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Pegando carona em outras páginas e grupos de discussão naturista, OLHO NU apresenta depoimentos de quatro naturistas brasileiros de como foi a primeira vez deles. |
Sempre fui naturista sem saber
por André Herdy*
Eu não nasci num lar naturista, na verdade meus pais são pessoas maravilhosas mas ainda possuem uma visão conservadora quando se fala em naturismo.
Na minha infância eu adorava ir a praia com eles, temos uma casa de praia
onde o mar é bem calmo e por isto desde pequeno eu entrava bem ao fundo e
tirava minha sunga para poder nadar nu. Adorava a sensação, no entanto não
falava para ninguém sobre isto, com medo de que me proibissem de fazer
isto. Já com meus 10 anos passei a procurar áreas da mesma praia onde a areia estivesse deserta e ali ficava nu pegando sol, entrava no mar, nadava... sempre sozinho e sempre procurando apenas a sensação de liberdade que esta experiência me proporcionava. Fazia isto sem saber o que era naturismo, sem nem ao menos ter ouvido falar que existia uma filosofia de vida assim.
Sonhava em um dia poder viver numa tribo de índios, não estas tribos de origem indígena que na verdade vivem vestidos e só querem ganhar dinheiro... queria uma tribo como as do passado, como aquelas onde o homem branco não tinha destruído a cultura, nem tinha vestido os índios.
Sabia que existiam grupos Hippies que viviam nus, sabia que os índios do passado viviam nus, mas achava que naturismo era comer vegetais, e eu gostava de carne.
Anos se passaram e eu praticamente deixei de curtir minha praia daquele modo, não que eu tivesse desistido, porém pela ocupação imobiliária da região ficou difícil encontrar uma área deserta. Sempre que podia estava nu em casa (quando meus pais viajavam), sempre dormia nu porém nunca mais estive ao ar livre, numa praia e ainda não sabia da existência de clubes naturistas.
Numa viagem a Porto Seguro, já com meus vinte anos ouvi falar que em Trancoso o pessoal tomava banho de mar nu, porém como estava com minha família fiquei no desejo de conhecer, mas não fui. Já em 1996, com meus vinte e poucos anos, fui passar o carnaval em Florianópolis com uma galera daqui do Rio, estando lá um amigo falou que ali existia uma "praia dos pelados" e sugeriu que fossemos ver.
Foi a primeira vez que eu tomei conhecimento que naturismo era na verdade um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática do nudismo em grupo, que tem por intenção favorecer o auto-respeito, o respeito pelo outro e o cuidado com o meio ambiente. Adorei a praia, adorei as fontes de água doce, adorei estar nu sem medo de ser reprimido, adorei enfim a realização de todos meus sonhos de infância!
Meus amigos estavam apenas curtindo ver as garotas nuas, mas eu estava indo além, estava percebendo que meus pensamentos eram mais tangíveis do que achava, que existiam outras pessoas que pensavam como eu. Discutindo com meus amigos, acabei me distanciando um bocado deles e curti a praia como sempre desejei. Não encontrei ninguém da diretoria da Associação dos Amigos de Galheta e ainda não sabia que existiam grupos organizados, mas alguns frequentadores conversaram muito comigo e demonstraram um carinho que só havia tido dentro de minha família. Na verdade eu estava adorando! Estava amando o contato com outras pessoas que tinham o mesmo estilo de vida que a partir deste ponto seria o meu!
Chegando de volta ao Rio de Janeiro, resolvi fazer uma busca na Internet sobre praias naturistas, encontrei um bando de sites pornográficos intitulados naturistas. Me decepcionei! Porém encontrei umas poucas informações sobre uma tal "vila naturista" que estava começando a existir no Rio Grande do Sul, me apaixonei pela idéia de viver numa cidade naturista! Sempre admirei a qualidade de vida do RS, sempre desejei ir morar lá, e agora tinha certeza que a Colina do Sol seria meu destino!
