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Jornal Olho nu - edição N°193 - Dezembro de 2016 - Ano XVII

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Prosa Mínima (1)

por Paulo Pereira

O assunto pode até ser eventualmente considerado um tanto recorrente, mas é indispensável perceber claramente, aí sim, que a recorrência é, sobretudo, da velha ignorância, quase sempre aliada à repetida desinformação, à superficialidade, aos preconceitos, ao culto irracional do pudor hipócrita e ao vício do cômodo palpite... Refiro-me novamente à questão do medo e da rejeição da nudez, do nu afinal, até mesmo na escrita de alguns e nas conversas informais dos afoitos. Os pudicos inveterados, ou por encomenda, esquecem a nossa nudez natural, a nossa origem como seres da natureza soberana. O chamado “macaco nu”, no dizer do Desmond Morris, elucubra sempre.

E, para todos os companheiros e simpatizantes naturistas, parece-me fundamental procurar lembrar, com seriedade, a verdade histórico-filosófica do Movimento, que é conhecida e afirmada desde, pelo menos, o início do século XX, com Richard Ungewitter, na Alemanha, conforme saliento, inclusive, no meu ensaio “Da Identidade Nua”, 2015, Jornal Olho Nu. E, ainda recentemente, em novembro de 2016, a Federação Brasileira de Naturismo (FBrN) esteve representada no Congresso Internacional, realizado na Nova Zelândia, pelo ilustre amigo Pedro Ribeiro, fato que destaco com ênfase. Seria, então, oportuno, e muito importante, salientar, aqui e agora, que, pelo menos oficialmente desde 2004 (Croácia), há uma decisão da INF – Federação Naturista Internacional que estabelece concretamente a completa igualdade, ou uso equivalente, dos termos “nudismo”, “naturismo”, “nudista” e “naturista”, o que, afinal, faz justiça à história e aos fundamentos consagrados do Movimento.

É preciso anotar, diante dos fatos, que o referido congresso de novembro de 2016 foi realizado, repito, na Nova Zelândia, membro oficial da INF, que tem seu registro oficial, a exemplo da vizinha Austrália, anotado da seguinte forma: “NZNF – New Zeland Nudist Federation/ NZ – Auckland – NSMN”... É oficial. É histórico. É inconteste. O termo “Nudist” está consagrado. Então, em vez de palpite e de clichês tolos, prestigiemos a livre escolha, a verdade histórica, o bom conhecimento, o não-preconceito ao nu.

A propósito, das belas páginas da sabedoria árabe recolho palavras nobres do famoso escritor libanês Khalil Gibran, em “The Prophet”, um apelo lúcido a uma reflexão profunda e desarmada: “E um tecelão disse: falamos das roupas... E ele respondeu: vossos trajes ocultam muito da vossa beleza, porém não escondem o que não é belo... Embora procureis nos trajes a proteção libertadora da vossa intimidade, neles podeis encontrar arreios e cadeias. Pudésseis enfrentar o sol e o vento com mais epiderme e menos roupa, pois o sopro da vida está na luz do sol e a mão da vida está no vento”...

O texto e as magníficas ilustrações de Gibran (mostrando com arte e pureza muitos corpos nus irmanados) são um convite à alegria de viver livremente. Ao nascer e depois da morte, sobretudo, estamos todos totalmente desnudos ante a amplidão do existir.

(enviado em 27/11/16 por Paulo Pereira)


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