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Jornal Olho nu - edição N°123 - fevereiro de 2011 - Ano XI

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Custe o que custar

por Pedro Ribeiro*

 

O mineiro Daniel Brethsen é apaixonado pelo naturismo, mas mora numa cidade onde o tabu sobre o assunto é "pra lá" de grande. Mas, segundo ele, sua "sede em viver a pureza da alma", através de estar e se comportar nu é tão maior que este tabu, que ele decidiu praticar sua nudez custe o que custar, como forma de protesto e como "forma de amor" ao ato de estar nu.

 

Então resolveu sair nu pelas ruas de sua cidade e colocar sua sede em prática também em casa, para mostrar que não existe nenhum mal numa pessoa despida, a maldade sai de cada um de nós.

 

"Ninguém me impedirá de viver o 'naturismo autônomo', essa é a minha forma de lutar pelo o meu direito de ficar nu."

 

"Estar nu diante das pessoas, para mim, é a maior riqueza que posso carregar como experiência e incentivo, para toda a vida." Afirma Daniel. E Continua: "Ficar trancado em um tabu estúpido estabelecido pela sociedade, não é o que eu recomendo. Tenho uma grande tristeza em saber que existem pessoas que nos perseguem por não compreender a nossa filosofia de vida e a importância de estarmos completamente despidos.

 

Ficar despido diante das pessoas para mim, foi a maior riqueza que posso carregar como experiência e incentivo. O engraçado é que a sociedade não aceita essa atitude, mas todos adoram ver uma pessoa nua. Todos se acotovelaram nas janelas dos carros para me ver nu e, é claro que, eu não escondi nada. Cumprimentei as pessoas normalmente, embora eu me sentia um alienígena na cidade com as pessoas parando os carros pra me olhar, mas na ironia, sou tão humano quanto qualquer pessoa deste planeta.
 

Cheguei até a pensar que no fundo no fundo, as pessoas ali, disputando um lugar só para me ver nu, talvez, fossem mais apaixonadas pelo naturismo, do que eu, naquele momento." Se diverte, e completa: "-Incoerência, não?"
 

Daniel diz ter uma grande tristeza por saber que existem pessoas que perseguem os naturistas, porque, segundo ele, não compreendem a importância desta filosofia de vida. Também critica alguns naturistas que não conseguem enxergar além dos olhos e admirar a alma alheia, as qualidades do próximo.

 

Daniel deu sua própria definição de Naturismo: "Naturismo não é somente o ato de estar sem roupas diante de outras pessoas ou então, o ato de não ter vergonha de se despir. Naturismo é a melhor e a mais correta maneira de nos aproximarmos de Deus além da oração e a melhor forma de enxergarmos exatamente onde Deus está na outra pessoa, enxergar de fato a beleza interior do próximo."

 

"Quando entendemos a importância do nos desfazermos de nossas vestes, não existe mais a pessoa negra ou branca, a pessoa magra ou acima do peso, o africano ou o japonês. Todos são nus pela mesma criação. E chegar ao ponto de entender isto, nos torna mais puros, despido de preconceitos, despido das invejas, nós ficamos desacorrentados de tudo aquilo que nos critica. E isso é o ápice da pureza humana, então começamos a enxergar a virtude do outro e a entender o porque o outro está vivo, o porque Deus o quer aqui."

 

Daniel se dedica na luta pela aceitação desse estilo de vida, o de andar sem roupas em todas as ocasiões. Debate esse assunto entre as pessoas, dando palestras para grupos de jovens nas faculdades, convidando pessoas até sua casa para conhecer este lado de sua vida, compartilhando sua experiência com os demais e incentivando-os a "pular pra esse time".

Foi um prazer para mim, compartilhar a minha experiência de viver o naturismo.
Viva o naturismo!
 

O Jornal OLHO NU questionou algumas das atitudes de Daniel. O resultado desta entrevista você lerá abaixo.

 

OLHO NU: Será que para essas pessoas que "correm" para ver você andando nu pelas ruas compreenderam o que é Naturismo com sua atitude?

