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Jornal Olho nu - edição N°203 - Outubro de 2017 - Ano XVIII |
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Saúde e Nudismo: Vivendo Naturalmente 2ª parte por Paulo Pereira*
De fato, como temos ressaltado, todos nós nascemos nus, conforme a natureza, quer dizer, sem culpas, sem pecados, sem preconceitos, sem pudores, o que constitui uma verdade científica, que desacredita elucubrações de falsa moral e pseudo-saber. Lembremos, de passagem, que os nossos irmãos índios também estão nus naturalmente, sem ofensas ou exibicionismos...
No primeiro artigo, falamos, por exemplo, do real, e histórico, significado do termo “naturismo”, um neologismo criado a partir de algumas iniciativas médico-terapêuticas, naturalistas, dos irmãos Durville, na França, de longa data, assunto que ficou bem claro, e sumariamente demonstrado, destacando que o conceito de naturismo, teórico e prático, é o de uma terapia alternativa, uma filosofia de vida, de comportamento, sem conotações ideológicas, por definição, englobando e se confundindo com o conceito doutrinário de nudismo (Nudismo Social Moderno), desde Ungewitter...
É, pois, prioridade observar cuidadosamente que é essencial, antes
das filosofias e, sobretudo, das ideologias, conhecer os devidos
significados, os efetivos fundamentos. E nudismo e naturismo não são
rigorosamente simples ideologias... É importante entender o mundo e
sua história, adquirir real conhecimento, antes de tentar entender
as palavras... Ideologia, como sabemos, é a ciência das ideias, o
conjunto de crenças, princípios ou mitos sustentados por indivíduos
ou grupos sociais. Nudismo-Naturismo é uma forma de viver, um
comportamento baseado no hábito da nudez integral, social, da nudez
codificada, visando, inclusive, um despojamento psicofísico
consciente, fundado no natural. O referido artigo publicado em “Saúde e Nudismo”, de autoria de D. Barbosa, sob o título de “Considerações em torno do Nudismo” aborda algumas questões oportunas, que nos propiciam uma boa reflexão. Nós vivemos tempos incertos, atribulados, violentos, barulhentos, quando uma mediocridade plural nos agride diariamente, tornando indispensável a busca de melhores bases e fundamentos, sobretudo, de referências sólidas, para que evitemos esses crescente niilismo conceitual, esse desfile lamentável de falsa-erudição, de improvisos descabidos. É mister lembrar, especialmente quando falamos de palavras, de textos, que em linguagem não se raciocina como em matemática... Os textos pedem interpretações mais ricas, mais densas, sem meros clichês ou números, sem superficialidades, sem eventuais focos políticos-ideológicos...
O chamado “Livre Culturismo” não comporta diferenças concretas em
relação ao Nudismo, ou Naturismo, que conhecemos melhor, pois tem
origem comum, histórica, e conteúdo praticamente uniforme. A
preocupação do autor, D. Barbosa, era esclarecer os leitores sobre a
prática nudista, como fundamento do citado “Livre Culturismo”,
salientando, sobretudo, a comunhão com a natureza e os benefícios
comprovados da prática para a saúde. Quando falamos de “Livre
Culturismo”, é fundamental anotar o que a história atesta de forma
transparente, concreta.
Então, o chamado Livre Culturismo apresenta-se basicamente, de longa
data, como uma filosofia de vida voltada para a natureza, inclusive
a prática da nudez integral, especialmente ao ar livre, valorizando
a formação de uma juventude sadia, como alicerce de uma sociedade
mais livre, humanista, natural, mais fraterna, sem os vícios e
preconceitos persistentes nas grandes culturas convencionais. Em
suma, praticamente o mesmo conteúdo da doutrina nudista conhecida,
do naturismo posterior, até mesmo sem esquecer alguns conceitos
gerais da filosofia naturalista histórica. Os eventuais termos
usados não são o mais importante, afinal, mas sim efetivamente o
significado profundo e real, a essência doutrinária.
