Jornal Olho nu - edição N°139 - junho de 2012 - Ano XII

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Renata Freire, a embaixadora do interior paulista

por João Batista Pereira*

 

Renata Freire iniciou no naturismo em 2005, na fundação do NIP (Naturistas do Interior Paulista) em Campinas. Desde então participa na organização do Grupo e na diretoria desde 2007. Eleita Presidente em 2010. Tem participado de quase todos os eventos a nível nacional, encontros de dirigentes, congressos, encontros e outros. É membro do Conselho de Ética da Federação Brasileira de Naturismo. Concedeu entrevista a João Batista Pereira quando se comemorava o sétimo aniversário do grupo que preside, num encontro que reuniu o SPNat, outro grupo considerado afilhado do NIP.

 

Renata estava satisfeita porque "é muito gostoso ver que o pessoal está comprometido, buscando o Naturismo saudável, praticado com regularidade, aumentando a conscientização pelo que ocorre à sua volta e no ambiente natural."

 

Após o "desmame" do SPNat do NIP, o grupo, sob sua batuta, está assessorando um outro novo grupo, agora em Baurú, que "já tem uma célula em formação, mas que encontra alguns problemas técnicos para sua implementação. Inclusive um jornal da região fez uma grande matéria, bem escrita e fundamentada, divulgando o grupo, que gerou um grande interesse da população local. Não se pode perder a oportunidade" afirma. Mas há outros grupos em gestação em locais ainda mais distantes de Campinas que pedem ajuda ao NIP para sua formação. Eles já se reúnem e têm recebido incentivos para suas organizações.

 

Renata é partidária de que o Naturismo em áreas privadas possa acolher também aqueles que ainda não se decidiram pela nudez. Ela acha que não há nada de mais ter uma ou outra pessoa que acompanha o marido e que ainda não tem certeza se é ou não naturista. "Mas é claro que estas pessoas devem ser  trabalhadas, acompanhadas e estimuladas a também tirarem a roupa. Talvez o companheiro não tenha obtido sucesso, mas pessoas diferentes, olhando nos olhos, podem ser mais certeiras. As pessoas mal intencionadas não permanecem, pois não há espaço nem ambiente para elas." No entanto ela acredita que em ambientes abertos, como as praias, não há como realizar o mesmo tipo de trabalho. "Acho, porém, que as pessoas não precisam se incomodar tanto só com o olhar dos curiosos. Não é preciso ser tão radical, o contrário pode aumentar o número de praticantes. A gente não tem que brigar com elas, tem é que trazer para nós, tentar trabalhar isso de forma harmoniosa".

 

Quanto aos contatos virtuais, o primeiro passo no Naturismo de muitas pessoas, elas diz que, pela experiência que tem tido, as pessoas ficam lendo as mensagens dos grupos, mas na grande maioria sem participar ativamente de nada, somente como curiosos. Se não for "a praia" delas, acabam desistindo. "Mas se você 'bate', elas revidam. A gente tem que aprender a trabalhar com nossa paz interior".

 

Renata ajudando na eleição do SPNat

"Reconheço que o trabalho desta forma não é fácil", continua Renata. "A gente vê que o trabalho de quem cuida das praias, daqueles que lutam por ela com responsabilidade, há muita dificuldade, principalmente para manter o ambiente harmonioso. Mas seve procurar primeiro a pacificação do que já sair 'batendo'. Instintivamente hoje a gente é muito mais agressiva", afirma.

 

Sobre os sete anos do NIP, Renata afirma que o grupo "sempre foi muito privilegiado, porque foi criado por um grupo de jovens, que é o nosso grande diferencial. Ele brigou contra todo o status quo que estava estabelecido do Naturismo dos casais. Mesmo que, na época, entre aqueles que ajudaram a criar o grupo houvesse algum preconceito contra o homem sozinho, eles não poderiam negar sua existência porque muitos dos jovens não eram casados. Tiveram que trabalhar esse contraste e não podiam negar. Tinham que aceitar de qualquer forma. Isso foi muito bom para o amadurecimento do NIP, porque nos obrigou a conviver com a diversidade, os homens e mulheres sozinhos, homossexuais e casais casados e até swingers. Tudo estava lá no bolo do conhecimento"

 

Renata lembra que quando veio para o Naturismo ela sabia apenas da nudez. Mas não sabia que havia "gente infiltrada com má intenção ou que poderia encontrar alguém assim...". Continua: "- não é que eu fosse uma jovenzinha ingênua, mas eu não esperava encontrar preconceito contra gente sozinha ou contra homossexuais, já que eu mesma não o tinha."

