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Jornal Olho nu - edição N°133 - dezembro de 2011 - Ano XII

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DEIXE O NATURISMO FLUIR

por Evandro Telles*

Que esforço fizemos para nascer e crescer? Nenhum. Que esforço fazemos para respirar? Também nenhum. Tudo se move por conta própria, a vida flui por si mesma e estamos indo juntos para nenhum lugar, simplesmente fluindo.

A natureza flui e não há nada que se possa fazer para melhorar, quando se tenta aperfeiçoá-la, ela é mutilada. Um pássaro talvez viva melhor que o ser humano, ele dança no ritmo e não procura estabelecer metas e objetivos. Nós não, queremos que o todo se mova de acordo com a nossa vontade. Quem somos nós para isso? Uma pequena partícula nesse universo que destrói até mesmo o pequeno espaço em que vive!

O ser humano esqueceu o que é natureza, a condena por meio da repressão do sexo e do amor. A natureza inteira é um transbordamento de energia sexual e de amor. O próprio nascimento de uma criança representa essa energia e depois em nome de conceitos morais querem destruir todo o encanto. Essa repressão e o moralismo só fazem criar o oposto e todo tipo de distorções em relação ao próprio corpo, ou é condenado ou cria-se um “glamour”, eles são sócios do mesmo negócio. Não teríamos nenhuma revista pornográfica se o corpo fosse tratado com naturalidade. Luz Del Fuego já dizia: “Para a fome temos o pão, para a sede a água, para a imoralidade, a nudez”.

Muitas vezes já disse que Naturismo não é só tirar as roupas, mas também é despojá-las. Vejo hoje no portal do Jornal Olho Nu na seção “carta do leitor” o comentário de Eduardo Thadeu sobre “mulheres naturistas” citando o uso intenso de cangas e roupas por parte das mulheres. Mas essa observação não é de hoje. O Elias no Encontro dos Dirigentes Naturistas em 2010 tinha feito essa observação, até o jornal local “A Tribuna” citou que o uso de roupas divide os naturistas.

Em um dos meus textos citei que as palavras têm um sentido, mas também têm suas implicações, mas não são somente as palavras, nossas ações também. Em áreas naturistas, se há obrigatoriedade da nudez em áreas de banho, o Naturismo perde o sentido porque é um movimento libertador. Se você não se importa com a nudez do outro desde que o outro não se importe com a sua, neste caso está sendo egoísta, porque o outro não evolui só você. Área naturista é para exercer a nudez ponto. Vejam bem, não estou considerando a questão do frio e de outros empecilhos e exceções.

O verdadeiro problema é outro, não está disponível aos nossos olhos. O Naturismo é o único estilo de vida que permite à mulher a plena igualdade com o homem, ela nega esse direito no momento que não faz uso da prerrogativa de exercer a sua nudez. Ela ainda está presa aos grilhões sociais que não a deixa livre, se torna um pássaro quando consegue entender o objetivo do Naturismo, mas um pássaro dentro de uma gaiola. Obrigatoriedade da nudez ou permissão para uso de roupas o problema é o mesmo, falta de consciência.

Faço convites para diversas pessoas visitarem o grupo que frequento, e ainda digo que não será exigida a nudez dele (a). Agindo assim, estamos permitindo que a pessoa entenda que o Naturismo é algo que o (a) transforma, começa a ver o mundo numa outra perspectiva. Agora, se esse (a) convidado (a) encontra os homens nus e as mulheres vestidas, irá pensar o quê? Isso é clube do bolinha? Em nada irá acrescentar, o propósito não é esse.

Se você é um (a) naturista, deixe o Naturismo fluir, não se esconda, porque assim toda a beleza e o encanto surgem com a mesma sintonia da natureza. Lembro quando fui assinar para a FBrN a minha nomeação como coordenador do CENA – Centro de Estudos Naturistas, criado pelo Edson Medeiros. Nunca fico enrolado numa toalha em área naturista, a não ser quando estou me enxugando ou com frio. Não sei por que, mas nessa hora eu estava com a toalha na cintura, a Glacy então me disse: “Tira, assim está muito feio”, e estava mesmo. Diferente do mundo social, o uso de vestimentas nas áreas naturistas deixa o ambiente mais feio.

Também não é uma questão de ver a nudez do outro e sim de ver que o outro cresceu e se tornou mais consciente do seu papel como agente transformador de uma sociedade doente que até então só o (a) valorizou pela sua aparência. A nudez do naturista é uma nudez com dignidade, não é uma mercadoria exposta à venda. Todo o conceito muda quando você muda.

“NÃO É UMA MEDIDA SALUTAR SER BEM AJUSTADO A UMA SOCIEDADE PROFUNDAMENTE DOENTE” (Krishnamurti)

É tudo uma questão de consciência, portanto, deixe o Naturismo fluir em sua vida.

Evandro Telles

03/12/11

www.evandrotelles@blogspot.com

(enviado em 3/12/11)


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