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Jornal Olho nu - edição N°110 - janeiro de 2010 - Ano X

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Alguém para nadar bruços? A nossa escritora perde os complexos corporais para competir nas Olímpiadas naturistas

Por Jessica Hatcher

Reportagem efetuada pelo Daily Mail em Novembro de 2009.

Jessica Hatcher despe-se para participar no campeonato mundial de natação para naturistas.

À medida que tomo o meu lugar nos blocos de partida, ouço um murmúrio entre os espectadores junto à piscina. Está prestes a começar uma prova de natação.

A bandeira de Inglaterra está na minha toca de natação e à minha esquerda – em posição e prontas – estão duas alemãs em boa forma. Estou a competir pela Grã-Bretanha numa prova de natação internacional, e devia ser uma grande honra.

Mas não consigo afastar a sensação de que algo está muito errado. Porque, sem contar a toca um pouco ridícula, eu estou completamente nua. E estou prestes a participar na maior competição de natação nudista do mundo, à frente de centenas de estranhos.

Então, como é que eu acabei nestes preparos? Não são estas situações que nos aparecem nos nossos piores pesadelos?

Tudo começou muito inocentemente alguns meses atrás, quando eu descobri a competição enquanto navegava na internet. Sempre com a pesquisa jornalística em mente, enviei um e-mail para a organização para saber se poderia ir e presenciar a competição.

A MINHA PELE ESTÁ A FAZER O TRABALHO DAS ROUPAS E OS MEUS COMPLEXOS CORPORAIS DESAPARECERAM

Parecia único e divertido, e eles aceitaram. Mas, algumas semanas mais tarde, eles ligaram-me. Aparentemente havia falta de concorrentes no meu grupo etário. Poderia eu participar?

Imediatamente fiquei nervosa. Eu sou uma nadadora competente, mas gosto tanto de competir quanto de ficar nua na frente de estranhos (Só me despi uma vez em público – num balneário feminino depois de uma aula de yoga – e foi assustador).

No entanto enquanto o pensamento do meu corpo nu a desfilar em frente a centenas de estranhos me horrorizava, não pude evitar de me sentir intrigada. Teria eu trabalhado tanto para nada?

E além disso, eu disse para mim mesma, Eu fui convocada – o meu país precisa de mim. E foi por isso que eu agora me encontro posicionada num bloco de partida, com as minhas meninas e tudo a descoberto, pronta para lançar o meu corpo nu, dedos à frente, diretamente para 50 metros de frenético crawl.

A Federação Internacional Naturista é bastante importante no mundo nudista.

O campeonato mundial de natação foi lançado pela primeira vez em 1971. Equipas nacionais de oito países vieram participar: Grã-Bretanha, França, Alemanha, Espanha, Itália, Holanda, Bélgica e Suíça.

Jessica “Têxtil” chega a Ken Marriott Leisure Centre em Rugby

Hoje, eles estão todos reunidos no Ken Marriott Leisure Centre em Rugby. É só a segunda vez em 17 anos que a Inglaterra é anfitriã.

Eles alugaram a totalidade das instalações porque, como Andrew Welch do British Naturism me diz: 'Nós não podemos ter "têxteis" a andar por aqui.'

É um engano muito comum, é-me dito, achar que os naturistas/nudistas nunca usam roupas. No entanto eles acreditam que existe um tempo e espaço para estar nu.

O dia começa quando eu chego ao Ken Marriot e conheço o Andrew. Ele brinca dizendo que hoje não vamos precisar de balneários separados. Primeiro corei mas depois compreendi porquê.

Homem ou mulher, novo ou velho, todos se despiram sem cerimônia - a maioria tirou as calças e cuecas primeiro.

Vejo todas as formas que imaginei e mais à minha volta, no entanto ninguém se não eu parece estar a fazer as coisas de maneira diferente do que fariam se tivessem as roupas vestidas.

Conversas perfeitamente normais acontecem à minha volta. Um homem enorme, todo nu com uma tatuagem nas costas que dizia 'Não existe riqueza se não a vida' pergunta onde fica a piscina.

Eu mal consigo olhá-lo nos olhos – mas também não sei para onde mais poderia olhar.

Fecho-me num cubículo para me despir, enrolando-me ainda na minha toalha como última defesa.

Aventuro-me e espreito nervosamente para fora. A equipa alemã está à minha direita. Um jovem que à minutos atrás, quando estava vestido, parecia um fã de heavy-metal, agora é simplesmente um jovem alto e orgulhoso, “vestido” só com a sua toca prateada com a bandeira da Alemanha. Ele sorri e diz olá.

À minha esquerda, Bart, o treinador da equipa holandesa, está a dar indicações à sua equipa. Eu gosto do Bart. Conheci-o mais cedo no hotel da equipa. Perguntei-lhe se a equipa dele estava forte.