Infelizmente, a realidade brasileira, por exemplo, anda na contramão dessa percepção mais lúcida, pois, como se pode verificar, o investimento nas áreas de ciência e tecnologia é cada vez mais pobre, insuficiente, para dizer o mínimo, inviabilizando pesquisas fundamentais e rebaixando continuamente a nossa precária qualidade de vida. Quando fala-se tanto, algumas vezes por simples modismo, no propalado “aquecimento global”, inclusive hiperdimensionando a atuação humana nos milenares processo planetários, talvez esquecendo as reconhecidas características cíclicas, instáveis, da Terra, há milhões de anos (Eras glaciais, aquecimentos, subida e descida de mares, surgimento e desaparecimento de ilhas e de praias, e até de cidades e grandes territórios, vulcões, terremotos, zonas orogenéticas, placas tectônicas, processos e correntes marítimos como “El Niño”, etc), é fundamental, aqui e agora, o conhecimento da ação lesiva dos homens, mas sem exclusividade ou protagonismo exagerado.
A poluição criminosa de rios, lagos, lagoas, mares,
solos, e lençóis freáticos, por exemplo, pede enfrentamento
enérgico, sem alarde pirotécnico, mais científico, assim como a
poluição visual e a poluição sonora, que são estranhamente
esquecidas. O barulho e a gritaria viraram sinônimo de alegria, as
agressões sonoras são chamadas de festa, e a profusão de artifícios
e aberrações visuais são vistas até como arte... Até quando? A
natureza, que não é boa nem má, que apenas é, que se faz sábia na
indiferença, espera por menos palpites e por mais estudo sério. Em
vez de falas apocalípticas e de previsões catastróficas em meio a
uma contínua atuação destrutiva, inescrupulosa e egoísta, talvez
fosse bem melhor investir em conhecimento, sem profetas, no estudo
das bases moleculares, por exemplo, nos genes, nas mutações, que
eventualmente tornam possíveis, expressas, várias anomalias e
patologias nos seres vivos, nos humanos, por certo... Que tal
aprofundar o estudo dos átomos, dos genes, do genoma, que nos faz
primos próximos dos chimpanzés (diferença de menos de 2% dos
genes)?...
É muito importante consultar o passado, a história, e tentar alinhar tradição e vanguarda: ser tradicional sem ser anacrônico e ser progressista sem desprezar os fundamentos, os fatos datados. O Nudismo-Naturismo, ressaltamos, não tem donos nem precisa ser reinventado, emendado. A boa prática pede compromisso com as raízes sem perder a visão do amanhã. A chamada heterodoxia não precisa nem deve ser sinônimo de desconstrução. Devemos cultivar o reconhecimento dos fatos em vez elucubrar fantasias. Nudismo-Naturismo não é ideologia religiosa ou político-partidária nem culto mal disfarçado de pudicícias enfermas, de joguinhos de palavras ocas, fora do contexto histórico do Movimento. Anotemos serenamente. Nudismo-Naturismo não é um binômio ambíguo, mas uma unidade histórica viva.
Em tempo: Nesse mundo meio enevoado pelo obscurantismo e pelo oportunismo barato, é indispensável aprender a separar o joio do trigo, evitando as constantes manipulações da ciência e das artes, inclusive de forma burra, na tentativa de obter proveitos políticos ou ideológicos. O ser humano não controla o Universo nem tem poderes para evitar os ciclos naturais da Terra, embora viva aprimorando suas tendências destrutivas. E, da mesma forma, não se pode misturar impunemente fé, e até crendices, com a prática da nudez social codificada. É preciso saber viver naturalmente! E, para isso, devemos aprimorar nosso conhecimento e melhorar nossa percepção. Os radicalismos não são boas fontes para matar a sede de ninguém. Ambientalismo radical e naturismo puritano, ideológico, não são sinônimos nem de ciência nem de verdade histórico-filosófica. O velho e sábio Goethe já nos dizia com inteira propriedade que “a verdade nos obriga a conhecer nossos limites”... É tempo de refletir antes de propalar disparates.
(enviado em 11/10/17 por Paulo Pereira) |
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