Decerto muita gente deve ter tido a mesma certeza de que eu: a de que não existia naturismo no Oriente Médio. Talvez tenha sido levado a crer nessa premissa por causa dos constantes e incessantes conflitos da região, como também pelos rigores de religiões milenares misturado com um pouco de preconceito. No entanto, em suas incansáveis pesquisas pela Internet, Jorge Barreto encontrou e enviou ao jornal o texto abaixo, que me surpreendeu muitíssimo. Em Israel já faz alguns anos que o naturismo é praticado em diversas de suas praias. Com muitos problemas, é certo, mas com muita coragem e determinação. Após ler a matéria abaixo percebi que há muita coisa em comum entre a luta brasileira e a luta israelita pela implementação da filosofia naturista de maneira honesta e limpa. O texto foi copiado da página da SOCIEDADE NATURISTA DE ISRAEL, que, graças a Deus, possui versão em inglês, ao menos. O autor é o fundador da Sociedade naturista de Israel.

Naturismo em Israel por Pinhas Baraq* Na prática, ha mais de 20 anos que o naturismo é um fenômeno comum em Israel. Temos informações sobre sua prática desde os anos quarenta, nos assentamentos de trabalho, e há relato de dança popular nudista em um refeitório de um destes assentamentos. Embora limitado a locais restritos e eventos separados, era um nudismo real, porque os motivos eram os mesmos de hoje, isto é, sentimento de liberdade e aceitação do corpo, mas não era um fenômeno comum. Nos anos sessenta um clube oficial naturista foi fundado com o nome de "Sol e saúde" por um casal que voltou de uma missão no exterior onde eles experimentaram isto. O endereço do clube era uma caixa postal em Tel Aviv. Eles publicaram uma revista mensal em associação com uma espécie de jornal pornográfico chamado "Bul". O principal propósito do clube era organizar viagens  para campos e eventos naturistas estrangeiros. Tudo o que eu sei sobre este clube é que a contribuição do associado era muito alta, e não muito tempo depois de sua fundação foi fechado por perda de interesse. Após a Guerra dos seis dias, em 1967, muitos descobriram a tranquilidade do deserto do Sinai e seus maravilhosos litorais. Após sentirem-se em unidade com a natureza, as pessoas perceberam que estarem nuas era mais confortável e lógico pare se harmonizarem com o ambiente. No começo era muito separado. Um ou talvez dois juntos. Muito rapidamente as pessoas sentiram nenhuma razão para ficarem envergonhadas de estarem nuas juntas com outras pessoas que compartilhavam daquele sentimento, e então desenvolveram o comportamento do nudismo social. Dhahab, Nuehab e outros lugares nas margens do mar Vermelho, transformaram-se em centros de naturismo, mas entre muitos desses jovens e novos naturistas desenvolveu-se uma sub-cultura, o de usar drogas. O uso de drogas contradiz a ideologia do naturismo, que não só propaga o nudismo social, mas também a saúde co corpo e da mente. O fenômeno do naturismo pode se desenvolver lá porque nos territórios ocupados as leis israelenses não tinham força, e o comando militar não sentia a necessidade nem tinha tempo de adotar a lei de Israel sobre este assunto. Após a retirada do Sinai, nós pensamos que o naturismo em Israel acabaria, mas muitos que experimentaram o gosto do bom sentimento foram para praias remotas do Mar Mediterrâneo e continuaram seu caminho. Nos limites de Palmahim, e Ga'ash, pequenos grupos foram organizados para encontros em praias sossegadas longe da multidão. Também no Mar Morto o fenômeno do naturismo desenvolveu-se, embora houvesse o problema de não existir locais remotos longe da multidão. No litoral na área de Ein Gedi, que é uma reserva natural perto da reserva do Rio David, o naturismo desenvolveu-se gradualmente. Isso foi possível por causa da ausência de qualquer tipo de controle policial naquela época. As pessoas entravam no mar Morto sem roupas de manhã cedo ou à noitinha quando apenas poucas pessoas estavam lá. No meio do dia eles se lambuzavam de lama no corpo inteiro para desfrutar de alguns benefícios cosméticos e medicinais, mas usavam algum tipo de roupa. Quando entravam no mar para se limparem, tiravam suas roupas de banho e retornavam para a margem sem usá-las. Após algum tempo não havia mais necessidade disso. O nudismo tornou-se comum nessa praia. A característica especial dessa praia é a tolerância. Nus e vestidos convivem em paz. Cada um aceita o outro, e muitas vezes contatos amigáveis são descobertos. Muitas vezes fui convidado pelas pessoas vestidas para tomar chá ou café com eles, e nós conversávamos sobre qualquer assunto, não somente sobre naturismo. Nas margens do Mediterrâneo a situação é diferente. Naturistas e nudistas são grupos fechados e isolados que se encontram e não estão prontos para receber novos membros. Se você se aproximar deles, mesmo que você esteja nu como eles, insinuarão, ou até mesmo darão uma ordem, que você procure por um outro lugar. Uma vez eu fui testemunha da violência entre as pessoas nessas bases. Dois anos atrás houve uma entrevista na televisão com Meir Horowits, um membro de um novo grupo naturista. Ele disse que em seu grupo havia cerca de vinte membros. Uma vez publicaram um anúncio para novos membros e receberam cerca de 200 respostas. Desses somente três eram mulheres. Então eles aceitaram as três mulheres e três homens para manter o equilíbrio entre os sexos.  