Jessica deixa a toalha e prepara-se para mostrar tudo

'Melhor que os ingleses,' disse, 'mas não tão boa como os alemães.' Eu sorri. Os alemães. Aparentemente, são muito bons nadadores.

A competição é levada muito a sério. As pessoas falam com admiração de Tom Hummer, um alemão naturista de 21 anos que consegue nadar 50 metros em pouco mais de 25 segundos.

Isto é muito aproximado da marca olímpica – o record dos 50 metros livres actualmente é de 23.86 segundos.

Para a equipa inglesa, isto não se resume à natação, embora eles treinem regularmente (nus).

'Todos lhe dirão,' explicou-me o Andrew, 'se eles tiverem de usar um fato de banho, acharão muito desconfortável.'

Cada equipa pertence a clubes naturistas regionais que, ou têm instalações próprias ou alugam piscinas regularmente.

Glen, o nadador-salvador (têxtil) do Ken Marriott Leisure Centre com 18 anos, diz-me que ficou um pouco assustado quando soube desta competição - 'Tinha a ideia de que iria ser um monte de pessoas a mostrarem os seus corpos nus de um lado para o outro.'

As janelas da piscina estão tapadas com cortinas e grandes sacos, para que as pessoas na rua não possam ver para dentro. De vez em quando os raios de sol entram pelos vidros. Está um belo dia e eu penso por um minuto o que eu não daria para poder estar a gozá-lo lá fora vestida.

É REALMENTE DIFÍCIL NÃO SORRIR QUANDO NÓS OU A PESSOA COM QUEM ESTAMOS A FALAR NOS ENCONTRAMOS COMPLETAMENTE NUS

A área da piscina fervilha com atividade nudista. Um homem de meia-idade faz exercícios de aquecimento com os braços à volta da cabeça com um moinho (Não vos direi quais os efeitos físicos disto). Outro faz alongamentos de pernas.

Dentro de água estão pessoas a fazer piscinas.

De repente tomei consciência. Eu ainda não tirei a minha toalha; por alguma razão não posso. No entanto sendo a única que ainda não está nua faz-me sentir ainda mais esquisita.

Então decidi que já está na altura. Mas qual a melhor maneira para o fazer? Deixar descair até a cintura? Destapar as minhas nádegas antes do resto? Num impulso de adrenalina, por fim, arranco a toalha de uma vez.

Estou nua! Estou extremamente satisfeita comigo mesma. O meu corpo assemelha-se a uma armadura – a minha pele está a fazer o trabalho das roupas. E os meus complexos corporais desapareceram.

Em biquíni, estou constantemente a encolher a barriga, e a compor o meu peito, mas nua, não há nada para compor.

Subitamente sinto-me muito mais corajosa e audaz do que pensava.

'Assim está melhor!' dizem à minha volta. Dão-me palmadinhas nas costas. Annette da equipa inglesa inclina-se para mim. 'Não é a sensação mais incrível?!'

Para a maioria dos naturistas a sensação é o mais importante – sentir a água na pele nua, o corpo livre das roupas justas e satisfação de encontrar o natural equilíbrio do corpo.

Jessica competiu em três provas - crawl, bruços e costas

Vejo o Tim, um consultor de 37 anos, e sento-me ao lado dele, tendo o cuidado de pôr primeiro uma toalha na cadeira (os naturistas sempre se sentam nas toalhas).

'Não se consegue explicar o nudismo. Tem que se tentar,' diz o Tim. 'Trata-se de ser livre. Estar nu faz-me sentir bem. Nadar nu é ainda melhor, é o mais natural que se pode fazer.

'Na prática não existem barreiras, e até acho que as pessoas são mais amistosas. Todos interagem melhor.'

Agradeço ao Tim e dirijo-me para a piscina com um novo sentido de orgulho. Ocasionalmente os meus olhos vagueiam para onde não devem, mas isso parece não importar as pessoas. Penso que eles compreendem que sou uma principiante.

Noto com satisfação, que de todos os olhos masculinos existentes na piscina, nenhuns estão fixos em mim.

Então, subitamente, ouve-se o apito. As corridas vão começar. Existe tensão no ar e então lembro-me de que despir-me foi só uma parte da razão de estar aqui.

Vou competir pela Grã-Bretanha em três provas: crawl, bruços e costas.

A ideia de nadar de costas nua no início horrorizou-me, mas agora que estou realmente nua um pouco mais de exposição não me parece muito mau.

O que me preocupa mais são as pessoas contra quem tenho de correr. Nas três provas (para mulheres com idades entre 25-29 anos) sou só eu, a Marina e a Mirjam.

