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Jornal Olho nu - edição N°138 - maio de 2012 - Ano XII

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Naturalmente - maio de 2012

por Paulo Pereira*

 Prossigo falando das repercussões do meu novo livro, “Sem Pedir Julgamentos”, Editora Livre Expressão – 2011, pois, afinal, tenho recebido inúmeros telefonemas, e mensagens pela internet, destacando facetas e enfoques. Alguns amigos insistem em enfatizar as questões da percepção em vez do simples olhar, a busca serena e consciente do silêncio interior, as agressões e intolerâncias de uma boa parte da sociedade majoritária em relação à nudez, ao sexo, às liberdades individuais... Fico, então, mais convencido de que, de fato, uma ampla reflexão se impõe mais do que nunca. O texto do meu livro, no seu todo, não pretende ser meramente digestivo, suave, agradável e sem compromissos. Ao contrário, procurei a referência adequada, o prestígio histórico-científico e, sobretudo, uma linguagem simples e direta.

O capítulo 16, por exemplo, é dedicado ao que chamo de “silêncio nobre” o nosso precioso silêncio interior, reflexivo, desarmado, corajoso. Reafirmo aqui e agora que me parece que falta tempo, na maioria dos casos, para meditar. As pressas exageram... Vale certamente repetir José Castello, que citava Liev Tolstoi: “Há horas em que devemos nos entregar à beleza e preferir o silêncio. Há muitas horas em que as palavras não servem para nada”... E, muito menos, o barulho, a algazarra! Evitemos os transbordamentos, a pressa permanente, a tagarelice idiota, o disparate vicioso. O silêncio nobre é povoado por vozes atemporais, por sons infinitos, que pedem melhor atenção.

Refletindo serenamente, em silêncio, buscando referências sólidas e percepção clara, veremos melhor que as intolerâncias, preconceitos e sectarismos não podem ter vez e voz.

No capítulo sexto, ao falar de vontades nuas, destaquei uma crônica do amigo Jorge Bandeira sobre a nudez da atriz Cleo Pires, e versos escritos no corpo dela, tudo estampado na capa da revista PlayBoy, agosto de 2010: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já tem a forma de nosso corpo, esquecer os nossos caminhos que levam sempre ao mesmo lugar. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos”... Creio ser realmente precioso refletir, agora, sobre nossos caminhos já tão conhecidos, repetidos. O desnudamento, que inclusive o Movimento propõe de longa data, deve ser integral, corpo e mente, na travessia dos rios de paixões, sectarismos e meras conveniências, dos mitos, modismos e vícios, na certeza de encontrar, na outra margem, afinal terras mais férteis, ares puros e pastos verdejantes...

O meu livro “Sem Pedir Julgamentos” é minha renovada mensagem de paz silenciosa, racional, de preferência natural, sem quaisquer julgamentos apressados, procurando distância de convicções imutáveis, mas sempre no prestígio da natureza indomável, assimétrica, viva.

Faz bem certamente, a todos, uma atitude reflexiva, que valorize a boa percepção, a aceitação do natural. É tempo de travessia...

*Paulo Pereira

Escritor, tradutor, biólogo,

o naturista mais antigo do Brasil.


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