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Jornal Olho nu - edição N°234 - Maio de 2020 - Ano XX |
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Duque de Richelieu nudista. Georgianos nudistas.
Por Arthur Virmond de Lacerda Neto 5/IV/2020
Escreveu 35 livros, dentre os quais "O Brasil em movimento" (1963) e
"Os melhores tempos" (1966). Neste transmite suas memórias, em que
narra anedota de um nudista, que passava por ser duque de Richelieu,
o que não poderia ser, porquanto o derradeiro do título nasceu em
1875 e em 1912, por ocasião do fato, contava 37 anos e já não era
rapaz, como o qualifica o autor.
“Creio que foi nesse mesmo Verão de 1912, que o Comodoro [alcunha do pai do autor] levou um francês numa das suas viagens na Gaivota. Era um cliente, um rapaz bronzeado, de modos despretensiosos. O nome dele, le duc de Richelieu, despertava todos os romances de Dumas que me enchiam o cérebro. Estavam os dois metidos em qualquer empresa internacional, respeitante ao México. Nunca me teria ocorrido fazer ao Comodoro uma pergunta sobre os seus negócios, por isso só me restava deitar-me a adivinhar. De qualquer modo o duque provocou um escândalo. Verificou-se que era um dos primeiros nudistas. Pedia que o levassem para terra, e vagueava na praia de Sandy Port, nuzinho em pelo. Achava que ao sair do nosso pequeno grupo de casas e celeiros, junto da fábrica de conservas, entrava numa região virgem.
Desconhecia o facto de que havia uma família de Taliaferros, a viver numa casa de madeira sem pintura, ao fundo da praia. Os irmãos eram pescadores que nos forneciam o peixe diário, mas a irmã, miss Mary, era uma solteirona.
Miss Mary via tudo e ouvia tudo sem sair da porta da casa. Embora a família tivesse conhecido melhores dias, ela ainda possuía alguns móveis bonitos, antigos, e tinha um certo orgulho na glória do seu nome. Quando avistou o duque nu, a passear-lhe em frente das janelas, ameaçou chamar o xerife.
Em 1912, o nudismo na França já existia nas camadas elevadas da sociedade: nobreza, alta burguesia, altas patentes militares.
Na sua passagem por Batum (na Geórgia), em 1921, observa, quanto a banhos de mar: “Nunca se ouvira falar em fatos de banho. Homens e mulheres nus formavam grupos separados. Como [John dos Passos] era um ser de hábitos formados, tive de enfiar os meus calções de banho. Pareciam estranhamente indecentes entre a multidão nua e recatada.” (Ibidem, p. 131).
A separação por sexos teria alguma motivação: pudor, ciúme dos maridos ou o que fosse, mas a nudez dos dois bandos atesta ausência de vergonha, pelo menos no seio de cada qual. Pudico, desafeito à nudez social, o autor encobre sua genitália e nádegas e, semi-vestido, sente-se indecente em meio aos demais, nus e recatados (em vez de nus e libertinos, como poderia supor a mentalidade pudica e maliciosa e maliciosa porque pudica). A nudez integral e social pode ser perfeitamente decorosa e isenta de sexualidade e de malícia: nisto precisamente radica a mensagem do nudismo como filosofia e modo de estar.
* Acompanhe artigos
diversos do autor em seu blog:
https://arthurlacerda.wordpress.com/
(envaido em 8/04/20 por Arthur V. de Lacerda Neto)) |
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