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Jornal Olho nu - edição N°189 - Agosto de 2016 - Ano XVII

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Nus de Tunick em Bogotá viram manifesto pela paz

 

Por Sylvia Colombo

 

Já estamos acostumados a ver as obras do fotógrafo norte-americano Spencer Tunick, 49, que consistem em reunir grande quantidade de pessoas nuas em diferentes lugares do mundo, transformando esses conjuntos humanos em obras de arte.

 

O que ocorreu no último dia 5 de junho, em Bogotá, porém, foi um pouco diferente. Além do usual, o making of e as entrevistas com alguns participantes transformaram o trabalho de Tunick também em um pequeno documentário (assista acima), divulgado na última semana, em favor da paz na Colômbia.

 

Afinal, está por ser concluído um acordo entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que, se for exitoso, pode culminar no fim de uma guerra que já fez mais de 220 mil vítimas fatais e tirou de suas casas 8 milhões de pessoas.

 

As mais de 6 mil pessoas que aceitaram se reunir na plaza Bolívar, no meio dos principais edifícios históricos e administrativos do centro de Bogotá, eram cidadãos de diversas origens. A organização fez questão de selecionar não somente entre a classe média que trabalha ou vive por ali, mas também trazer ex-guerrilheiros, ex-sequestrados, ex-paramilitares, além dos chamados “desplazados” (que tiveram de abandonar suas moradias em várias partes da Colômbia).

 

Antes de se desnudarem juntos diante das câmeras, muitos deram depoimentos em que revelaram as razões pelas quais acabaram se envolvendo, de uma forma ou de outra, no conflito e, mais especialmente, a necessidade que sentem de, agora, aceitar essa oportunidade de reconciliação nacional.

 

O vídeo surge num bom momento, quando se inicia a campanha pelo “sim” ou pelo “não” do plebiscito no qual os colombianos decidirão se aceitam ou rejeitam o fruto das negociações que estão sendo feitas em Havana há mais de três anos, como expliquei em texto na página 2 da Folha há uma semana.

 

São comoventes os depoimentos do ex-soldado Pablo Emilio Moncayo, que ficou sequestrado 13 anos na selva, e cujo pai tive a oportunidade de entrevistar, em 2007, em Bogotá, quando acampava pedindo atenção das autoridades para o caso do filho na mesma plaza Bolívar.

 

Também o do ex-policial que ficou cego num enfrentamento com as Farc e de uma ex-costureira da guerrilha, hoje dona de uma pequena fábrica têxtil na qual emprega mulheres “desplazadas”. Também estão no curta ex-paramilitares e familiares de vítimas de conflitos relacionados, porém mais antigos.

 

O documentário foi filmado pelo holandês Sam de Jong, e as fotos integrarão uma exposição que inaugura na capital colombiana no fim do ano. Além do significado político, o vídeo mostra a força de vontade que guiou os participantes. Afinal, a convocação para a foto estava marcada para às 2am e a imagem foi tomada ao amanhecer. Quem conhece Bogotá sabe o frio e a neblina que cobrem a cidade nesses horários em qualquer época do ano…

 

Fonte: http://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br

 

(enviado em 8/08/16 por Anelisa Lopez via Facebook do SPNAT)


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