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Jornal Olho nu - edição N°137 - abril de 2012 - Ano XII

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INCLUSÃO SOCIAL E NATURISMO

por Evandro Telles*

Desde que o homem desceu das árvores ele tem necessidades especiais, precisou de instrumentos que pudessem ajudá-lo na sua caça competindo com os verdadeiros assassinos naturais. Mais ainda, precisava de outros para que lhe ajudasse. Assim tornou-se um macaco caçador desenvolvendo suas técnicas na caça e ao mesmo tempo na sua cooperação social. “O Macaco Nu” de Desmond Morris.

Eis que surge na atualidade o termo “inclusão social”. Antes os da própria espécie se preservavam e agora, em pleno século XXI precisamos fazer “inclusões sociais”? Deixa bem claro que existe exclusão, essa mania de esconder através de palavras bonitas a doença, o câncer não curado de uma sociedade que se chama “preconceito” não irá ajudar em nada. Não precisaríamos de “inclusão” se todos se olhassem com igualdade, não somos estranhos uns aos outros, a fonte que criou a vida é a mesma.

O nosso modelo econômico adora estatística. Os índices preferidos são: média, desvio-padrão, maiores consumidores de uma região, quais produtos são consumidos e para evitar enganos conta ainda com a probabilidade de erros de amostras. Enfim, sempre voltados para a maioria, todos esses indicadores são influenciados pelo número de amostras obtidas. As coisas são criadas a partir desse padrão, e a minoria? Onde fica nesse jogo?

O filósofo Paulo Ghiraldelli Jr em seu artigo “O fim da inclusão?” em 10/06/11 coloca algo interessante para ser pensado: “Posso tranquilamente redescrever esses corpos como perfeitos, sabendo muito bem que a imperfeição é do meio ambiente, e de responsabilidade ou da natureza, que pode ser mudada, ou da mentalidade de arquitetos e designers, que deve ser mudada”. Continua ele no parágrafo seguinte dizendo: A própria palavra “inclusão” deverá desaparecer ou, no mínimo, ser usada de outra maneira. Afinal é o mundo que tem de ser incluído na vida das pessoas. Não temos que descrever as pessoas como peças ruins que estão fora do mundo e devem ser “incluídas”.

Quem precisa de inclusão são nossos animais muitas vezes maltratados por crianças nas ruas ou por adultos que colocam neles fogo por prazer de vê-los morrerem. São os animais colocados em laboratórios para testes em total demonstração de falta de humanidade. “A Verdadeira Face da Experimentação Animal” de Sérgio Greif & Thales Trêz. O ser humano não, ele está incluso é a Sociedade que deve se adequar e não adianta usar termos pomposos para fugir a essa responsabilidade ou esconder seus preconceitos.

O Naturismo aprende o que a natureza ensina, não é cortando o corpo para se ajustar à calça e sim a calça que deve ser ajustada. Logo, Naturismo como uma filosofia igualitária, libertária dentro dos princípios de harmonia e respeito jamais poderá usar as palavras inclusão ou exclusão, sejam por quais motivos forem. Sei que nesse ponto sempre é lembrado sobre o problema de homens desacompanhados, penso que a atitude mais correta poderá ser resolvida por uma questão de gerenciamento e não por repressão, chega de invencionice.

Nascemos para crescer e evoluir e o Naturismo tem que mostrar seus objetivos que contribuem para fazer o ser humano melhor: a) igualdade entre os sexos; b) Eliminação da obsessão do corpo; c) Aceitação de si mesmo; d) respeito à natureza; e tantos outros mais que podemos elencar. O que precisa para isso? CONSCIENTIZAÇÃO. É preciso estudar Naturismo à luz de outros valores sociais, é preciso que os que praticam possam sentir orgulho e não precisem ficar escondidos atrás de máscaras. Como me disse o Gilson Ribeiro falta doutrinação e eu ainda insisto com a leitura de livros, artigos etc.

No processo de conscientização chegará uma hora que o indivíduo perceberá a riqueza do Naturismo, que ele está tão livre que as roupas se tornam indiferente. Nos dias frios vamos nos encontrar vestidos, nos de calor vamos tirar. Tudo na maior naturalidade, sem nenhuma dificuldade. Mas em todos os encontros vamos também discutir assuntos relevantes para a espécie humana, não ficando alheios aos problemas sociais e sim numa profunda compreensão das dificuldades dos nossos semelhantes.

São nossos valores que devem ser incluídos na célula do corpo da sociedade, abraçando as causas em defesa dos animais, do meio-ambiente, da liberdade ou qualquer outra que traga dignidade ao ser humano. Aprendemos que a nossa nudez é digna, agora temos obrigação de ensinar, é a única inclusão que podemos fazer, a inclusão de nossos ideais para construção de um mundo melhor.

*Evandro Telles

é o presidente do grupo

Naturismo Capixaba

24/06/11


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