Ele não quis responder a pergunta sobre onde e como os membros do grupo se encontravam. Em outras palavras nós novamente temos um grupo secreto e fechado . Essa é a situação que eu quero modificar com este site. Temos dois relatórios de um grupo nudista organizado por um membro de um Kibutz no norte do país, operando na área de Atlith, próximo a Haifa, mas em ambos os relatórios mencionavam sobre atividade sexual durante as reuniões.  Não muito tempo  encontramos esse grupo, que modificaram sua característica completamente. Muitos membros foram expulsos, incluindo aquele membro do Kibutz, todos os comportamentos negativos para o naturismo foram eliminados, novos membros adotados através da apresentação de amigos, e hoje o grupo possui quase trinta membros. Esse grupo tem agora contatos fortes e amigáveis com o INS, e algumas pessoas são membros de ambos. Mais adiante organizaremos atividades comuns. Quando o INS começou, uma outra organização surgiu, com quase o mesmo nome (INO Israele Naturist Organization), o fundador, uma pessoa envolvida em negócios de viagens e nomeada pela Federação Naturista Internacional (INF) como seu correspondente aqui em Israel, operou separadamente por quase seis meses sem nos conhecer. Depois que o fundador dessa "organização" viu o nosso site, ele nos contatou e participou de uma de nossas atividades, expressando seu desejo de se juntar a nós, mas ele não colaborou ou participou de outras para promover seus próprios interesses (talvez econômicos). Na prática ficou claro que essa organização é fictícia somente, as pessoas que gostariam de se tornar membros da INF, foram forçadas a tornarem-se membros dessa então chamada INO. Tal comportamento é, em nossa opinião, contrário aos fundamentos e espírito do naturismo verdadeiro (mentiras  e injúrias como um jogo de poder), e nos levou a cancelar todos os contatos com essa pessoa. Agora estamos tentando estabelecer contatos diretamente com a INF, mas até agora em vão. A SITUAÇÃO HOJE  Nas bonitas praias de Habonim, perto de Haifa, e Zigim, perto de Ashgelon, no Sul, algumas vezes o naturismo individual é praticado. Há planos para abrir uma área naturista oficial em um local apropriado, onde, até nas temperaturas baixas do inverno, será possível estar sem roupas. Há uma vontade. Há um patrocinador para o dinheiro. Uma autoridade local está interessada em reservar uma parte da praia para o banho naturista. Um estabelecimento no sul do país está planejando construir uma vila de recreação naturista. É difícil conseguir uma permissão oficial por causa de uma velha lei mandatória e que nem está em vigor . Até mesmo o atual governo dependem também dos partidos muito ortodoxos, que evitam qualquer tentativa de mudança da lei e são propensos a causar uma crise sobre este assunto. Assim sendo é mais sensato manter isto quieto e esperar por tempos mais receptivos. Por nossa iniciativa, uma piscina no centro da cidade está planejando abrir uma tarde por semana para naturistas. Nossa associação já tem mais de dois anos e estamos envolvidos em realizar alguns dos planos mencionados acima.Temos agora mais de 200 membros. É o maior grupo naturista de Israel e de todo Oriente Médio. Somos abertos para todos, solteiros assim como casais. Os casais são a maioria, mas temos solteiros e solteiras. Organizamos reuniões em diferentes lugares do país. Apreciamos muito entusiastica e ativamente os membros que estão sempre prontos para dirigirem algumas horas para irem às reuniões. Nós queremos fazer e manter contato com todos os grupos existentes para promover o naturismo em Israel, mas nós achamos que há espaço para a existência de grupos separados por diferentes características, como "orientados às famílias", "equilíbrio de gêneros", "solteiros amigos", mas o importante é que nós saibamos encontrar em cada um uma unidade de força. Temos muitos contatos amigáveis com naturistas, grupos e clubes naturistas do exterior, muitas vezes temos o prazer de receber convidados do exterior em nossas reuniões, e os guiamos para onde podem desfrutar do naturismo em Israel. Uma grande parte de Israel é deserta, era um deserto total no sentido do naturismo, mas somos testemunhas que também neste terreno está havendo irrigação, com já muitos resultados frutíferos. Neste ano a Sociedade Naturista de Israel (INS) transformou-se na Federação Nacional de Naturismo em Israel afiliada ao INF-FNI - A federação internacional de naturismo. *presidente e fundador da Sociedade naturista de Israel naturism@naturism.org.il

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