarem. Ou os membros da associação deverão pedir a elas que assim ajam ou que se retirem", disse Ribeiro.

Os organizadores às vezes têm que advertir os curiosos quando estes extrapolam em seus atos ao encarar os banhistas nus.

"Com relação aos jogos do amor, um beijinho ou abraço e está tudo bem. Mas tentamos impedir que estas coisas cheguem muito além, uma vez que sem as roupas há muito pouco faltando para a coisa real", concluiu Ribeiro.

foto de Ana Carolina Fernandes

Praia do Abricó - RJ

À filosofia internacional do nudismo, que consiste da unidade entre o corpo nu e a natureza, os nudistas brasileiros juntam um tempero local, argumentando que os índios nativos se apresentaram nus aos portugueses quando estes chegaram 500 anos atrás.

Outro argumento em prol do nudismo, num Brasil afetado pela pobreza, é que a nudez retira das pessoas suas diferenças sociais. "Quando você está nu, você começa a fazer perguntas como 'Por que não tenho os mesmos direitos por uma boa educação se sou igual àquele outro cara pelado'", disse Ricardo Bezerra, o qual usava apenas óculos escuros, um boné amarelo e uma gargantilha dourada.

Matéria extraída do San Diego Tribune, por sua vez extraída da Agência Reuters: http://www.signonsandiego.com/news/features/20031111-0500-life-brazil-nudism.html

http://www.reuters.com/newsArticle.jhtml?type=topNews&storyID=3795785

*Editor do site www.donisemprebem.hpg.com.br 
donisacramento@interair.com.br

Também o jornal Chigago Tribune fez uma matéria sobre a liberação da praia do Abricó. Clique aqui e leia a íntegra no original em inglês.

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