05
DE JUNHO 2017 - DIA INTERNACIONAL DO NATURISMO
por Evandro Telles*
Esse
ano comemoramos no dia 05 de junho o Dia Internacional do Naturismo.
Numa pesquisa mais detalhada das datas comemorativas no site
http://www.calendarr.com/brasil/datas-comemorativas-2013/ não
encontraremos nenhuma menção com relação a essa data. Iremos
encontrar o dia do carteiro, aposentado e até dos animais, menos do
Naturismo. Tenho a sugestão de trocar essa data para 30/01 que é o
Dia da Não-Violência. Sim, porque desconheço um movimento mais
pacífico; inclusive onde as guerras se instalam o Naturismo
desaparece, ele só sobrevive num ambiente de paz, de fraternidade e
de respeito.
O
problema do Naturismo é a falta de conhecimento do que representa
esse movimento, até mesmo os mais letrados e intelectuais não
encontram informações nas suas bibliotecas, arrisco dizer que muitos
praticantes também precisam de algumas aulas. A bem da verdade todos
nós precisamos parar um pouco para aprender observar a natureza, o
simples ato de meditar ajuda; a questão é: Como parar num mundo
caótico e maluco em que vivemos? Observem como é grande o número de
pessoas correndo para cima e para baixo e afirmo que não chegam a
lugar algum, se tornou um hábito.
Algumas
pessoas me dizem: “é preciso coragem para tirar as roupas”, o que
demonstra como a sociedade condicionou o indivíduo a ficar distante
da sua própria natureza. Alguns naturistas têm medo de se assumir
diante dos seus familiares, buscam a liberdade, mas não a
conquistam. Chega perto, mas não abre as portas do coração. Assim
Budha fez a seguinte declaração: “Olhe para o seu coração, siga a
sua natureza”. Isso sim que é preciso coragem, porque a liberdade
conquistada não o fará pervertido, mas um ser humano mais
responsável.
Excesso de bebidas e consumo de drogas não é uma questão de
auto-controle, e sim da infelicidade que o ser humano carrega dentro
de si. “Sigmund Freud, depois de quarenta anos de pesquisa sobre a
mente humana, trabalhando com milhares de pessoas e observando
milhares de mentes perturbadas, chegou à conclusão de que a
felicidade é uma ficção, o ser humano não pode ser feliz”. Se ele
não pode ser feliz com a liberdade que o Naturismo pode lhe
proporcionar, que é a liberdade mental, é porque não compreendeu a
essência e a riqueza desse estilo de vida. Ainda não compreendeu que
para se intitular como um naturista o pré-requisito não é somente
com relação à nudez, mas também o respeito pelo espaço do outro.
Se
o Naturismo coloca o homem integrado com a natureza, também o deixa
não fragmentado, seu olhar para com o outro será como se visse no
espelho. Os espaços individuais deverão ser constantemente
respeitados e a vida se manifestaria harmoniosamente. E se tivermos
a percepção que essas mudanças são realmente possíveis iríamos
comemorar o dia o Naturismo junto com o Dia Mundial da Terra, o Dia
Mundial da Água, Dia do Amigo, e muitos outros dias mais.
Vejo que podemos ser agentes de profundas transformações, assim
sempre faço a sugestão aos grupos naturistas dedicarem uma pausa nas
atividades para realizarem momentos de reflexão sobre o Naturismo em
muitos dos seus contextos. Tenho a convicção de que tal prática
aliada às realizações de palestras, apresentações teatrais, leituras
e debates deveria constituir uma prática constante para o
crescimento individual e grupal.
Tivemos
nesse fim de semana em São Paulo um bate-papo sobre esse estilo de
vida, com a presença do Vice-Presidente da Federação Brasileira de
Naturismo, Leonardo Spínola de Miranda e me pareceu um resultado
bastante satisfatório. Naturistas ainda têm dúvidas para que serve a
Federação. É preciso ser entendido que o Naturismo está inserido no
campo social no qual também somos dependentes, seja no trabalho,
estudo, relações familiares etc. Se não tivermos uma instituição
forte o bastante para provar que a nudez possui benefícios na saúde
física e psicológica, estaremos condenados a um bando de depravados
e outros atributos preconceituosos. A Federação é um órgão normativo
que dá respaldo para que a sociedade passe, no mínimo, a ter um
olhar diferente, com mais respeito. Os índios não precisam da
Federação porque a nudez deles já era natural e a nossa estamos
ainda conquistando, ou seja, estamos desconstruindo falsos valores
colocados na nossa formação.
Essas ações deverão ser estendidas para àqueles que desejam conhecer
o Naturismo que ainda está de fraldas, todos nós podemos nos doar um
pouco mais para que essa criança tenha dignidade. A própria
sociedade irá requerer um dia para que o Naturismo seja lembrado do
ser humano no seu estado natural, livre dos preconceitos e em paz
com seus semelhantes.
*Evandro Telles
5/06/2017
http://evandrotelles.blogspot.com.br
(enviado 5/06/17
por Evandro Telles)