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Jornal Olho nu - edição N°93 - agosto de 2008 - Ano IX

NATURALMENTE # 16


por Paulo Pereira*

  

foto: Pedro Ribeiro

Charles Obergfell (e esposa na ampliação) em recente visita ao CEHM Jurubá, em Paraty.

Destaco, com ênfase especial, o texto de Charles Obergfell, Ex-Vice-Presidente da INF, relativo ao tema do 29° Congresso Internacional na Croácia, 2004: _“De volta às raízes, o futuro do naturismo organizado”.... Trata-se de matéria lúcida e de alta qualidade, quer na forma como no conteúdo. Concordo plenamente com Obergfell, pois é no prestígio das raízes histórico-filosóficas que o Naturismo ou Nudismo Social Moderno deve e pode encontrar respaldo e inspiração. O tema central do 29° Congresso é mais atual do que nunca. É bom ressaltar, como eu tenho procurado apontar, que o naturismo no mundo e no Brasil tem história rica e antiga, digna de estudo e de acatamento sem invencionices. O homem, vivendo cercado de máquinas e de poluição, por exemplo, necessita mais e melhor contacto com o natural, mas sem extravagância. É preciso que cada naturista esteja consciente de que uma volta às fontes, diminuindo barreiras entre os humanos e a natureza, é uma tarefa árdua, que deve repelir os meros modismos.

 

Quando se aproxima a realização do 31° Congresso Naturista Internacional no Brasil, em Tambaba, quero sublinhar uma vez mais a importância de uma reflexão sobre as raízes do naturismo.

 

Obergfell nos diz que a necessidade de comunicação com o meio ambiente só será realmente alcançada pela prática consciente da nudez integral. Mas naturismo não é só tirar as roupas... Nem fazer joguinho pueril de palavras para tentar satisfazer o ego enfermo, colocando meias-verdades ou palavras isoladas do verdadeiro contexto, ao arrepio dos fatos, da história. Naturismo é verdade nua! A leitura do texto de Obergfell pode ser preciosa, inspiradora.

 

foto: autor desconhecido

Banho de lama colorida, considerada medicinal,  é uma das atrações da praia de Tambaba.

Depois da Segunda Guerra Mundial, como ressalta o Vice-Presidente da INF, uma grande quantidade de filosofias surgiu e, entre elas, o naturismo organizado, especialmente a partir de 1953 com a criação da INF – Federação Naturista Internacional. Lembro aqui igualmente que, desde 1964, Dora Vivacqua (Luz del Fuego) já havia lançado o naturismo no Brasil, com a criação do “Partido Naturalista Brasileiro”, e do “Clube do Sol ou Clube Naturalista Brasileiro”, este em 1952. Isso é história; isso é raiz! A idéia da nudez social, como explica Obergfell, não ficou restrita aos centros, aos espaços fechados, mas buscou aceitação pelos espaços abertos, pelas praias e campos. Para o efetivo progresso do Movimento Naturista, agora até mais do que nunca, é valiosa a contribuição das associações e das federações, inclusive como órgãos normativos e de apoio. Ressalto, de forma clara e direta, a conclusão do artigo de Obergfell: “Apenas o retorno às nossas raízes irá assegurar a perenidade de um naturismo sereno”. É um bom convite à reflexão. Questiúnculas pueris, joguinhos de palavras, modismos ridículos, oportunismos gananciosos e discussões gratuitas não vão nos conduzir a nenhum porto seguro. É hora de, prestigiando as raízes e os verdadeiros pioneiros, buscar a soma, o crescimento inteligente, a resultante sólida.

 

Em Tambaba – 2008, teremos uma oportunidade de congregar para crescer, de reunir para transcender. A hora é chegada. Cada etapa, certamente distinta e digna do Naturismo Brasileiro é uma parte do todo, uma viga de sustentação que não pode ser ignorada ou menosprezada. Os homens, como a própria vida cíclica e impermanente, passam, mas é mister que seus exemplos frutifiquem, sem preconceitos, sem vaidades, sem ironias, sem heresias. Os naturistas brasileiros devem ser agora, sobretudo, muito dignos da grande saga naturista do Brasil iniciada em 1949, até porque o reconhecimento do Brasil naturista pede, além de humildade, um grande senso de responsabilidade. A realização do Congresso Internacional, em Tambaba, é um prêmio e um desafio. É urgente dar as mãos para ir mais longe.

 

Em tempo: Tambaba - 2008 é um marco de afirmação do naturismo no Brasil, que deve constituir inspiração para que novas lideranças venham somar-se aos que têm construído o prédio naturista até agora. O que se espera é muita simplicidade, muito conhecimento e respeito pela história documentada.

 

Paulo Pereira – Agosto / 2008

 

*Biólogo, tradutor, autor dos livros “Corpos Nus – Verdade Natural” e “Naturalmente, Um Perfil Documentado” e

Ex Presidente da Rio-Nat

(Associação Naturista do Rio de Janeiro)

 

(enviado em 2/08/08)


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