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Jornal Olho nu - edição N°103 - junho de 2009 - Ano IX

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Laércio Júlio da Silva, Presidente da Associação Goiana de Naturismo, o Goiasnat e Diretor Administrativo Financeiro da FBrN, tem regularmente escrito para um periódico do Planalto Central artigos que refletem e divulgam o Naturismo. OLHO NU, reedita, com sua autorização, os publicados nestes meses de abril e maio de 2009

 

Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em 04/04/2009.

 

O sentido do Naturismo

 

“O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar”
Sócrates

 

O Naturista pratica a nudez social como forma de respeito e integração a natureza. Em 1974 a Federação Internacional de Naturismo com sede na Bélgica definiu: "Naturismo é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, que tem por intenção encorajar o auto respeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio ambiente"

 

Os Naturistas assumidos vivenciam entre amigos e parentes um misto de curiosidade, espanto e até preconceito. As pessoas não estão acostumadas ao óbvio da criação: nascemos nus. "Se fosse a vontade de Deus que nós vivêssemos nus, teríamos nascido assim", escreveu com ironia o escritor norte-americano Mark Twain.

 

Nós naturistas,disseminamos as qualidades de um modo de vida harmonioso ao propagar várias constatações maravilhosas; em uma área Naturista você presenciará respeito ao próximo como nunca viu em nenhum lugar que você já esteve dominado pelos chamados “cidadãos com roupa”, detentores muitas vezes, de uma moral tacanha e perversamente sustentada pela sociedade de consumo que qualifica as pessoas pela roupa que usa. O respeito é decorrente da procura de um local onde as pessoas vivam em comunhão e igualdade.

 

Igualdade que só a nudez pode proporcionar. Pessoas nuas são evidentemente iguais na sua forma de ser e ao mesmo tempo respeitadas em suas diferenças. Diferenças discutidas democraticamente pela própria condição: despidas literalmente de preconceitos.

 

Preconceitos que são banidos do seu modo de ser e agir no dia-a-dia naturista em celebrada comunhão com a natureza.

 

Comunhão que é vivida passo a passo pelos seus adeptos como uma família de povos multirraciais.

 

Família evidentemente preservada na formação de crianças preparadas para o Século XXI sem os erros das antigas gerações: em especial o racismo, o preconceito, a violência e a prepotência.

 

Prepotência anulada pela falta de terreno fértil para a malícia dos homens.

 

Malícia vista como má fé, e, portanto fora dos padrões da Filosofia Naturista.

 

Padrões éticos e normas rígidas de comportamento, não só ditadas por regras escritas, mas eminentemente consciente e praticada pelo próprio pensamento civilizatório na qualidade de um ser vivendo em coletividade.

 

Coletividade de pessoas que verdadeiramente amam ao próximo, aprendendo a descobrir e respeitar seu próprio corpo: "conheça a ti mesmo" já dizia o filósofo, emergindo na constatação plena da criação perfeita da natureza.

 

Natureza respeitada pelo jardineiro do universo, o próprio homem, compartilhado e agraciado com o dom do amor, que tem o poder de fazer viver, de deixar viver, e de ser feliz...

 

(enviado em 04/04/09)


Publicado no Jornal "Diário da Manhã" em em 14/04/2009.

 

Nudez e sexualidade no universo Naturista

 

Agradecemos o Jornal “Diário da Manhã” pela cessão do valioso espaço aos Naturistas com o objetivo de esclarecer a população sobre um estilo de vida que tem encontrado cada vez mais adeptos no Brasil. O “Diário da Manhã” cumpre importante papel como veículo de informação e debate sobre esse tema considerado, ainda por muitos, tão polêmico.

 

Agradecemos e na medida do possível procuraremos responder aos inúmeros questionamentos que nos chegaram via sítio eletrônico desde o primeiro artigo publicado. A rigor queremos esclarecer todas as perguntas abordando os pontos mais intrigantes.

 

A princípio gostaríamos refletir sobre o caráter da nudez em nossa sociedade. Um dia desses visitei um museu que reproduzia o ambiente de uma casa de sertanejos do começo do Século XX. No quarto de dormir do casal, chamava a atenção, entre as vestimentas da época guardadas no guarda roupas, uma camisola feminina. Tratava-se de uma peça de roupa única que cobria inteiramente o corpo da mulher e só permitia um orifício entre as pernas onde se consumava o ato sexual. É muito provável que o casal, mesmo nos momento mais íntimos, nunca se tenha olhado nu! Portanto, podemos afirmar que não é necessário que a pessoa esteja nua para que haja a pratica do ato sexual. Concluindo: nudez não é sinônima de sexo.

 

Então por que ligamos a nudez ao desejo sexual?

 

No mundo contemporâneo a resposta está ligada ao surgimento da sociedade capitalista baseada nas relações de consumo que exigem que a nudez seja enquadrada e transformada em material de venda para milhões de consumidores ávidos por satisfazerem suas necessidades, transformando o nu em um negócio rentável gerando milhões em grandes transações comerciais.

 

Uma enorme indústria se serve de padrões idílicos orquestrados pelo mercado para seduzir homens e mulheres pela nudez com estrito apelo sexual. Um exemplo disso é o mercado milionário de revistas “masculinas” e a indústria pornográfica por muitas vezes direcionando o desejo de consumo para uma meta inalcançável, ocasionando mais uma das várias frustrações e neuras doentias do mundo moderno.

 

Na prática o mercado consumidor promove a mistificação da nudez, inventando rótulos e padrões de beleza perfeitos e fictícios, hoje idealizados em parte com ajuda de recursos informatizados que divulgados pelos vários meios de comunicação, alimentam o mundo da moda, da sexualidade e a corrida aos consultórios de cirurgia plástica, sempre a procura de um ideal de beleza e sedução meramente fantasiosas.

 

Desde os tempos de nudismo de Adão e Eva no Paraíso, o pecado original surge da perda da inocência dos homens e mulheres até então imunes aos desejos materiais. “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá” (Livro de Jó 1-21).

 

Nós Naturistas somos contra a instrumentalização da nudez pela sociedade de consumo. O Código de Ética Naturista, seguido pelas afiliadas a Federação Brasileira de Naturismo(FBrN), em seu primeiro artigo proíbe terminantemente o “ comportamento sexualmente ostensivo e/ou praticar atos de caráter sexual ou obscenos nas áreas públicas”. Não temos nenhuma relação com sexo e combatemos toda a forma de exploração do mesmo. Não enxergamos a nudez sobre o ponto de vista de normas estéticas, ou seja, não objetivamos traçar valores sobre corpos nus. Somos todos iguais na nudez, naturalmente imperfeitos, diferentes e por isso mesmo bonitos! Os valores sociais e matérias são deixados fora do espaço naturista e a partir daí a pessoa entra em um campo livre de imposições sociais que sufocam o ser humano. A prática do Naturismo proporciona saúde física e mental.

 

Assim como os militares usam sua farda, os Naturistas se servem da nudez como um “uniforme” que possibilita o mais profundo contato com a natureza e fortalece relações mais fraternas para com o próximo.

 

(enviada em 14/04/09)
 


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