A NUDEZ
NA BERLINDA EM FERNANDA LIMA
por Jorge Bandeira*
imagens do site de
Amor & Sexo
A
Televisão brasileira é pródiga em criar mitos, em abafar casos e em
“desinformar” ao cidadão, que tem na telinha um vício em seu cotidiano.
Recentemente estreou na TV Globo o programa AMOR&SEXO que em princípio
visa esclarecer dúvidas sobre o tema SEXO, suas variantes e
adjetivações, contando para tal com especialistas e desavisados de
plantão.
Se a questão é audiência e
patrocinadores, tudo é permitido. Não há limites para a burrice humana
(com todo respeito aos asnos do reino animal!). A nudez está na pauta no
tal programa: o quadro intitulado “Strip Quiz” leva à audiência e aos
telespectadores um duelo patético entre famosos onde a competição se dá
da seguinte maneira: a cada pergunta “instigante” sobre sexo o
competidor(a) responde o que acha, ou seja, subjetivamente, sua opinião
e resposta é colocada para ser analisada ao calor da “neutralidade” do
público, os “macacos e macacas de auditório”.
Detalhe: se este mesmo
público não ficar convencido da naturalidade da resposta, da sinceridade
de intenção dos competidores, começa o ritual artificial de
“desnudamento” do competidor que pisou na bola, que vacilou, que não
convenceu. A cada questão não resolvida com precisão, uma peça de roupa
é tirada dele(a). A nudez neste caso é castigada duas vezes: é uma falsa
nudez, pois o competidor(a) fica atrás de um painel pintado, e somente
sua cabeça, verdadeiramente, é que se mostra na telinha. UMA NUDEZ
FALSA, onde uma pintura representa o que se esconde. A segunda
penalidade para a pobre nudez é que esta ação representa, também, uma
marginalização do ato da nudez, que já é tão vilipendiado por estas
terras tupiniquins. A impressão que fica à audiência e ao telespectador
é que ficar NU ou NUA é o pior dos castigos, um vexame e humilhação, e
que os artistas e famosos são castigados por terem seus “corpos”
mostrados a uma massa sedenta de “olheiros”.
Aqui, a nudez é alvo de
gracinhas, de pudores irresponsáveis, de usurpação, pois as roupas
artificiais são tiradas como punição por algo que não se
conseguiu(convencer o outro). A nudez fica desprotegida e temos mais uma
vez de engolir a programação pobre de espírito de nossa televisão. O ato
de tirar a roupa, banalizado, só coloca a nudez numa vitrine de
atrocidades do corpo, marginalizando este ato tão nobre ao espírito do
Naturismo: a nobreza do ser humano frente à nudez alheia. Se a
assessoria de Fernanda Lima pudesse compreender que este quadro tão sem
graça, sem criatividade alguma, que deve ser uma outra “franchising”
como os Big Brother, as pegadinhas, as olimpíadas do Faustão, a dança
dos famosos, CQC, enfim, que falta faz um Chacrinha, saudoso Velho
Guerreiro, com sua autêntica Arte brasileira na Televisão! Se estes
senhores que vivem do rebaixamento da qualidade da televisão
entendessem, repito, que este quadro poderia ser muito melhor
aproveitado, com uma Nudez autêntica levada às telas, aos lares
brasileiros, pois o horário do programa já permitia tal “afronta” aos
“valores da família brasileira”. Esqueçam o que escrevi antes, já seria
demais para um Naturista a possibilidade desta NUDEZ REAL destes astros
e famosos, que só ficam nus e nuas nas revistas masculinas e outras,
onde o corpo é somente um objeto de consumo, de imagem repleta de
subterfúgios de photoshops e outros “reguladores” da estética
escravocrata da mídia e da moda. Tempos cruéis estes, em que a nudez é
escamoteada, onde volto a lembrar do Velho Guerreiro, pois ao menos o
bacalhau que o “Russo” jogava à platéia tinha cheiro de bacalhau, era
VERDADEIRO. Não existe corpo de papelão!
*Jorge Bandeira é
Naturista,
historiador e hinduísta
(bem antes de “Caminho das Índias”).
vicaflag@hotmail.com
(enviado em 15/09/09)
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