Nesta minha busca encontrei uma possibilidade mais real para mim, que sou do Rio de Janeiro, descobri que em Búzios, a apenas 150Km do Rio e apenas 40km de minha casa de praia, havia uma praia nos moldes da de Galheta-SC, passei a frequentar lá.
Porém a distância ainda era um fato que me proibia estar tanto na praia como desejava. Queria poder sair de casa e em meia hora já estar na praia, foi quando a Justiça liberou a praia do Abricó. Eu já sabia que era naturista, sabia e acompanhava tudo a respeito do naturismo via Jornal Olho Nu e já conhecia o site da Colina do Sol e como eu morava na Barra da Tijuca, fiquei empolgado pois finalmente teria uma praia a meia hora de casa!
A Associação Naturista do Abricó estava se organizando, ainda não faziam as divisões, ainda não tinham seguranças e percebi que infelizmente tínhamos que fazer algo para que nossa praia não fosse invadida pelos curiosos. Passei a ajudar a associação e me tornei Secretário da mesma. Hoje estou em vias de me mudar de vez para a Colina do Sol, completando assim meus sonhos de infância!
Por este envolvimento com o naturismo passei a perceber que faltavam jovens na praia. Hoje vejo com muita felicidade que a YNAI-Brasil está mudando isto! Vejo que finalmente outros jovens como eu podem encontrar um meio de vivenciarem o naturismo de uma forma saudável. Sei que se eu tivesse a oportunidade de conhecer uma praia naturista quando criança, jamais teria deixado de frequentá-la. Se na minha adolescência existisse um grupo como este, faria de tudo para participar.
Espero que com este site e este grupo, mais jovens consigam encontrar seus sonhos de infância como eu encontrei.
Abraços a todos
*André Herdy
(herdy@netway.psi.br) Da Batina à Nudez
por João Carlos Lima*
Meu nome é João Carlos Lima de Souza, tenho 42 anos de idade, sou naturista há 11 anos e minha esposa Fátima há nove anos. Iniciei ainda quando estava na Ordem Franciscana.
Em uma noite assisti ao Programa DOCUMENTO ESPECIAL da Rede Manchete. Foi uma reportagem em Tambaba/PB. Fiquei feliz por saber que pessoas pensavam como eu e me animei a buscar pessoas que praticassem naturismo em Belém. Foi aí que encontrei um anúncio em um jornal da terra sobre o GRUNAPA - Grupo Naturista do Pará.
Entrei em contato com o presidente e, não tardou, já estava participando do grupo, ainda sendo um frei franciscano. Após deixar a referida ordem religiosa, casei com Fátima e, nossa lua de mel, ocorreu em Tambaba. Foram quatro dias sem roupa e sem tristezas.
A vontade de criar um grupo no Pará voltou ao meu coração. Quando eu sentir que é a hora certa, um novo grupo vai existir neste pedaço do Brasil. Sou pedagogo e já atuo há quase seis anos com educação do campo. E nunca deixo de me interessar e pesquisar sobre o naturismo.
Um fraterno abraço a todos(as) que fazem o GRAUNA.
*João Carlos Lima (jcnat@terra.com.br)
História de um
Naturista Amazonense
Por Jorge Bandeira*
Alguém de minha família já havia me falado de um avô meu que adorava andar nu, e que não se importava jamais com que os outros comentavam sobre este seu peculiar comportamento. Além do passado de meus ancestrais índios, eu, manauara “da gema”, acho que este avô que adorava estar sem roupas deu uma parcela importante de contribuição ao surgimento desta vontade que fez aflorar o nudista que há muito habita meu ser.
Outro dado importante para esta pequena narrativa: quando garoto, aos 10, 11 anos de idade, admirava um colega de minha faixa etária, apelidado por nossa turma de “panterinha”, este amiguinho tinha uma particularidade que eu muito apreciava e que me deixava muita das vezes confuso, já que ele ficava boa parte de seu tempo completamente nu, seja na sua casa ou mesmo na rua, onde brincávamos todos juntos.
