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Jornal Olho nu - edição N°139 - junho de 2012 - Ano XII

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Naturalmente - junho 2012

 

por Paulo Pereira

 

 Sempre falando de conhecimento, de ciência, de literatura, de bons livros, e de cidadania e naturismo, anoto uma obra de Richard Langdon Cook, em inglês, sob o título de "I’ll Catch The Sun", a vida e as viagens de alguém que prefere a nudez, estar fora das roupas... E, falando de livros, registro igualmente, nesses meses em que lanço “Sem Pedir Julgamentos”, completando minha Trilogia Naturista, que o meu novo livro terá brevemente uma edição eletrônica, será igualmente um “e-book”, pela Editora Livre Expressão, abrindo certamente uma nova frente de contato com os leitores. É importante reafirmar aqui e agora que os textos voltados para as atividades nudistas-naturistas devem ter a preocupação especial de difundir fundamentos, percepção e história, pois só o conhecimento pode proporcionar base sólida para o crescimento do Movimento do Naturismo.

 

O referido autor inglês, Richard Cook, mistura, com leveza, turismo, diários pessoais e experiência nudista, apaixonado pelo sol, mostrando que a nudez não é imoral e comentando, inclusive, sobre a linguagem do nudismo-naturismo... Richard faz considerações sobre possíveis diferenças de significado entre os termos “nude” e “naked” , em inglês, o que me pareceu perspicaz mas um tanto acessório, especialmente considerada a essência da filosofia nudista-naturista, que privilegia, aí sim, o natural, o simplesmente natural, sem preocupação etnológica, vocabular. Richard fala em beleza, em ereção masculina, em moda, o que não chega a ser novidade, mas vale por sua colocação pessoal de bom observador. O livro de Richard é um testemunho de aventuras e de vivências que não passam em branco.

 

E, se falo de livros, falo também de crônicas bem escritas. Uma vez mais, por mérito da escritora, refiro-me a um texto de Martha Medeiros (Revista – O Globo, 27/05/2012), sob o título de “O importante é ter charme”... Martha destaca, com objetividade e clareza, que o charme da maioria das pessoas parece estar perdido, e o que sobra é grossura, barulho, falta de educação, de cidadania. Martha comenta: “Em vinte anos (mesmo sem tabaco) todo esse glamour virou fumaça... Nos dias atuais, a grosseria impera, as pessoas são folgadas, os gestos são espalhafatosos, o tom de voz é alto, as cantadas são explícitas, a megalomania é indisfarçada, a falta de cerimônia é geral. Não há mais espaço para a sutileza, para o pedido de licença, para as atitudes suaves, para a discrição... Ou a criatura faz parte do rebanho, ou é um metido a besta”. No mínimo por certo. A maioria não sorri, apenas gargalha, aos gritos; a cada gol do seu time de futebol, ou do adversário do “inimigo”, berros idiotas nas janelas, ditados pela ignorância, pelo fanatismo; aparelhos ligados em alto volume a qualquer hora e festinhas infantis que passam da meia-noite; lixo atirado no chão, junto com cuspe e urina, pelas esquinas, em cidades que querem ser sedes da badalada copa do mundo; encontros religiosos em parques públicos na base do improviso, da lavagem cerebral, do marketing rasteiro, da agressão às plantas, e à paciência dos outros, coitados... Uma festa maluca! E, depois disso tudo, os índios nus é que são selvagens, primitivos, indecentes. Seria bom que cada um de nós, repito, dedicasse um pouco de tempo à leitura, à reflexão, ao silêncio nobre, talvez até sem a obrigação hipócrita de estar vestido. É uma utopia?...

 

junho/2012

 

*Paulo Pereira

Escritor, tradutor, biólogo,

o naturista mais antigo do Brasil.


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