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Jornal Olho nu - edição N°120 - novembro de 2010 - Ano XI |
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UMA VISÃO COLONIZADA DO ÍNDIO Por Jorge Bandeira*
Este texto não visa minimizar os terríveis fatos do choque de culturas, responsável direto pelo aniquilamento de diversas tribos indígenas no decorrer do processo “civilizatório” oriundo da colonização de nosso território. O grande pensador das culturas demonstra que este ideário romântico foi forjado após o triunfo da Revolução Francesa de 1789, salientando que a base do pensamento revolucionário francês foi erguido graças a divulgação de ideias iluministas, das quais Rousseau foi um dos grandes expoentes.
Em relação ao contato pós conquista é claro, os índios foram os perdedores, as vítimas de toda uma crueldade dos europeus que não se preocuparam em nenhum momento em ter os índios como parceiros no avanço cultural e social, impondo uma cultura a fórceps, e nisso resultou o extermínio de tribos em número alarmantes. E aqui entra a noção e conceito de NATURISMO, que não deve ser enquadrado automaticamente como uma condição da civilização indígena, pelo menos a partir dos estudos de etno-história pioneiros realizados no final do século XX. Ora, o índio, primeiramente, é um ser humano, condicionado pela situação social, ou então voltamos ao século XVIII e consideramos o índio uma entidade abstrata, transcendental, com nenhum vínculo com a natureza, essa sim, transformadora e que se mantém por uma condição infinita de construção e destruição.
Um índio não é, necessariamente, um NATURISTA, nos termos em que entendemos hoje o Naturismo. A relutância com a nudez está presente em todas as civilizações, inclusive a indígena. Infelizmente esta visão simplória do índio nu e em perfeita harmonia com os seus e com a natureza tem esmagado e reduzido às cinzas a capacidade de atuação dos que entendem que este índio utópico deve ser erguido ao patamar dos estudos pioneiros dos etno-historiadores, que quebram a visão maniqueísta de todas as civilizações e sociedades, e fazendo, desta forma, que as acomodações ideológicas e das doutrinas do Ocidente cristão, sejam postas a prova, estabelecendo um novo pensar sobre os índios. Se nosso índio hoje está relutante em ficar NU, a culpa cabe a esta estrutura colonial que foi vitoriosa com os auspícios do Cristianismo. O tempo não volta atrás. Cabe ao Naturista pensar em estratégias de inserir seu discurso a um povo que já deixou se der há muito tempo aquele bom selvagem de antes da Revolução Francesa. Se é que este índio um dia existiu, verdadeiramente. *Naturista, um dos fundadores do Graúna, Grupo Amazônico União Naturista. Vicepresidente da FBrN. Historiador e especialista em História social da Amazônia(UFAM) e Africanidades(UNB) Recife, 16 de agosto de 2010. (enviado em 26/09/10 por Jorge Bandeira) |
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