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Jornal Olho nu - edição N°142 - Setembro de 2012 - Ano XIII

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NATURISMO E A MEDITAÇÃO

Evandro Telles*

 

Afinal de contas, para que serve o Naturismo? Não tem cunho religioso, se bem que alguns adeptos até tentam fazer uma junção entre ambos, no entanto, a filosofia naturista não faz distinção entre o religioso e o não religioso. Também não é científico, para a ciência o que importa é a concentração, ela divide algo para ser pormenorizadamente estudado e o resto do mundo é ignorado porque seria uma distração do pensamento. Mas a natureza é una, não pode haver divisões, tudo está interligado.

 

“A concentração torna você focado a um custo muito grande: 90% da vida é descartada. Se estiver resolvendo um problema matemático, não pode escutar os pássaros, pois será uma distração. As crianças que brincam por perto, os cachorros latindo na rua, tudo será uma distração. Por causa da concentração, as pessoas tentam fugir da vida: sobem o Himalaia, refugiam-se em uma caverna, permanecem isoladas para poder se concentrar em Deus. Mas Deus não é um objeto. Deus é a totalidade. É por isso que a ciência jamais poderá conhecer Deus. O método básico da ciência é a concentração e, por causa desse método a ciência nunca chegará a conhecer Deus.” (1)

 

Concentração não é meditação, Buda não é um homem de concentração, é um homem de percepção. Essa é a chave, porque a meditação é a busca do ser interior, é a atenção, simplesmente um existir num estado de observação. Também não é o forçar a não pensar, isso irá contra a própria natureza da mente que é o de pensar. É observar as nuvens do pensamento, não tem que ir contra coisa alguma, é o não julgamento.

 

Na carta aberta à Icon Shoes e à Comunidade Budista escrita por Arthur Golgo Lucas sobre algumas figuras estampadas nos sapatos produzidos pela Icon diz que não há nada ofensivo nas imagens e lembra do ditado: “Se você encontrar um Buda caminhando por aí, mate-o”. Esse ditado significa que tudo aquilo que parecer ser o Buda e estiver fora de nós é falso. É isso mesmo, é um despertar de uma consciência que está dentro e precisa ser descoberta por meio da meditação.

 

O Naturismo não deixa de ser um meio pelo qual a meditação possa acontecer, muitos pesos são literalmente jogados para fora e o contato mais íntimo com a natureza torna possível quando os preconceitos deixam de existir. O primeiro passo para aumentar a percepção é permanecer atento ao corpo e logo em seguida aos pensamentos, emoções e sentimentos.

 

O despojamento das roupas favorece o desapego e o sentimento de igualdade, ele ou ela estão mais próximos de conhecer as suas verdades, o seu eu verdadeiro, mas se torna difícil para aquele que não busca meditar. A preocupação com a própria nudez pode produzir uma distração quando deveria proporcionar uma contemplação. Deixar o corpo solto no universo em contato com os elementos da natureza não reduz o ser humano a um objeto nu, ao contrário, expande o seu ser no momento que ele ou ela entende que é a vida expressando em suas diversas formas.

 

Mas isso é difícil para uma ampla aceitação social porque o indivíduo não mais poderá ser explorado nem conduzido, não poderá mais ser forçado e comandado. Viverá de acordo com a sua luz, de acordo com a sua própria interioridade. Será consciente do seu eu verdadeiro.

 

Existem apenas duas dificuldades no caminho da meditação: uma é o ego. A segunda é a mente tagarelando o tempo todo. O sucesso torna o ego grande demais, o fracasso pequeno demais e os dois casos é um problema, é por isso que Buda diz: “Flutue com a correnteza. Deixe-se levar para o oceano”. É só observar e se tornar perceptivo, mais nada.

 

A prática do Naturismo poderá proporcionar momentos belíssimos que jamais devem ser perdidos com futilidades ou animosidades. Ao contrário devemos buscar sempre a união, a amizade duradoura e a compreensão das nossas adversidades. O encontro de si mesmo com o todo provavelmente será a maior riqueza que possa existir.

 

www.evandrotelles@blogspot.com 

 

(enviado em 21/08/12 por Evandro Telles)


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