') popwin.document.close() }

Jornal Olho nu - edição N°114 - maio de 2010 - Ano X

Anuncie aqui

DA NUDEZ DO CORPO À NUDEZ DA MENTE

por Evandro Telles*

 

Para a fome temos o pão, para a sede a água, para a imoralidade, a Nudez.

(Luz Del Fuego – A Verdade Nua – 1950)

 

Nos anos de 80, quando tínhamos uma inflação bastante acentuada, as pessoas tinham alguma fórmula econômica para evitar a desvalorização de seu dinheiro, parecia que todas eram economistas. Atualmente, virou moda falar em defesa do meio-ambiente e da natureza, todas agora são biólogas? Mas existe algo em comum nestas observações: As pessoas. Sim, o ser humano.

 

A Economista Maria da Conceição Tavares, na época, dizia que por trás dos números econômicos, existiam as pessoas que sofriam os impactos de qualquer tipo de intervenção na economia. Do mesmo modo, qualquer agressão à natureza também refletirá na vida de todos nós. Simples de entender. Os recursos naturais (econômicos) e a natureza (meio-ambiente) influenciam nosso estilo de vida. Só que, esquecemos que somos parte desta natureza. Agora, temos que consertar o estrago que fizemos. E não será nada fácil!

 

Reintegrar o homem à natureza é uma tarefa árdua dos naturistas, isto porque a nudez é sempre vista pelos menos avisados como imoral. Esta não tem nada de amoral nem imoral, é natural. Não existe nada de indecente nela, nascemos nus, portanto, o modo mais natural do corpo humano é a sua nudez com dignidade, tal como a dos índios. É a mais bela e perfeita das criações divinas, é a vestimenta da alma. A natureza é perfeita, os julgamentos que se faz quanto à beleza, moda e corpos “sarados” é uma doença porque trata a velhice e as deficiências físicas como desprezíveis. É preciso viver com mais sabedoria e naturalidade, a natureza não pede julgamentos, simplesmente ela é e ponto. Não há mais nada depois disso.

 

A massificação do intelecto dos jovens aborta o pensamento crítico e os tornam estéreis, meros repetidores de dados. O que fizeram com nossas crianças? (De Gênio e Louco Todo Mundo Tem Um Pouco – Augusto Cury). Perde-se a noção do que é natural, substituindo pelos valores sociais. O resultado disso é o distanciamento da nossa natureza, da natureza nua, tal como ela é. Criamos pessoas presas, esperam julgamentos dos outros e preconceituosas.

 

Uma sociedade preconceituosa não tolera pessoas diferentes, de mentes livres, da nudez natural. Para os naturistas, a nudez humana é um direito universal e fundamental, é a libertação do corpo que dá a condição necessária para saúde mental. As crianças educadas num ambiente naturista conseguem mais facilmente ter aceitação de si mesmas quando adultas, porque aprenderam a respeitar as suas diferenças. Quanto à mulher, ela não se coloca como algo a ser perseguida, como um objeto de desejo. No entanto, ainda pensam que ir para algum lugar desses é para ver pessoas nuas. Não é para ver nada, é para sentir.

 

“As infinitas maravilhas do Universo são a nós reveladas na medida exata em que nos tornamos capazes de percebê-las. A agudez da nossa visão não depende do quanto podemos ver, mas do quanto sentimos.” (Helen Keller)

 

Por outro lado, ver pessoas nuas também faz bem, mostra que todos nós somos imperfeitos, nos tornamos menos obsessivos e a imoralidade cai por terra. É necessário aquietar a mente e aprender a olhar. É desnudar a mente tirando dela os falsos valores, e no seu lugar se evidencia os valores mais humanos e naturais. As máscaras caem, a curiosidade diminui e a mente se liberta.

 

A falta de interesse em conhecer a filosofia naturista e não se lançar ao desconhecido, afirmando categoricamente que não são “chegados” a este modo de vida, mostra ainda que não foi entendido que o naturismo não é um fim e sim um meio de se libertar. Liberdade essa que não é somente quanto ao corpo, mas também mental. Tudo bem, “Feliz aquele que ensina o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Carolina). Vamos tentando...Eta missão difícil!

 

Não é por falta de informações, têm bastante disponível na internet, alguns livros, artigos e trabalhos acadêmicos. Vejo que a questão central é de se revelar, se abrir, se mostrar tal como somos. Queremos manter nossos segredos, e as nossas relações entre amigos, conhecidos, ou mesmo na família, acabam muitas das vezes sendo superficiais; Falamos de esportes, política e economia, mas raramente sobre os nossos conflitos. Enterramos no fundo das nossas mentes qualquer coisa que possa nos expor e trazer desentendimentos. Sentir o corpo livre, sentir a perfeição mesmo diante de tantas imperfeições, só mesmo desnudando nossas mentes.

 

Ainda pretendo fazer um arranjo na letra da música atribuída aos personagens Bartolomeu e Barnabé do livro de Augusto Cury:

 

Você acorda, levanta, reclama e faz tudo igual

Luta para ser aceito, notado e sair no jornal

Corre atrás do vento como uma máquina imortal

Morre sem curtir a vida e jura ser uma pessoa normal

 

Olha para mim e me diz com ironia social

Eis aí um maluco, um sujeito anormal

Sim, mas não vivo como você em liberdade condicional

Sou o que sou, uma mente livre, um louco genial

 

Evandro Telles

19/03/10

 

 


Olho nu - Copyright© 2000 / 2010
Todos os direitos reservados.