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Jornal Olho nu - edição N°173 - Abril de 2015 - Ano XV

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NATURISMO E A HARMONIA COM A NATUREZA

 

por Evandro Telles*

 

A definição do Naturismo diz que é “um modo de vida em harmonia com a natureza”. Duas questões não muito fáceis de serem respondidas normalmente aparecem em diversos contextos: 1) Como a nudez natural cria esse tipo de harmonia? 2) É possível criar harmonia com aquilo que não conhecemos?

 

Em resposta à primeira questão cito o artigo de Viegas Fernandes da Costa, “Sobre a Nudez Social” quando ele diz: “Assim, ao despir-me, na Praia do Pinho, reconheci a “graça” em mim, o “cuidado de si” não para atender às necessidades estéticas do outro, mas para a minha conciliação comigo mesmo, em um processo de reconhecimento da minha integralidade.” Fica claro aqui que não há nenhuma preocupação com o julgamento que o outro possa fazer de seu corpo, isso é um problema de quem julga e não de quem é julgado. A harmonia aqui criada é com ele mesmo.

 

Em outro artigo do Dr. John Veltheim, “Nus Por Baixo da Roupa” em que ele mostra diversos motivos benéficos da nudez social, entre esses motivos está a interação com a vida em que ele diz: “Quando as pessoas se desligam psicologicamente e fisicamente, especialmente através da metáfora da necessidade das roupas para se esconderem do mundo, não estão apenas se escondendo das outras pessoas, elas escondem-se do mundo. Elas bloqueiam a troca de energia e reduzem a vitalidade total disponível para elas. Elas também prejudicam a sua capacidade de se relacionarem e interagirem com o mundo. Essa interação é um critério essencial para qualquer organismo saudável. Todas as células, animais, plantas e seres humanos sobrevivem de acordo com suas inter-relações com o mundo à sua volta. Quando as pessoas se isolam, elas prejudicam a sua capacidade de crescerem e de processar o mundo como deveriam”.

 

Os dois textos citados mostram que a nudez social cria o ambiente necessário para que o indivíduo possa criar a harmonia com o mundo a partir dele mesmo. E de que forma podemos nos harmonizar com a natureza tão desconhecida por todos nós? Sim, estamos condenados a ficar míopes permanentemente no que se refere à natureza. Com o advento da era quântica os cientistas tomaram conhecimento de que as entidades quânticas possuíam comportamentos que fugiam a tudo o que eles poderiam considerar razoáveis e aceitáveis. Ora como partículas, ora como ondas, às vezes aparece, de repente some e reaparece em outro lugar. A natureza estava brincando, e ela adora se esconder.

 

A ciência estava chegando às mesmas conclusões dos místicos orientais. Fritjof Capra em seu livro “O Tao da Física” nos diz: “O misticismo oriental baseia-se na percepção direta da natureza da realidade; por seu turno, a Física baseia-se na observação dos fenômenos naturais através de experimentos científicos. Em ambos os campos, as observações são então interpretadas e a interpretação é frequentemente comunicada através de palavras. Levando-se em conta que as palavras são sempre um mapa aproximado, abstrato, da realidade, as interpretações verbais de um experimento científico ou de uma percepção mística são forçosamente imprecisas e incompletas.

 

A existência não tem linguagem e, se você depender da linguagem, não poderá haver comunicação com a existência. A existência é um mistério, você não poderá interpretá-la. Se você interpretar, errará o alvo. A existência pode ser vivida, mas não pensada. Para ouvir a ausência de palavras, você precisa não ter palavras, porque somente semelhante pode ouvir semelhante, somente semelhante pode se relacionar com semelhante. Ao sentar-se ao lado de uma flor, não seja um ser humano, seja uma flor; ao sentar-se ao lado de uma árvore, não seja um ser humano, seja uma árvore; ao tomar banho num rio, não seja um ser humano, seja um rio. E então milhares de sinais serão transmitidos a você, e não se trata de uma comunicação, mas de uma comunhão. (A Harmonia Oculta)

 

O clima está mudando, e mais de 30 mil espécies estão morrendo por ano. Estamos testemunhando a maior extinção em massa desde o desaparecimento dos dinossauros há 65 milhões de anos. A diferença é que, pela primeira vez na história, somos nós, e não a Natureza, a causa da extinção. Só seremos capazes de efetuar mudanças positivas numa escala planetária quando ficar claro o valor da vida e a precariedade da situação presente (Marcelo Gleiser). Podemos consertar quando o ser humano estiver em comunhão com a natureza, em harmonia com a vida.

 

por Evandro Telles

evandro.telles@terra.com.br

19/04/15

 

(enviado em 19/04/15)


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