Parece que no meu escalão há falta de mulheres naturistas. A Marina e a Mirjam são ambas da Alemanha e parecem ser realmente nadadoras – têm ombros musculados, costas largas, barrigas lisas e pernas fortes.

Tomo posição nos blocos de partida para os 50 metros bruços. A corrida foi uma névoa. Terminei em terceiro.

Ao sair da água, ouço um forte aplauso do lado da equipa inglesa.

Sorrio e aceno entusiasticamente para os meus apoiantes – esta coisa do naturismo é contagiante. Ganhei a medalha de bronze pelo meu país! Tenho um sorriso de orelha a orelha.

Sento-me junto do Tim, o consultor, outra vez. Ouvi rumores de que ele era a estrela da equipa britânica.

QUANDO NÃO TENS A TUA ROUPA PARA TE ESCONDERES, TUDO O QUE TE FICA É IGUAL AO QUE TODOS TÊM

Ele é naturista há 10 anos, diz-me. Começou numas férias na Croácia.

Os croatas são mais entusiásticos com o nudismo/naturismo do que os alemães - 20 por cento do turismo croata é naturista. Tim conclui que nós não temos o clima mais apropriado em Inglaterra. Eu concordo.

Rachel, a namorada do Tim é muito calada. Afinal também é a primeira vez que se encontra nua em público. Só começaram a namorar em Junho. O Tim disse-lhe que era naturista logo no primeiro encontro.

Aparentemente, ouve um longo silêncio antes dela responder. Mas ela tem uma mente muito aberta: 'É como tudo – não se pode dar uma resposta fundamentada se não experimentarmos primeiro.'

Pergunto-lhe como ela se sente. 'Sinto-me segura. Todos são muito respeitadores.'

Um almoço é servido na cantina. Mary e a Stephanie, duas funcionárias de uniforme, estão atrás do balcão a servir as bebidas.

Dizem-me, de perto das máquinas Slush Puppie, que já pertenceram à equipa naturista de natação noutras competições já realizadas.

Elas sorriem e riem-se e eu sorrio e riu-me também. É realmente difícil não sorrir quando nós ou a pessoa com quem estamos a falar nos encontramos completamente nus.

No fim do dia, ganhei três medalhas de bronze. A equipa inglesa considera que foi uma grande vitória. Como cheguei em último em todas as corridas, não posso concordar, mas sinto-me levada pelo seu entusiasmo e não me preocupo.

Angela Russel, a presidente do British Naturism, passou o dia sentada com o seu portátil num dos topos da piscina a digitar informação para uma folha de cálculo.

Ela é uma senhora forte, com uns seios que parecem as orelhas de um spaniel, mas com muito charme e muito eficiente.

Diz-me que os alemães são os vencedores, os ingleses ficaram em segundo e os holandeses em terceiro. São muito boas notícias.

Tim levanta-se para me dar um abraço. Ele ganhou a medalha de ouro em mariposa. Respondo naturalmente ao abraço dele. Só depois é que me lembrei que me encontro nua. É muito estranho – esperava que isso fosse o tipo de coisa que não fosse fácil de esquecer.

Uma das responsáveis pelo catering que nos serviu o almoço, a Julie, diz-me que até gostaria de experimentar, mas só se fosse com pessoas que ela não conhecesse. O que levanta uma questão interessante – o nudismo/naturismo parece ser bom para conhecer novas pessoas.

Existe qualquer coisa no fato de estar nu que faz com que sejas mais amigável e receptivo. Quando não tens a tua roupa para te esconderes, tudo o que te fica é igual ao que todos têm.

Quando vou a sair da zona da piscina, paro para uma pequena conversa com o nadador-salvador, Glen. Pergunto-lhe o que ele achou.

'Não foi mau. Até gostei,' diz sorrindo. Depois fez uma careta e diz:

'Têm mentes muito abertas, não têm?' Sigo a sua linha de pensamento. Um irlandês de barriga redonda está descontraído, sentado numa cadeira de plástico, de perna aberta, com uma expressão benevolente na cara.

O irlandês vê-me a olhar, levanta-se e ao passar por mim diz, com satisfação estampada no rosto: 'Tive um dos melhores dias de sempre'. Aceno com a cabeça afirmativamente, pois parte de mim realmente gostou de despir a minha pele 'têxtil'.

Quando me dirijo para os balneários, encontro novamente o Andrew do British Naturism que me convida para outra prova de natação que irá acontecer no próximo fim-de-semana.

'Tens que ir! Até vai haver uma festa de discoteca nua.' A minha surpresa é visível e audível. Posso ter nadado pelo meu país, mas uma festa de discoteca? Ainda não estou muito segura para isso.

Tradução livre.

Fonte: http://casaisnudistas.blogspot.com

(enviado em 5/01/10 por Peladistas Unidos)


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