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Jornal Olho nu - edição N°181 - Dezembro de 2015 - Ano XVI

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 A VOZ DO NATURISMO QUE NÃO CONSEGUE SER OUVIDA

por Evandro Telles*

Em 2009 quando lancei o livro “Verdades Que as Roupas Escondem” , na orelha da capa está assim escrito: “...que o Naturismo precisa ser analisado sob uma nova ótica e estudado à luz de novos valores sociais. Nesses novos valores incluímos a reintegração do homem como parte da natureza, que nunca foi tão destruída como está sendo nos últimos 50 anos. Tivemos essa postura por não nos vermos como parte da natureza.”

Atualmente estamos presenciando mais um desastre ecológico de grandes proporções e sem prazo para recuperar o Rio Doce, com extensão de 853 km que banha os estados de Minas e Espírito Santo, virou um mar de lama espalhando a morte por onde passa. Segundo alguns biólogos, o que está visível é um problema pequeno diante da previsível quebra da cadeia alimentar.

O poema de Carlos Drummond de Andrade parecia prever o desastre com o “LIRA ITABIRANA”:

I

O Rio? É Doce.

A Vale? Amarga.

Ai, antes fosse

Mais leve a carga

 

II

Entre estatais

E Multinacionais,

Quantos ais!

 

III

A dívida interna.

A dívida externa

A dívida eterna.

 

IV

Quantas toneladas exportamos

De ferro?

Quantas lágrimas disfarçamos

Sem berro?

Só não é sem berro, há muito tempo que o Naturismo tem mostrado a importância da harmonia com a natureza com os corpos despidos de preconceitos, de valores não consumistas que redundam na exaustão dos recursos naturais. Indicadores econômicos só encontram o lado positivo no crescimento do volume de produção e na produtividade do indivíduo. Conceitos e valores como esses começam a ser questionados se representam realmente desenvolvimento, uma vez que esses fatores são medidos em função do dinheiro e não da qualidade de vida da população e têm proporcionado catástrofes da magnitude que estamos presenciando.

Charles Eisenstein, um americano de 47 anos, formado em matemática e filosofia e autor de “Economia Sagrada” onde ele diz que olhamos para a natureza com um olhar de quem apenas vê um monte de coisas e que isso nos deixa muito solitários e com muitas necessidades básicas para satisfazer. Vale a pena ver o vídeo que está disponível na internet onde ele mostra o homem tentando dominar os outros e a natureza.

Eisenstein alerta agora, em 2015, como somos separados da natureza e da comunidade. Sim, o que o Naturismo já vem propondo de uma forma muito mais simples desde 1903. Criamos uma cultura compromissada com a competição e não com a cooperação, obsessiva pela posse e domínio não só das riquezas naturais, mas também de outro ser humano. Estamos sentindo no próprio corpo as violências que cometemos contra a natureza, e há quanto tempo o Naturismo vem mostrando que somos a própria natureza consciente? Pode ser que seja utópico tentar reintegrar o homem à natureza, nua tal como ela é; pode ser uma voz não ouvida, mas não consigo deixar de expressá-la.

Olhando a figura no início desse texto penso: Será que a espécie humana terá algum dia paz por ter sido tão agressiva? Dúvida que irá permanecer ainda muito tempo.

“Quando olhei a terra ardendo, como uma fogueira de São João. Eu perguntei a Deus do céu, porque tamanha judiação?” (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

Evandro Telles

Presidente do conselho Maior da FBrN

*www.evandrotelles.blogspot.com

27/11/15
 

(enviado em 27/11/15)


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