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Jornal Olho nu - edição N°126 - maio de 2011 - Ano XI

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ENTREVISTA COM EDSON MEDEIROS

Naturis: Você poderia apresentar-se aos nossos leitores?

Edson: Nasci em São José dos Campos, SP, aos 29 de agosto de 1940. Sou casado e pai de três filhos.

Formei-me no Instituto de Zootecnia e Indústrias Pecuárias “Fernando Costa”, trabalhei durante certo tempo como técnico em laticínios. Depois fui cronometrista (controle e racionalização do tempo) em uma indústria. A seguir fiz um curso de propaganda no Rio de Janeiro e trabalhei alguns anos no setor. Em Salvador me formei sociólogo, pela Universidade Federal da Bahia e trabalhei no Instituto de Ciências Sociais. Foi uma experiência muito rica e pude fazer diversos cursos paralelos, ter como professores A. L. Machado Netto, João Ubaldo Ribeiro, Vivaldo da Costa Lima, além de conhecer e conviver com diversos nomes hoje consagrados na música Popular Brasileira.

Desde cedo participei da política estudantil, como dirigente de “grêmio” ou como simples estudante, a protestar contra o AI-5 e a Lei 477, que de fato instituiu a ditadura no Brasil, acabou com a autonomia da universidade e manietou o movimento estudantil.

Ainda estudante iniciei o meu trabalho no magistério, sem preterir a participação no movimento sindical.

Já casado fiz o curso de Pedagogia, com habilitação em Orientação Educacional e Administração Escolar. No Pós-graduação (PUC-SP) tive três grandes mestres, que tiveram significativa influência sobre a minha maneira de pensar: Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Maurício Tragtenberg. A estes e a tantos outros devo a minha “visão de mundo”, o gosto pela reflexão, a preocupação com o social e a certeza, cada vez maior, de que a vocação ontológica do homem é a de ser sujeito e não objeto.

Creio que esta “história de vida”, esta sucessão de “instantes de consciência”, levaram-me a abraçar a “utopia naturista”, na medida em que este movimento soma esforços com outros movimentos que procuram desvelar os mecanismos que manipulam as consciências, que transformam o homem em animal predador da terra onde pisa, que desumanizam as relações sociais e que distanciam o ser humano da sua realidade mais essencial - o seu próprio corpo!

Naturis: Quando e como foi a sua primeira experiência naturista?

Edson: A minha primeira experiência naturista foi ao nascer. Nasci nu. Creio que todos nascemos nus! Depois me “impuseram” a roupa e junto com ela uma série de códigos e valores. Quando me casei teve início um processo de libertação. Com dois casais amigos, praticávamos a nudez em grupo quando íamos à nossa casa em Caraguá, cidade turística de SP, mas, em verdade, a minha primeira experiência naturista em ambiente naturista foi na Praia do Pinho, aos 25 de fevereiro de 1990.

Naturis: Você poderia falar um pouco sobre seu trabalho em prol do naturismo?

Edson: Comecei escrevendo alguns artigos para a revista “Pinho É” e fazendo o primeiro levantamento sociológico dos naturistas. Depois me “nomearam” “filmador oficial” da FBN. Com a minha câmera amadora passei a registrar os eventos naturistas, não só na Praia do Pinho, mas também em outros locais onde o naturismo se implantava. A idéia básica era preservar a memória histórica deste movimento, as imagens do naturismo que nascia na Praia do Pinho e se irradiava pelo Brasil, graças ao trabalho da FBN (Federação Brasileira de Naturismo). Dos filmes feitos para divulgação dos ideais naturistas, sempre com a autorização expressa das pessoas envolvidas, fiz de maneira “artesanal”, sem nenhum recurso de estúdios, mais de 600 cópias. Este foi realmente um trabalho estafante! A renda era integralmente revertida às associações e à FBN.

Depois de um certo tempo fui eleito para o Conselho Deliberativo da AAPP. Desta associação fui posteriormente vice-presidente e presidente. Hoje pertenço ao Conselho Maior da FBN, sou diretor do CENA (Centro de Estudos Naturistas) e ocupo um cargo que muito me honra: a vice-presidência do Clube Rincão Naturista, em SP.

Escrevi também uma monografia, à qual dei o nome de “Naturismo e Novas Vivências”. Nas 35 páginas que compunham o trabalho expus a minha opinião sobre o Movimento Naturista e as suas potencialidades que, no meu entender, poderiam ser dinamizadas em termos de vivência, criatividade e ação transformadora.

Naturis: Como você vê o naturismo no Brasil?

Edson: É um movimento que se irradia e penetra nos poros da sociedade. Com isto quero dizer que hoje os meios de comunicação (TVs, jornais, revistas, rádios) abordam o tema de maneira objetiva e honesta; propagam o nosso movimento com uma simpatia surpreendente. Os locais naturistas multiplicam-se e crescem, cada vez mais as pessoas não ficam constrangidas em se declararem naturistas. Há uma aceitação crescente por parte da sociedade.

Naturis: Dê sua mensagem aos nossos leitores.

Edson: A união faz a força. Se, de fato, você é naturista participe do movimento associando-se ao núcleo, clube ou associação do seu estado.
Às associações que ainda não estão filiadas à Federação Brasileira de Naturismo peço a reflexão sobre a importância de unificarmos o movimento, de congregarmos esforços, de estabelecermos vínculos com as associações e núcleos que hoje se estruturam a nível nacional. Fortalecer a FBN é, antes de tudo, acreditar no naturismo e tornar-se agente da sua história.

In: “Naturis”, no 13, pág. 10. Janeiro/Fevereiro-1997

(enviado em 14/04/11 por Evandro Telles)


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