Jornal Olho nu - edição N°101 - abril de 2009 - Ano IX

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 Questionamentos antigos

por Maria Luzia de Almeida*

Lendo a entrevista enviada pelo companheiro Jorge, concedida por José Antonio Tannus, candidatos à presidência da FBrN, fui procurar nos arquivos do jornal Olho Nu alguns debates antigos porque há muito tempo já se perguntava para que serve a nossa FBrN. E a resposta nos foi dada por um naturista estrangeiro que vive na Bahia (vide abaixo).

Também, naquela ocasião, discutíamos muito a situação dos homens desacompanhados e lembrei-me da ideia que tivemos (quando eu presidi a FBrn junto com o vice Márcio) de implantar um livreto, com algumas páginas, para ser um passaporte que contasse a vida do naturista por onde ele passasse, as áreas que frequentou, etc.

Foi uma idéia que não deu certo porque não houve recursos financeiros para isto. Lembro-me que havíamos feito uma reunião no Recanto Paraíso, somente com dirigentes naturistas, e ficou estabelecido que cada entidade naturista arrecadaria voluntariamente R$ 1,00 de cada conta fechada e repassaria para a FBrN. Parecia fácil, né? Mas acreditem, os naturistas começaram a reclamar da contribuição, e apenas o Recanto Paraíso e o Ramanat conseguiram por uns 6 meses arrecadar algo em torno de uns R$ 600,00 (seiscentos reais)!!!!! Após tantos constrangimentos dos dirigentes, entramos num acordo e cancelamos o projeto. E naquela ocasião não podíamos comprar e revender selos INF porque tínhamos um grande débito com ela, quitado pela turma do Planat quando o Elias assumiu a presidência. Aliás, nem mais juridicamente a FBrN existia.

Então, hoje podemos olhar pelo retrovisor e ver o que realmente foi feito nestes poucos 6 anos. Acho desnecessário relacionar.

Abaixo, transcrevo o que foi divulgado pelo Olho NU.

Um Feliz fim de semana para todos, com muitos beijos, especialmente, para as mulheres naturistas.

Maria Luzia


CARTA ABERTA AO SR. DAVI RUIGHT

(publicado originalmente no jornal OLHO NU nº 15 - dezembro de 2001)

      No início do ano, logo após assumir a presidência da FBrN, lendo algum artigo escrito pelo Sr. David Ruight, descobri ser ele um antigo naturista que escolheu o Brasil para sua pátria. Sendo eu neófita em presidência, enviei-lhe uma carta (via e-mail) que nos apresentava como novos dirigentes de federação brasileira. Um trecho dessa carta dizia o seguinte:

      Estamos necessitando de seu apoio e de sua sugestão para que a Federação Brasileira de Naturismo possa funcionar cumprindo o seu papel: sociedade civil, de âmbito nacional, de caráter filantrópico, cultural e ecológico e de duração indefinida, que visa precípuamente coordenar, defender, di-fundir e desenvolver a prática do naturismo no Brasil”.  Essa correspondência foi encaminhada para as entidades naturistas e poucos naturistas brasileiros.

     A carta-resposta do Sr. David Ruight fiz questão de não imprimir e não guardar porque ele foi extremamente indelicado, mesmo não nos conhecendo, pedindo inclusive que apagássemos o e-mail dele da nossa relação. Disse-me ainda que jamais pisaria na Praia de Barra Seca, que fundamos há 8 anos e ajudamos a administrar, porque lá não aceitam homens desacompanhados. 

     Na ocasião lhe respondi que eu não o conhecia pessoalmente mas, mesmo assim, acreditei que sendo ele um naturista antigo teria muito a nos ensinar, por isso o convidei a opinar e participar.  

     Já são passados 9 meses de nossa administração e concordamos que pouco fizemos. Se mais não fizemos é porque não nos foi possível. Mas será que não estamos fazendo pelo menos alguma coisa pelo Naturismo? Pequenina que seja? Será que o Sr., sendo um naturista nato, tem acompanhado um pouquinho do que estamos “tentando” realizar? Realmente, assumimos a federação com o caixa zerado (estamos recebendo as primeiras contribuições de entidades e naturistas), não temos computador, faltam informações mas, falta-nos, principalmente, amigos naturistas que queiram ajudar. Criticar e nada realizar é muito fácil.  

