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Jornal Olho nu - edição N°165 - Agosto de 2014 - Ano XV

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Nudez e Vergonha do Corpo - 2ª parte

 

por Arthur de Lacerda*

 

*A partir dessa edição contamos com um novo colaborador. Arthur Virmond de Lacerda escreve suas opiniões, que procuram ser fundamentadas, sobre a nudez e o naturismo em seu blog http://arthurlacerda.wordpress.com/. Na edição de número 159 (fevereiro de 2014) o jornal OLHO NU publicou um artigo seu "Nudez e Vergonha do Corpo" enviado ao jornal pelo grupo Peladistas Unidos. Nesta edição Arthur complementa seu artigo original exclusivamente para o jornal OLHO NU.

 

Há moralidade e há moralismo. Aquela envolve a liberdade pessoal e de costumes; este compreende, também, padrões de comportamento liberticidas e irracionais. É o caso, a segunda, do brasileiro, em relação à nudez. Oxalá evoluam eles do moralismo para a moralidade; da censura que praticam por rotina para a liberdade de que aprendam a usufruir.

 

Na Inglaterra, Alexandre Sutherland Neill (1883-1973) criou a escola Summerhill, em que os próprios alunos criavam as regras porque nela se regiam (auto-regulação). Laico, o seu ensino era destituído de inculcação religiosa (pelo que os seus alunos desenvolviam-se fora do conceito de pecado e do sentimento de culpa que ele origina) e fora da repressão da masturbação e da nudez, pelo que os seus alunos adquiriam a saúde psicológica de que tão freqüentemente eram privadas as crianças e os jovens educados sob a censura da sexualidade, em geral, e sob a obrigação de ocultarem o seu corpo.

 

“A nudez, observava Neill, jamais deveria ser desencorajada. O bebê deveria ver seus pais despidos, desde o princípio”. Em Summerhill, prevalecia “atitude absolutamente natural” (Liberdade sem medo, p. 213. São Paulo, Ibrasa, 1977), acerca da nudez, em resultado do que, os seus alunos não desenvolviam curiosidade mórbida por corpos (femininos nem masculinos), não se tornavam mixoscopistas, não se envergonhavam diante do desnudamento alheio, não se vexavam por serem vistos nus por outrem.

 

Um casal, pais de filhos crianças, adotaram, com hábito, o desnudamento doméstico, ao que A. Neill observou à mãe: “A nudez no lar é excelente e natural. Seus filhos, mais tarde, evitarão muito o sexo doentio. É improvável que um deles se torne um `voyeur´, pois que terão visto tudo quanto há para ver” (Liberdade sem excesso, p. 64. São Paulo, Ibrasa, 1976).
 

(Em ginásios de musculação de Curitiba, os homens despem-se nos vestiários, porém não de todo: exceto a cueca, com que ingressam na cabine do chuveiro. Os chuveiros constituem compartimentos em que cada indivíduo acha-se isolado dos demais. Ninguém vê ninguém no banho. Os homens retiram-se da cabine do chuveiro de cueca: não querem expor a sua genitália. Será, talvez, porque se masturbam durante o banho e desejam ocultar a tumescência do seu pênis, efeito para o qual a cueca é providencial. Provavelmente, contudo, não é por isto que entram na cabine de cueca e dela se retiram, também de cueca, e sim porque prevalece, em Curitiba, a pudibundaria, a necessidade de os homens ocultarem o seu corpo, a vergonha da genitália, a genitália como parte indecente. Que mentalidade! Que arcaísmo! Que estupidez! No vestiário masculino, entre homens, os homens ocultam a genitália uns dos outros. Parece convento. E tal se passa em , em Curitiba, onde é comum a gabolice de é cidade "européia". "Européia" com mentalidade e usos de terceiro mundo. Nos E.U.A. e alhures, os chuveiros são abertos, destituídos de paredes entre os seus usuários que, assim vêem a nudez do seu vizinho, com naturalidade, sem a introdução, mesmo inconsciente, de que certas partes do corpo devem ser ocultadas. Menos mentalidade bíblica e mais naturalidade. Curitibano atrasado).

 

arthurlacerda@onda.com.br

 

(enviado em 31/07/14)


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