 

Daniel: - Muitos dos que me viram nesse dia, dias depois, vieram conversar comigo sobre o "por que" da minha atitude, eu expliquei a eles que foi desespero meu, por não aguentar mais usar roupas. Não citei o naturismo logo de cara para não confundir. Mas fui explicando, aos poucos, a razão que me levou ao "fanatismo da nudez". Alguns acharam interessante o meu ponto de vista, a minha forma de pensar.

 

Em algumas faculdades aqui da minha cidade existe um projeto criado pelos próprios jovens da faculdade, a fim de dar espaço para pessoas com "outras" formas de pensamento e de comportamentos não comuns na sociedade, para poderem compartilhar o quê e o modo como elas vivem com os outros, através de uma palestra (foi aí que eu participei) interativa com os jovens estudantes.

 

Nestas palestras todos têm o direito de não só contar, mas também de explicar e de apresentar um outro mundo pouco visto pela sociedade, interagindo e esclarecendo muitas coisas aos jovens, com finalidade de diminuir o preconceito e "arrecadar" seguidores. Um evento bem decente e receptivo sem vaias e grosserias. Mas com curiosidades.

 

Pode ficar tranquilo que não "queimei o filme" dos naturistas pela minha atitude, até porque, o tabu aqui quanto a isso é tão enorme, que tive que explicar a cada um que falou comigo, o que era naturismo (e foi por isso que fui convidado a dar palestra).

 

E o que expliquei sobre o naturismo foi exatamente aqueles pontos básicos sobre o respeito e a aceitação do corpo humano de forma integral. Minha atitude, embora pareça precipitada, me ajudou muito a desenvolver este assunto na cidade, corroborando com minha intenção, que era essa mesma, de chamar atenção como protesto, para que alguém viesse curioso depois.

 

Antes disso eu tinha tentado outras formas de conseguir ser ouvido, sem precisar tirar a roupa, fazendo reuniões com amigos para apresentar o meu ponto de vista, tentando abrir o assunto com alguém, tentando colocar uma coluna sobre isso nos jornais da cidade e recebendo um não, é claro. Como nada adiantou, foi por isso que apelei e daí sim, adiantou. Não aguentava mais esse tabu.

 

OLHO NU: Você já tentou organizar um grupo de naturistas em sua cidade, para encontros em locais adequados para convivência e vivência da filosofia naturista?"

 

Daniel: Pela minha ousadia, que me deixou conhecido entre os jovens da minha cidade, eu consegui quebrar o tabu em muita gente, a ponto de eu estar agora mesmo por um triz, de abrir um grupo "Naturistas do Sul de Minas", o "NASULMIN" "porque NASULMINmos as roupas de forma alguma!" Não tenho fotos em grupos porque eles mesmo não aceitaram serem fotografados nu, AINDA. Todos prometeram tempo para criar coragem de se assumirem socialmente. Nós temos praticados o naturismo em comunidade é claro, na casa de amigos "convertidos".

 

Por tanto, aproveito para perguntar, quais são os protocolos para se criar um grupo naturista? No nosso caso, o NASULMIN?

 

OLHO NU: Você deve entrar em contato com a FBrN e fazer uma consulta: presidencia@fbrn.org.br

 

Em algumas fotos (que não foram publicadas) que você enviou algumas destacam as suas partes genitais. Você não acha que elas podem levar o visualizador das fotos a uma conotação pornográfica?

 

Daniel: Quando bati minhas fotos, minha cabeça estava tão no objetivo de protesto, que não as percebi pelo ângulo da pornografia, mas refleti e acho que algumas podem realmente levar a uma interpretação deturpada.

 

Peço desculpas por ter passado uma mensagem pornográfica em algumas fotos, quando me fotografei, minha intenção não era essa.

 

Agradeço ao jornal OLHO NU por estar me dando este espaço para eu compartilhar minha atitude com os outros.

 

Meu e-mail e meu facebook é dbrethsen@gmail.com

 

 

(realizado em 17 de janeiro de 2011)


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