     Quanto à sua pergunta sobre a finalidade da FBrN, creio que o Sr. mesmo respondeu quando escreve: “ na Europa tem tantas praias e parques livres para Naturistas só procurar saber nas Federações de cada país”.

     Sr. David, o Sr. está perdendo uma grande oportunidade de nos conhecer, de nos ajudar, de participar e de ser nosso parceiro e amigo. Se o Sr. é generoso, como deve ser um bom cidadão naturista, trabalhe mais pelo Naturismo brasileiro. Seja crítico, sim, mas construtivamente. O Pedro Ribeiro (que publica o jornal virtual OLHO NU e participa da ANA -Associação Naturista de Abricó, que ajudou a fundar), é um solteiro, que conheci recentemente e será sempre bem vindo, principalmente na Praia de Barra Seca, que embora ainda possua a “tal” linha divisória que isola os homens, não discrimina o verdadeiro naturista, porque quem realmente é naturista conquista seu espaço.

     Nós, naturistas ainda temos muito que o aprender e muito a crescer. Estamos convivendo com uma nova linguagem corporal e com toda certeza temos errado muito. A grande maioria dos naturistas ainda se sente insegura para assumir posturas, enfrentar críticas e suportar agressões. Somente com conversas, debates e uma grande dose de paciência e obstinação conseguiremos que o Naturismo aqui implantado se aproxime do que imaginamos ser um modelo ideal. O modelo naturista, absoluto e verdadeiro, não sabemos onde está. Ninguém é dono da verdade. 

     Uma questão que muito nos preocupa e desejamos ajudar a equacionar é a do homem desacompanhado, que embora naturista, é obrigado a se isolar. O Passaporte Naturista que pretendemos implantar em 2002, se conseguirmos apoio, poderá ser o primeiro passo para minimizar essa discriminação, ainda necessária. Esse Passaporte será fornecido pelas entidades naturistas, e de posse dele o naturista poderá freqüentar áreas filiadas à FBrN, que concordarem em aceitá-lo. A FBrN não pode exigir que clubes, resorts e praias aceitem os homens desacompanhados.  

     Desejo esclarecer que essa carta é em resposta à escrita pelo Sr. David Ruight e que está publicada no site do jornal Olho Nu - www.olhonu.cjb.net - edição 14, caderno 6.

HOMEM DESACOMPANHADO EM ÁREAS NATURISTAS

 Temos acompanhado a discussão do homem desacompanhado que deseja freqüentar clubes e resorts naturistas, além de querer ter acesso, nas praias, às áreas reservadas para casais e famílias. 
 

OLHO NU  Nº 15                                          Dezembro de 2001                                                           página 9

A FBrN não pode exigir que uma entidade naturista aceite ou recuse o ingresso do homem desacompanhado, deixando a critério de cada uma tal decisão. Mas a FBrN poderá ajudar a equacionar a discriminação aos homens naturistas desacompanhados quando reativar o Passa-porte Naturista, que desejamos que aconteça em 2002.

      Esse Passaporte será fornecido com o selo da INF para que as entidades naturistas repassem aos seus sócios, sendo eles de qualquer estado civil. Mas esse documento não será distribuído aleatoriamente. Ele terá o aval da entidade naturista fornecedora e quem realmente for naturista saberá como fazer para conquistá-lo. 

     Pretendemos que, de posse desse documento, o associado tenha seu acesso facilitado em áreas naturistas filiadas à FBrN, saindo definitivamente do isolamento, conforme definido pelos participantes do 1º Encontro Naturista Brasileiro do 3º Milênio, que aconteceu em julho no Recanto Paraíso.  

     O Passaporte, em formato de livreto, será um documento que contará a história do naturista, onde serão afixados anualmente os selos da INF, das áreas que freqüenta e de eventos.

Naturalmente.                                    

*Maria Luzia A de Almeida

naturismocapixaba@gmail.com

Presidente da Federação Brasileira de Naturismo (na época)

 

(enviado em 7/03/09)


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