 

"Nos primeiros momentos do grupo, as pessoas que chegavam tinham que se apresentar e aparecer. Se nesta convivência se constatasse algum tipo de distúrbio de comportamento que não fosse naturista, aí a gente poderia conversar para sair. Nestes sete anos, no entanto, nunca precisei por ninguém para fora do grupo. Já tivemos problemas e a gente resolveu conversando. Outros saíram por si sós, porque quando colocávamos o problema ocorrido em debate, o indivíduo não respondia nada na hora, mas depois deixava de vir. Pode ser até chatice minha em termo de foco, mas eu sou sempre pela pacificação. Tem que sentar e conversar com a pessoa", afirma.

 

"Tem gente que tem comportamento distorcido porque bebeu demais e não sabe controlar-se. Há outros que vêem a reunião como uma novidade, se deslumbram e também distorcem suas atitudes. As pessoas são diferentes e não se tem que colocar a etiqueta nelas e crucificar e julgar. Temos é que conversar, pedir o respeito pelos outros e pedir para repensar seu comportamento".

 

"Não quer dizer que eu tenha conseguido resolver todos os problemas dessa forma, mas a gente sempre tem que buscar solucioná-los da forma mais pacífica e harmoniosa possível", conclui.

 

Para quem quiser se tornar membro do Naturistas do Interior Paulista, Renata lembra que o NIP é um agremiação regionalizada e de prática, ou seja "não é um grupo de ficar batendo papo na Internet. Esta é apenas um instrumento de trabalho para marcar encontros e passar informações direcionadas ao encontro. Como é regionalizado, se o interessado não estiver em um local onde não seja possível participar de um encontro do NIP, normalmente, a gente não aceita seu ingresso no grupo. Hoje em dia o NIP exclui a Grande São Paulo e a Cidade de São Paulo, porque já há o SPNat para estes interessados. Quem é do litoral paulista pode optar entre o NIP e o SPNat, mas temos incentivado a formação de novos grupos nestas regiões, porque acreditamos que há um grande potencial para isso e muitas possibilidades de praias para a prática do Naturismo. Por outro lado sentimos uma certa rejeição por parte de grupos que se organizam no litoral pelos grupos do interior, acredito que seja justamente pela facilidade de encontrar um cantinho em uma praia deserta e resolver sua vontade da nudez".

 

"No site da Federação Brasileira de Naturismo (www.fbrn.org.br) existem muitas indicações de onde encontrar o grupo naturista mais perto de onde o interessado vive, para que ele possa participar integralmente das atividades do Naturismo. Entrando em contato, eles repassam para o grupo mais adequado - isso já está ficando bem organizado - e é um reconhecimento da necessidade da regionalização. Não adianta eu ter um sócio do NIP em Manaus. Ele nunca vai vir aqui. Eu nunca vou poder entregar o passaporte (cartão INF) para ele. Hoje o que eu pego são alguns de Minas, que estão no limite dos estados, que estão muito longe do CNEM (Clube Encanto de Minas), mas sempre procuro incentivar a criação de novos grupos. Os associados do NIP são oriundos na quase totalidade do interior do estado de São Paulo, chegando às fronteiras do Mato Grosso e Paraná. Mas a nossa meta é ajudar a formar grupos menores nestes locais todos, como está acontecendo em Baurú, e também em São José do Rio Preto."

 

"Nada anda sozinho, nem a Renata é que tem que formar novas associações. As lideranças tem que despertar através destes grupos. Elas tem que se identificar e querer ajudar. Se houver no grupo alguém interessado em trabalhar pelos seus interesses, aí sim, nós damos todo o apoio e nos dispomos a acompanhar e orientar e ajudar a ver espaço. Mas não é o NIP, não é a Renata, não é o Serginho que tem que ver isso sozinho".

 

"No pedido de entrada no NIP, o interessado vai participar de nossas conversas virtuais para ver como é que funciona o grupo e se tiver iniciativa e vontade de pegar e trabalhar, ajudamos a formar um novo grupo. Este é o nosso jeito de trabalhar, mas ainda vai lento."

 

Para entrar em contato com o NIP visite seu site: http://www.nip.org.br/

 

Entrevista concedida em 22 de abril de 2012.

 

*Membro da ANAbricó


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