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Jornal Olho nu - edição N°101 - abril de 2009 - Ano IX

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 Sobre eleições do naturismo e passaporte

por Pedro Ribeiro*

Passado mais um CongreNAT, gostaria de deixar registrado aqui minhas felicitações e abraços para todos os envolvidos que o realizaram. Sei bem das dificuldades de organizar um, por experiência própria, adquirida quando o congresso se realizou na praia do abricó em 2006. Apesar de todos os esforços e bons resultados não é possível agradar a todos.

 

Mas gostaria também de deixar aqui registrado alguns pontos para reflexão, notadamente o modo como é definido o peso do voto de cada entidade e também sobre a realidade atual do cartão INF.

 

Sei que o modelo seguido pela FBrN para decidir o peso do voto de cada instituição filiada é o da Federação Internacional de Naturismo (INF), aliás, um modelo complicado que pode ser traduzido por uma equação matemática: Pega-se o número de selos comprados pela entidade, divide-se por 30, do quociente extrai-se a raiz quadrada. O resultado corresponde ao número de votos a que instituição naturista terá direito, aproximando-se do número inteiro mais perto diferente de zero.

 

É por isso que algumas entidades têm direito a mais de um voto e a quase totalidade somente a um. Esse processo foi discutido e aprovado em congressos anteriores e por isso faz parte dos Estatutos da Federação.

 

Mesmo assim merece pontos de reflexão. Primeiro, já que no momento não é possível fazer com que cada naturista seja um eleitor, essa opção pareceu a mais justa porque entendia-se na época que todo naturista membro de uma associação seria portador do passaporte naturista (hoje, cartão INF) e que, portanto, o número de selos comprados pela instituição corresponderia de fato ao número de associados. E que todas as associações, por menores que fossem, por menos associados que tivessem, teriam voz e representatividade mediante seu voto.

 

Mas a realidade se mostrou diferente porque o número de selos comprados não precisa ser igual ao número de associados, nem para mais nem para menos. Isto quer dizer que uma associação pode ter poucos selos comprados e um número infinitamente maior de associados, ou, ao contrário, ter nenhum associado e um grande número de selos comprados. E é aí que mora o perigo.

 

Desta forma o número de selos deixou de ser representativo da associação. Muitas têm dificuldades em convencer seus membros a comprarem anualmente o seu próprio selo (por motivos que vou discutir adiante) e não têm como bancar monetariamente essa compra da FBrN. Outras associações, no entanto, possuem bom fluxo de caixa e podem comprar um número de selos muito maior do que necessitam.

 

Começou então a surgir, também dentro do naturismo brasileiro, a figura do império econômico, que graças às suas possibilidades financeiras pode começar a deter o poder político nas assembleias de eleição. Ainda bem que nas assembleias ordinárias esta regra não é válida, ou seja, cada instituição vale um voto. É um caso para refletir.

 

Outro ponto é justamente o Cartão INF. Lançado no Brasil como Passaporte Naturista, porque daria direito a seu proprietário a entrar em qualquer área naturista filiada à FBrN (mais tarde, no mundo inteiro), sem qualquer tipo de restrição. Mas para isso dar certo seria necessário que cada cartão distribuído fosse a garantia, da instituição que o outorgou, de que o proprietário era confiável, o chamado "naturista de carteirinha". Por isso muitas entidades começaram a fazer exigências para que seu associado recebesse o passaporte, como, por exemplo, tempo em que é associado, frequência aos eventos, etc, que o tornaria mais conhecido e confiável para a própria instituição. Então o passaporte não passou a ser distribuído a todos, justamente como forma de valorizá-lo, pois muitos se associam e desaparecem logo depois.

 

Mas, graças ao modo que o selo do passaporte tomou importância política, algumas entidades naturistas começaram a distribuir os passaportes para pessoas que sequer jamais viram, que tiveram contato apenas por e-mail, provocando uma reação inesperada de outras instituições, a de se dar o direito de recusar portadores do passaporte naturista.

 

Esta situação precisa ser analisada urgentemente, sob o risco do Cartão INF cair totalmente em descrédito, pois ele não servirá para nada para o naturista comum, aquele que quer ir aos lugares apenas para desfrutar, e não quer saber de qualquer envolvimento político.

 

Nenhuma instituição naturista e nenhum individual é obrigado a comprar o cartão INF. Portanto é preciso criar mecanismos que o torne interessante. Nem mesmo para descontos em áreas naturistas ele serve.

 

O que parecia uma boa idéia num primeiro momento, que seria a universalização do documento, agora pode ser a morte dele próprio, por não despertar confiança. Sabemos que o número de selos comprados da INF é bom para a FBrN, por motivos políticos, mas até quando haverá alguém da FBrN bancando do seu próprio bolso essa conta?  E aquele que bancar, o que pedirá em troca de tamanha generosidade? Abramos os olhos. 

*pedroribeiro@jornalolhonu.com

(enviada em 03/04/09)


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