Nossa turma era formada por meninos e meninas, e nenhum de nós se importava com a nudez do “panterinha”. Achava realmente aquilo fascinante, como a família dele não ligava para o fato dele estar sempre nu, inclusive fora de sua casa? Aquele fato foi outro catalisador de minha futura vida como naturista.
Foi chegando minha adolescência e a vontade de ficar nu crescia cada vez mais dentro de mim, juntamente com as aventuras relacionadas ao sexo. Porém, acreditem, a nudez era uma sensação de liberdade que para mim ultrapassava o ato sexual. O estar nu para mim sempre teve algo de transcendente, ritualístico, mágico e incrivelmente natural, só lamento que minha família não seja naturista, só assim entenderiam meu desejo inconteste pela nudez encarada como a essência do ser humano.
Hoje tenho o Naturismo como parte integrante de minha vida, esperando, sinceramente, que meus familiares, amigos e amigas compartilhem comigo da felicidade que é estar nu, em contato direto com a natureza e suas belezas.
*Jorge Bandeira (jotabandeira@yahoo.com.br) é Diretor de Divulgação do Graúna-AM. Manaus, 28 de outubro de 2005. |
Minha primeira experiência naturista
Eu sempre achei diferente e interessante o modo de viver naturista. Quando via pela TV reportagens sobre a Colina do Sol, por exemplo, achava legal o que via, mas não me imaginava lá. Era como se aquilo fosse noutro planeta, muito distante da minha realidade. Até que...
Bom, até quando conheci os franceses Shakir e Garret, e a brasileira Rosângela, esposa de Shakir. Eles eram amigos de um amigo meu e estavam "turistando" aqui em Natal. Ficamos muito amigos, a ponto de convidá-los para se hospedarem no meu apartamento no verão seguinte. Nos fins-de-semana, eu, eles e minha namorada, Bine, pegávamos a estrada para praias distantes, muitas das quais nem eu conhecia, como a Praia de Sagi.
De buggy, pela beira-mar, descobrimos quilômetros de praia virgem
perto de Sagi, do jeitinho que Deus criou, ali estava, tudo intocado.
Depois de muita emoção pelas dunas com o buggy, paramos ao depararmos
com uma tartaruga gigante morta na praia. Todos ficaram maravilhados
com o tamanho do animal, mesmo com pena de estar morta, e então
decidimos curtir a praia ali mesmo perto daquela tartaruga, sem
O inusitado foi quando Rosângela tirou a parte de cima do biquíni. Olhei para Shakir com ar de exclamação, mas ele não estava nem aí. Tinha me esquecido que eram europeus! Mas ele percebeu como eu e Bine ficamos meio desconfortáveis com a situação. Então, começaram a explicar como isso era normal na Europa, e que eles até freqüentavam praias de naturismo, como em Cape D'Adge.
Depois de um tempo, eu e Bine já estávamos mais acostumados com o top-less de Rosângela quando eles nos propuseram entrar no mar todos nus. Eu e Bine descartamos qualquer possibilidade de ficarmos nus ali, mas para que eles não insistissem mais, disse-lhes para ficar a vontade, mesmo me contorcendo de ciúmes por Bine ficar perto de homens nus.
Os três no mar, nus, tão a vontade, sem malícia alguma, isso me fez
achar que os estranhos éramos nós.
Começamos a ficar desconfortáveis e distante dos amigos pelo fato de não
nos sentirmos a vontade de tirar a roupa também.
Então perguntei a minha namorada: "-Tem coragem?-".
Ela pensou que eu estava brincando e quando comecei a
Nos juntamos aos outros, e percebemos que tudo era tão natural. Logo nos acostumamos com a idéia. Foi uma tarde bem agradável. Bom, essa foi minha primeira experiência naturista. Não posso falar da sensação que senti, pois é indescritível. Acho que naquele dia estive bem mais perto de Deus, da natureza... e isso me fez ver como perdemos tempo com tantas coisas insignificantes e superficiais.
Um abraço a todos!
Dado. 25 anos. Natal/RN (enviado por André Herdy em 1/10/05) |